São Luís, em 2012, completas quatrocentos anos, mas não vejo motivos para glorificar esta data. Assim, é para a cidade imaginada por mim, no seu quinto centenário, que enalteço e presto as minhas homenagens.
Rainha do Maranhão, comemoro teu quinto centenário porque te tornaste intolerante a acidentes de trânsito e já se passaram anos sem que um sinistro sequer vitimasse fatalmente qualquer pessoa. Cumprimento-te porque teus cidadãos gozam de transporte público integrado, intermodal, organizado e de reconhecida qualidade.
Cidade dos Azulejos, em teu quinto centenário, demonstras o quanto teu desenvolvimento urbano está harmônico, com limpas avenidas, assemelhando-se a verdadeiros boulevards, devidamente ajustadas aos ciclistas e pedestres.
Ilha do Amor, em teu quinto centenário, festejo teus bosques plenos de vida e várzeas repletas de flores onde se podem ouvir os sabiás e outros pássaros que te habitaram outrora. Celebro que teus mangues ainda permaneçam intocáveis como os verdadeiros santuários ecológicos donde partem os guarás que, em revoada, avermelham ainda mais o teu entardecer. Felicito-te por teu mar no qual é possível desfrutar de tua água límpida e fico satisfeito em sentir a brisa fresca, pura e vitalizante que sopra na face de quem se aproxima de tuas praias.
Por ocasião de teu quinto centenário, Ilha Inexata, sinto-me feliz porque possuis muitas praças e parques onde teus habitantes podem ter bons momentos uns com os outros. Exalto o teu quinto centenário porque nossos jovens podem se divertir, competir e exercitar-se nas quadras, nas piscinas e nos campos públicos.
Aplaudo-te por seres por excelência um grande centro brasileiro de negócios. Em teu quinto centenário, aclamo o progresso social e econômico que atingiste, tornando-te uma cidade primeiro mundista. Mas fico mesmo satisfeito por saber que os alimentos que nutrem teu povo são plantados pelos agricultores que se propõem cultivar e fertilizar tua terra e, assim, geram produtos totalmente sadios. Alegro-me, a ponto de atingir o clímax, ao constatar que floresceste e cresceste sustentavelmente, da forma mais correta que uma perspectiva ecológica poderia exigir.
Louvo o teu quinto centenário, Ilha Magnética, porque tuas crianças têm todas as competências e habilidades desenvolvidas. Porque, por meio da educação que se lhes oferece, elas podem ser o que quiserem e desejarem. Elogio o teu quinto centenário porque aqueles que te têm por morada respeitam as liberdades e respeitam-se mutuamente em suas relações individuais e coletivas.
Envaidece-me saber que, se a saúde de qualquer de teus habitantes se debilitar, eles podem contar com um sistema de prestação de saúde completo, arrojado e equânime. E, nesse ponto, Cidade dos Sobradões, o que mais valorizo é que cada vez mais há uma preocupação com a saúde preventiva e holística de teus homens, mulheres e crianças.
Acho graça quando as pessoas te chamam hoje de Florença Brasileira. Afinal, primeiro foste a Atenas, por conta de teus poetas; depois te tornaste Jamaica, por conta do reggae e agora te evocam tendo o nome da cidade italiana do renascimento das artes. Isso sucede porque, nesse quinto centenário, és de quebra respeitada por nossos pintores, músicos e escritores. Confesso que, dos atributos que te glorificam, capital brasileira da cultura, é este o que mais me enche de orgulho!
Terra das Palmeiras, sei que quem me lê pode pensar que isso se trata de utopia. Eu, por outro lado, acho que minha descrição ficará aquém do que se verá na data de teus quinhentos anos. E aí, sim, injusto será não comemorar o dia de teu aniversário.
E para que não falem que o quarto centenário deve passar em branco, digo que eles valem antes para refletir acerca do poder e do dever que pesa sobre teus gestores locais (as eleições estão batendo na porta dos meus leitores!) para fazer de ti, Upaon Açu, um lugar muito melhor de se viver.