Digna de repúdio a postura da classe política, social e intelectual nestes dias de interinidade do deputado estadual Marcos Caldas (PRB) no Governo do Estado.
Secretários, lideranças partidárias e mesmo os colegas de Caldas na Assembleia Legislativa simplesmente esnobaram a posse e têm esnobado também as prerrogativas do governador em exercício.
Agem como se quisessem transmitir a idéia de ser ele indigno de estar no posto.
É como se quisessem mandar um recado: “Marcos Caldas não pertence à classe política tradicional do Maranhão”.
A classe política do Maranhão sempre adotou a postura da burguesia pré-medieval européia. Para ela, o que vale é o sobrenome, não importa quão sujo ou falido esteja.
Por isso, as famílias que dominam o poder político no estado – todas elas, da esquerda e da direita, da oposição e da situação – brigam para que, apenas elas, se alternem nos postos de poder. E se unem exatamente para evitar a ascensão da classe camponesa e proletária.
Lamentavelmente, alguns setores da mídia acabam contribuíndo para manter este status quo.
Quando um filho do proletariado, rural ou urbano, ascende aos círculos de poder – na política, no empresariado e na imprensa – esta mesma classe quatrocentona torce o nariz, como que incomodada pela quebra dos padrões históricos impostos por ela mesma.
Nada mais ridículo, provinciano e atrasado.
Infelizmente, esta postura esnobe e até covarde é reverenciada por setores da mídia acostumados a estar de joelho diante das liturgias atrasadas.
É a mesma mídia que vê, por exemplo, o Judiciário como panteão de semideuses ou se submete a todo tipo de humilhação por um convite das festas quatrocentonas – onde o status é medido pela quantidade de laquê no cabelo da senhôôra.
No caso específico da passagem do governador em exercício, deram exemplo o senador João Alberto de Souza (PMDB), o secretário Max Barros e os deputados Cléber Verde (PMDB), Neto Evangelista (PSDB), Edilázio Júnior (PV) e Roberto Costa (PMDB).
Eles não só participaram da posse como estiveram em atos administrativos legítimos protagonizados por Marcos Caldas.
E a ele devem ser dados os vivas por furar o bloqueio quatrocentão da classe social que faz da política, da Justiça e da economia maranhense apenas um jogo entre eles.
Independentemente de sua conduta pessoal ou de seu histórico econômico, cultural, político ou intelectual, como parlamentar e vice-presidente da Asembleia, eleito democraticamente pelo povo e pelos pares, Marcos Caldas é legítimo para estar onde está hoje.
sobretudo por que o Maranhão não é sociedade de castas…