É estranha a forma como blogs de São Luís apressaram-se a sair em defesa do delegado de Polícia Federal Pedro Meireles, logo que souberam de seu depoimento no caso Décio Sá – e quando ninguém havia feito qualquer acusação a ele.
Curiosamente, alguns destes blogs são os mesmos já apontados como possíveis braços midiáticos da quadrilha que, segundo a polícia, matou Décio Sá.
Este blog não faz juízo de valor algum sobre qualquer dos envolvidos no caso Décio Sá, seja acusado, citado ou testemunha – muito menos do delegado Pedro Meireles.
Mas este blog também não tem compromisso de defender e muito menos atacar ninguém. Não se submete ao que quer a polícia e não mantém relação com qualquer envolvido no caso.
Nem teve ontem e nem tem hoje.
O compromisso deste blog é com o relatar dos fatos, e a análise dentro da sua visão de mundo, da forma como ocorreram.
E o fato é que Décio Sá e Pedro Meireles tiveram muitos momentos de tensão na relação jornalista-homem público, seguida de uma aproximação muito além da relação jornalista-homem público.
Esta proximidade aumentou a partir de 2008 – como se pode conferir pelos próprios textos de Décio – exatamente quando aumentaram as investigações em prefeituras, após criação de uma comissão na Polícia Federal chefiada por Pedro Meireles.
Certa vez, durante coletiva de imprensa na antiga sede da PF, Meireles chegou a destratar Décio na frente dos colegas jornalistas – motivo: o jornalista estaria antecipando notícias que, segundo o deelgado, prejudicavam operações policiais.
O estremecimento foi, inclusive, relatado com ironia e provocação, em blogs e jornais desafetos do jornalista.
Décio Sá lamentou-se várias vezes do ocorrido ao titular deste blog – chegando a pensar em denunciar o delegado ao órgãos competentes.
Tempos depois, no entanto – em 04 de abril de 2008 – Décio Sá publicou em seu blog o post “Delegado Maranhense faz história na Polícia Federal”, cujo print da página está ao lado.
O texto é só elogios ao delegado Pedro Meireles, referindo-se às suas ações no combate ao crime organizado nas prefeituras maranhenses. Cita especificamente as operações Rapina I e Rapina II.
A análised texto de Décio sugere um armistício entre ele e o delegado, e o provável início de uma relação mais próxima entre os dois.
A partir daí, Décio Sá passou a publicar sempre notas elogiosas à ação do delegado.
Em 06 de junho de 2010, publicou o post “Pedro Meireles e Roberto Viegas fazem curso no Exterior”, mais um texto de exaltação ao delegado – incluindo também o chefe da Controladoria-Geral da União no estado, que atuava em algumas operações ao lado da PF.
Décio Sá também conseguiu o feito de divulgar, sempre em primeira mão, todas as operações da Polícia Federal em prefeituras, empresas que prestavam serviços às prefeituras e escritórios de contabilidade.
A cada vez que um post de Décio trazia o símbolo da PF, a classe política entrava em polvorosa, pois sabia que vinha “detonação” principalmente contra prefeitos.
Foi assim até a sua morte, em 24 de abril deste ano.
No dia da morte de Décio Sá, Pedro Meireles foi ao local do crime, acompanhado do advogado Ronaldo Ribeiro, que defende Gláucio Alencar. Alguns jornalistas chegaram a pedir ao delegado que ajudasse na investigação do caso, para mais rápida elucidação.
No decorrer das investigações, descobriu-se que Ribeiro participou de algumas reuniões pré-execução do agiota Fábio Brasil, também atribuída a Gláucio. Sua presença em algumas destas reuniões é relatada pelo próprio Gláucio Alencar, em seu depoimento.
Também soube-se que foi Meireles o informante da morte de Décio a Gláucio Alencar, segundo o próprio agiota.
É por conta destes fatos, que o delegado foi ouvido pela equipe que investiga o caso Décio Sá. E deve falar, de novo, no inquérito da agiotagem em prefeituras maranhenses.
É assim que este blog trabalha. Sem pressa em defender ou acusar ninguém. Apenas relatando e analisando fatos e documentos, independentemente de quem envolva.
Se a polícia achar que alguém é culpado, que faça o seu trabalho, sem loas deste blog.
E se alguém for inocente, que prove esta inocência, sem leniência ou defesa prévia aqui nestas páginas.
É simples assim…