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A política do “pano novo em roupa velha”…

Marcos Rodrigues*

O candidato à prefeito de São Luís Edvaldo Holanda Júnior enfrenta hoje o drama da esquizofrenia do grupo político que grativa em torno de sua candidatura.

Eleito com parcela significativa do segmento religioso, Holanda não atentou para a recomendação bíblica, prescrita no Evangelho de Marcos (2,21):

Ninguém prega retalho de pano novo em roupa velha; do contrário, o remendo arranca novo pedaço da veste usada e torna-se pior o rasgão.

Bastou que fosse exibida a nudez de seus apoiadores para que o candidato do Partido Trabalhista Cristão tropeçasse e caísse alguns pontos na pesquisa de intenção de votos.

Holanda Júnior carrega o fardo de aliados defenestrados pela opinião pública, em razão de práticas condenadas pelos princípios da probidade e moralidade administrativa.

O rótulo do “novo” começa a esfacelar-se e, a exemplo das mais recentes novidades eleitorais, como Celso Russomano, em São Paulo, o jovem político maranhense, neste segundo turno, depara-se com a necessidade de explicar as tais alianças e aprofundar seu discurso político – até então restrito ao tema superficial da “Mudança”.

Aliás, a capital paulista já assistiu a um dos mais emblemáticos episódios da política brasileira quando, em 1985, Fernando Henrique Cardoso, em clima de “já ganhou”, chegou a sentar na cadeira de prefeito, mas perdeu as eleição para Jânio Quadros.

Ao assumir a prefeitura, Jânio desinfetou a poltrona, com habitual irreverência.

Edvaldo Holanda Júnior, que até poucos dias comemorava a possibilidade quase irreversível de vitória, deve explicações à população, já ressabiada das “novidades” que, volta e meia, aparecem nas eleições.

Fernando Collor de Mello foi o mais vexatórios de todos, por sinal, jovem, bonito e eleito com o mesmo discurso da mudança.

O jovem candidato a prefeito queixa-se de estar sendo atacado pelo adversário João Castelo. Mas, em sua campanha, ele se apropriou do argumento da “mudança” e do “novo”.

Agora, precisa provar porque, no ímpeto irrefreável de vencer a disputa a todo custo, pregou retalhos novos, em sua roupagem tão velha.

Essa costura política em torno de Edvaldo é a mesma que esgarçou a ponto de comprometer o governo de Jackson Lago e o sonho legítimo de mudança acalentado por tantos maranhenses.

Após 40 anos de domínio do grupo Sarney…

Marcos Rodrigues é engenheiro civil
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