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Ensaio sobre gorilas e outros bichos…

Joaquim Haickel em texto lúcido...

Por Joaquim Haickel

Estando eu fora de São Luis e não podendo acompanhar de perto o desenrolar dos acontecimentos posteriores ao ato brutal e covarde ato que tirou a vida do jornalista Décio Sá, comentei, assim que acordei hoje cedo, uma notícia postada em seu blog que dava conta de uma infeliz postagem que o colega advogado, presidente da Comissão de Direitos Humanos da seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil, Antonio Pedrosa, fez no blog dele, que transcreverei em parte:

“… Não adianta agora, por outro lado – em nome da justiça que deve necessariamente ser feita – alçar o jornalista/vítima à condição de baluarte da democracia, o que nunca foi.”

Fica uma certa impressão de que jornalista que não seja do ponto de vista do autor do texto, um baluarte da democracia, pode ser assassinado. Que o homicídio deve ser apurado, mas que de pronto fique claro, que ele de certa maneira mereceu o que teve, pois não era um baluarte da democracia.

Ele continua:

“…O crime contra Décio Sá deve indignar, como deve indignar qualquer crime,  sem fundamento em nenhum espírito de corpo, ou privilégio que esconda as mazelas do jornalismo marrom…”

Ao contrário do que sugere a primeira frase, mais uma vez fica uma certa impressão de que o jornalista, que do ponto de vista do autor do texto, seja marrom, deve ser tratado de forma diferente daquele que o autor identifica como sendo azul ou vermelho ou da cor que ele escolha como aceitável.

Agora vem o pior:

“Não derramei lágrimas de crocodilo no velório, no qual não aceitaria confortavelmente comparecer. Sempre discordei dessa linha de jornalismo, que, no Estado, é composta por um pequeno número de gorilas diplomados. Não me surpreenderia se ao cabo das investigações se descobrissem motivos bem menos nobres para o assassinato”.

A quem interessa se o autor do texto se sente mais ou menos confortável em comparecer a um velório? Com toda certeza o falecido não daria a menor bola para sua presença. Era totalmente desnecessário dizer essa grosseira. Coisa feia!

No final ele diz claramente que Décio pode ter sido assassinado por um motivo menos nobre, como se houvesse nobreza em um assassinato, como se matar um jornalista marrom ou um gorila diplomado por um nobre motivo fosse aceitável. Que absurdo!

Discordar-se da linha jornalística, política ou ideológica de alguém é algo salutar.

Inadmissível é que alguém, principalmente um advogado, que está cansado de defender indiciados e réus sabidamente culpados, ainda por cima sendo presidente da Comissão de Direitos Humanos da seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil, segregue jornalistas- gorilas de jornalistas-lobos, de repórteres-ratos, de radialistas-cães, de blogueiros-chipanzés, de assessores de imprensa-lebres, praticando assim preconceitos previstos como crimes em nossa constituição.

Eu não estou falando do racismo, como alguns possam imaginar, mas do preconceito quanto a liberdade de escolha no seu mais amplo sentido, pois o jornalista que quiser ser um gorila marrom, pode sê-lo e assumir os riscos de ser assim, mas não pode ser assassinado por isso e muito menos pode ser cerceado de seu direito de escolher ser gorila e marrom, da mesma forma que ninguém pode ser cerceado em seu direito de ser um veado lilás.

Quem se sentir prejudicado pelo fato de ele ser como escolheu ser, que busque na justiça a devida reparação, e que todos nós defendamos o estado de direito a qualquer custo, menos ao custo da aceitação da intolerância.

Posso até admitir que o Pedrosa tenha sido infeliz no que escreveu, que tenha até pensado uma coisa um pouquinho diferente do que está escrito em seu texto, mas infelizmente o que está contido no seu subtexto é algo da maior periculosidade, algo que extrapola os limites do possível na vida em sociedade.

O que é pior é que ao invés dele refletir sobre o equívoco que cometeu, desculpar-se e colocar as coisas de maneira mais aceitável, ele postou em seu blog dois outros textos onde reafirma o que disse antes.

Pedrosa tem que entender que ele não é tão somente ele.

Ele é o presidente da Comissão de Direitos Humanos da seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Maranhão. Ele nos representa.

Um jornalista pode escolher ser marrom e assumir os riscos de sua escolha.

À uma entidade como a OAB não é dada a possibilidade dessa escolha…

Marco Aurélio D'Eça

11 Comments

  1. Eu estava viajando e não tive o desprazer de ler uma barbaridade dessa. Será que este invertebrado sabe o que diz? Sabe sim! Ele foi pago pelos mandantes do crime numa anêmica tentativa de descaracterizar um horrendo assassinato e colocá-lo na vala da banalização. Que coisa feia, comercializar um espaço nobre como blog e colocá-lo a serviço dos vis assassinos. Este cara, com certeza, acabou de matar Decio.

  2. É a cara do ódio em sua vil essência. Inacreditável que um ser humano se reporte diante da morte com tamanha vilania deixando claramente sua satisfação e prazer pela morte covarde do jornalista.

  3. Tudo isso é encher linguiça o que interessa é: Quem são os asassinos de Decio Sá????? Cadeia, Pena máxima. Facínoras, Bandidos, Asassinos !!!!!!

  4. Pelo ódio demonstrado pelo sr Pedrosa, será se ele não foi um dos contratantes do assassinato?

  5. Declarações como essas, preconceituosas e insensatas, são igualmente preconceituosas e insensatas como aquelas que dizem que direitos humanos são só para bandido. Um preconceito legitimou o outro. Lamentável, para não dizer algo mais “gorilante”.
    Acho irracional ao extremo ( e isso me incomoda profundamente), alguém, que não gostava do estilo de jornalismo feito por Décio Sá, depois de sua morte, vir a público ou mesmo em privado lançar acusações sem que o acusado possa delas se defender.

  6. Esse energumero Mario Macieira, tem o dever moral de convocar uma reuniao da OAB, para expulsar esse nao menos canalha de seus quadros !

  7. Ontem foi o Décio, hoje pode ser eu, amanhã pode ser o Pedrosa… Seria um comentário mais que idiota vindo de um cidadão comum, mas vindo de um representante dos Direitos Humanos é mais que um absurdo. E o presidente da OAB ainda se recusa a pronunciar sobre o caso, como se tivesse “passando a mâo na cabeça” desse Pedrosa… Sinceramente, são coisas que só no Maranhão pra acontecer, por isso que a situação da segurança está cada dia pior…

  8. Décio, o Pedrosa é uma voz discordante. E daí? Os próprios blogueiros não costumam censurar duramente os leitores que discordam dos textos dos blogues?

    Resp.: Uma coisa é discordar. Outra coisa é agredir alguém que não pode se defender. Por que ele nunca agrediu antes. Porque ele nunca disse em seu blog que Décio Sá era isso ou aquilo que ele achasse? Com base em quê ele considera haver jornalsitas que se vendem? E se tem base, porque nunca denunciou, como advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos. isto é covardia e omissão – e e, em alguns casos, também canalhice.

  9. Marco, todo blogueiro que tem uma mínima atuação política no Maranhão está com medo. Até o momento ninguém sabe o real motivo da morte do Décio Sá. Assim, todos os blogueiros podem estar na mira. Logo, todos querem e devem exigir a prisão dos assassinos. O Pedrosa é blogueiro e tem um blog que tem uma certa atuação política. Era para ele também estar com medo e devia cobrar a prisão dos assassinos. Mas, não. Pedrosa não tem medo algum. Sabe por quê? Porque Pedrosa sabe que seu blog não incomoda ninguém. Presidentes de comissões de direitos humanos no Brasil correm risco de vida pela própria natureza da comissão. Mas, na OAB/MA esse risco não existe, pois o trabalho do Pedrosa é para inglês ver.

    Resp.: O covarde Pedrosa não oncomoda os poderosos. Faz média com seu posto de defensor dos direitos humanos, mas não incomoda ninguém. Simplesmente por estar a serviço de quem deveria incomodar. É um covarde recalcado.

  10. Deixa ele pensar que é merda! um dia ele vai ver q ele não passa de uma bosta! Deus vai pesar a mão sobre ele e sobre a família dele e ai, e q vai sentir na pele todo o sofrimento q causou à família e aos amigos do Décio.

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