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O acaso como tática de investigação

Nas quase dez vezes em que o titular deste blog esteve com os delegados que investigam a morte do jornalista Décio Sá, ocorrido em 23 de abril, uma palavra sempre saltava nas conversas, como marca registrada da elucidação de crimes nos últimos anos no estado.

O acaso resultou em prisões importantes e descoberta de culpados por crimes de ampla repercussão.

Foram desde mulheres espancadas por bandidos, que, revoltadas, resolveram denunciar o companheiro, até conversas de bares que acabaram revelando indícios checados e confirmados mais tarde.

O fator acaso é tão forte, que um dos policiais não se constrange em dizer que, no Maranhão, a elucidação de crimes de pistolagem requer 20% de técnica e 80% de sorte.

No assassinato de Décio Sá, o acaso parece, mais uma vez, nortear as investigações.

A prisão dos dois supostos suspeitos – um deles já solto – foi resultado deste acaso: a partir de um e-mail fantasioso encaminhado por jornalistas, a polícia determinou a prisão de Fábio Roberto e Valdêmio Silva.

Por acaso, descobriu-se depois que Fábio Roberto era procurado por outros crimes, por isso permaneceu preso.

A aposta no acaso também envolve as denúncias do Disque-Denúncia, serviço privado de auxílio à polícia.

– Vá que apareça alguém que diga uma coisa com sentido?!? –  justificam os investigadores.

E o acaso se prevalece também da falta de estrutura.

Os policiais reclamam, por exemplo, que a polícia não tem autorização do Estado sequer para acessar contas de Facebook, Orkut e Twitter. Até alguns blogs são bloqueados no sistema da Segup.

– Para pesquisar uma pasta de Facebook, por exemplo, precisamos ir à lan houses. Foi assim que elucidamos vários crimes – conta um dos delegados.

Um exemplo de crime elucidado assim foi o que envolveu Thiago de Sousa e Vanessa Matos, dois filhinhos-de-papai envolvidos na morte da advogada Geysa Rocha Pires.

– Eles caíram por que, viciados no Facebook, facilitaram a descoberta do paradeiro – contra outro delegado.

A morte de Décio Sá parece caminhar para o esquecimento.

Quem sabe um dia não apareça alguém na delegacia disposto a falar? Ou, quem sabe, uma investigação de outro caso esbarre em alguém que tenha a falar sobre o crime?

É o  acaso fazendo a sua parte.

É a esperança da polícia maranhense…

Marco Aurélio D'Eça

10 Comments

  1. DECIO SA DEFENDIA TANTO SEUS PATROES,QUANDO LIA SEU BLOG VIA PESSOAS HONESTAS SEREM ATACADAS A TODO MOMENTO,ENQUANTO OS VERDADEIROS CORRUPTOS ERAM. EXALTADOS.
    AGORA ,OS SEUS DEFENSORES SAO O DUTRA,FLAVIO DINO,BIRA E MUITOS OUTROS. OS QUE DIZIAM SER SEUS AMIGOS,NAO VEJO COMENTAR NADA,QUE ESTRANHO

  2. Décio
    Para mim esse é o que se chama de “crime perfeito”. Se não descobriram até agora, adeus.

  3. como diz a música dos titãs: o acaso vai me proteger (claro, os bandidos cantando, porque, desse jeito, o acaso mais protege que ajuda esclarecer)

  4. “Os policiais reclamam, por exemplo, que a polícia não tem autorização do Estado sequer para acessar contas de Facebook, Orkut e Twitter. Até alguns blogs são bloqueados no sistema da Segup.” Espera um pouco eu quero me situar, isto tá dizendo que uma Secretaria de Segurança que tem a uso da investigação com ancora, igual ao resto das secretárias não tem acesso as redes de relacionamentos, eu imagino então ao que mais tem acesso. Eu esperava mais deste estado

  5. Marcos, mudando um pouco de assunto: já observou que a o prefeito João Castelo estar retirando todos aqueles equipamento de orientação, que existiam nos semáforos das principais ruas e avenidas da Capital?
    Sinceramente eu vejo isso como um pouco caso do Prefeito com a população que já não aguenta mais trafegar nesse nosso trânsito caótico, onde os engarrafamentos existem por falta de intervenções simples da prefeitura, que não toma providências para melhorar as vias, e a desordem toma conta da Cidade nos momento de pico, e para completar o prefeito ainda manda retirar um equipamento de tamanha importância e de grande utilidade para orientação dos motorista, que agora ficam sem os equipamento que os ajudavam na orientação do trânsito.
    Lamentável!

  6. Amigo, nunca esqueça disso:
    Não existe polícia boa ou ruim, existe a investigação por conveniência.
    A polícia só investiga a sério, o que o “SISTEMA” autoriza, o que for melhor para o “SISTEMA”.
    Simples assim.

  7. Marco,
    Texto extraordinário esse porque escancara um dos “grandes métodos” de investigação da PCMA, infelizmente é esse ai. Olha, quer saber, esse negócio que a gente ler nos jornais ai, tipo: “após mais de xxx meses de investigações a policia prende…”. Quer saber?? é essa técnica bem ai que vc comentou brilhantemente, abraços, bom trabalho

  8. Caro Marco, sendo desta forma só posso reforçar o que já disse antes: “essa polícia (instituição) é incapaz e incompetente”. Mas, confesso que existem bons policiais capacitados nesta polícia, principalmente a maioria dos delegados.

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