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A unção e a bênção…

As parábolas bíblicas ensinam que, ao longo da história, Deus usou duas formas de se manifestar aos seus escolhidos na terra.

A alguns ele se dedicava com bênçãos. Eram abençoados a atravessar um deserto ou a conquistar uma tribo, como Moisés e Josué, por exemplo.

E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, se ouvires a voz do Senhor teu Deus diz Deuteronômio 28:2.

O destaque é para mostrar  que há sempre uma condição à bênção, que é a rendição aos desígnios divinos.

Mas há uma outra forma de relação de Deus com o homem, segundo revelam as histórias bíblicas. É a unção, ou, em palavras atuais, a força da mão de Deus sobre uma vida, quando ele decide ungi-la.

Para os ungidos, não há condição – é escolha de Deus e ponto. Independente da condição moral, social ou física do escolhido.

– Não considere sua atitude, sua aparência, nem sua altura, pois eu o rejeitei. O SENHOR não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o SENHOR vê o coração –  I Samuel 16: 6 e7.

Davi e Jacó são exemplos de escolha soberana de Deus independentemente da condição do escolhido.

Davi era um mulherengo que, dentre outras picaretagens,  se apoderou da mulher do seu capitão, a engravidou, e, para não ser descoberto, providenciou a morte do marido traído.

Mesmo assim, Deus o ungiu Rei de Israel.

Jacó foi um falastrão que ludibriou o irmão para tomar-lhe a primogenitude e aliciou a mãe para enganar o próprio pai.

Mesmo assim, Deus o ungiu como homem segundo os seus propósitos.

Se a Bíblia for analisada à luz da doutrina,  exemplos saltam aos olhos: mais importante do que o desejo do homem, o que prevalece sempre, em qualquer circunstância, é a vontade soberana de Deus.

E esta vontade não muda. Nunca.

Pode o homem ser o  mais humilde, mais dedicado à obra e mais sequioso dos destinos divinos. Mas, se não for a vontade de Deus que ele prevaleça, de nada adiantará.

Por outro lado, o homem pode até desdenhar da existência divina, pode recusar a trindade ou negar a ressurreição, mas se Deus estiver com ele – o tiver ungido – nada acontecerá a ele até que chegue a hora dos efeitos da unção.

E para reforçar a intimidade com Deus mesmo daqueles que o negam, I Samuel 26:9 sentencia: 

– Quem pode levantar a mão contra o ungido do SENHOR e permanecer inocente? 

Em outras palavras: ai daquele que tocar no ungido do Senhor…

Texto publicado originalmente em 26 de agosto de 2011

Marco Aurélio D'Eça

10 Comments

  1. A Bíblia é a Palavra de Deus (essa é uma declaração de fé). E como tal, não encombre os erros de nenhum dos seus “heróis”, e isso ratifica a declaração bíblica de que “todos pecaram” (Rm. 3:23), os nossos atos apenas confirmam a nossa condição de pecadores, assim como foi com Davi. Porém, não podemos ler a história de Davi (nesse episódio com Bate-Seba), sem ler o Salmo 51 em que Davi depois de ser repreendido por Natã, o profeta, reconhece o seu pecado e clama a misericóridia de Deus. Versiculo 3, Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Verso 4, pequei, contra ti somente, e fiz o que o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. Masis embaixo no verso 11 ele diz: Não me repulses da tua presença, nem retires de mim o teu Santo espírito, verso 12: restitui-me a alegria da tua salvaçaõ e sustenta-me com um espirito voluntário. Davi era um homem segundo o coração de Deus, porque sabia dar a Deus as respostas certas. Reconheçamos os nossos erros (pecados) e voltemos-nos a Deus que é rico em misericóridia. Deus tem mais prazer em nos abençoar que nós memsos temos de sermos abençoados, sem barganhas, sem troca. Busque a Deus pelo que ele é. “As benções na vida são resultados de uma vida em conformidade com Deus”. (Pão Diário, dia 19/11/2012).

    Resp.; As benções podem ser resultado da vida em conformidade com Deus. A UNÇÃO, NÃO!A unção é dádiva exclusiva de Deus, que ele dá a quem quiser, independentemnente de quem seja a pessoa. O resto, é blábláblá religioso.

  2. Marco, gostaria de conversar com você sobre o texto. Pelos comentários, seria um tanto mecânico. Convido você a responder este comentário ou enviar por e-mail uma forma de conversarmos sobre.

    Abraços,

    Yuri Almeida.

  3. Querido Marcos prazer em lê-lo! Queria afirmar que essa ideia é calvinista! E o grande problema do calvinismo foi ter sido influenciado diretamente pela filosofia grega platônica. Por isso Armínio (outro teólogo que se opôs a Calvino) levantou-se contra esta ideia. Hoje o calvinismo é aceita por várias igrejas tradicionais/históricas, é conhecida como a famosa teologia “uma vez salvo, salvo para sempre”. Porém, antes de entrarmos no assunto gostaria explicar historicamente alguns pontos importantes:

    Em 1610, foram declarados cinco pontos da teologia calvinistas, irei mostrar apenas um ponto, pela o espaço aqui, uma delas é a seguinte:

    “Que, por conseguinte, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, não morreu por todos os homens, mas somente pelos que foram eleitos de acordo com a primeira ou a segunda forma” – A. W. Harrison, The Beginnings of Arminianism (1926), págs. 149 e 150.

    Enganam-se muitos calvinistas que essa ideia (predestinista) seja unicamente e exclusiva da teologia de Calviniana, Santo Agostinho já mantinha ideias pré-calvinista como pode ser lido:

    “Agostinho introduziu no sistema eclesiástico diversas idéias inteiramente novas. . . . Entre elas encontravam-se a graça irresistível, absoluta predestinação e a limitação aos eleitos da redenção por meio de Cristo”. – An Historical Presentation of Augustinism and Pelagianism, pág. 368.

    Nesta época, ele(Calvino) ganhou um opositor, ele se chamava Armínio e declarou também cinco pontos contra a teologia predestinista calvinista, um deles em confrontação ao ponto que foi exposto aqui por mim:

    “Que, em consequência disto, Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos os homens, de modo que obteve, pela morte na cruz, reconciliação e perdão do pecado para todos os homens; de tal forma, porém, que só os fiéis a desfrutaram em realidade (S. João 3:16;1 S. João 2:2).” A. W. Harrison, The Beginnings of Arminianism (1926), págs. 150 e 151.

    Lembrando claramente que tanto Calvino e Armínio erraram em alguns pontos em sua teologia. O calvinismo pelo fato da extinção do livre árbitro, ou melhor a escolha humana não faz a menor diferença, e o arminianismo que se não entendido leva o crente legalismo religioso.

    Embora acredite que João Calvino foi um dos maiores reformadores protestantes, não adoto a ideia de que algumas pessoas “são predestinadas para a morte eterna sem qualquer demérito de sua parte, simplesmente por causa da soberana vontade de Deus”. Calvino, Institutes, Livro 3, cap. 23, § 21).

    Com o assunto é longo, no entanto para uma boa compreensão seria necessário à explicação do livre Arbítrio e Predestinação, além de alguns pontos que devem ser considerados na hermenêutica bíblica. Outro fato não menos importante, é que teríamos que entender a Eleição e Vocação no contexto bíblico.

    Tentarei explicar um ponto usado pelos os calvinistas, e que você citou no seu post, que é o caso de Jacó e Esaú. Muitos calvinistas se baseiam na declaração de Paulo no livro destinados aos crentes de Roma. Romanos 9:13: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú.” Assim afirmam: Antes do nascimento, um é predestinado para a Salvação e outro para a condenação. Mas esta é uma conclusão simplista.

    Devemos atentar para estes dois pontos:
    1º) Esta citação de Paulo foi tirada de Malaquias 1: 2-3, escrita mais ou menos 1.000 anos depois que eles viveram, portanto não é uma profecia, mas sim fato histórico.

    2º) Malaquias não está falando de Esaú e Jacó como duas pessoas, mas de dois povos distintos: israelitas e edomitas. Jacó está representando o povo do concerto e Esaú os incrédulos e inimigos de Deus. O aborrecimento de Deus por Esaú – ou melhor pelos seus descendentes – foi após um milênio.

    Paulo declara que Jacó foi escolhido para uma função, para representar um papel de destaque na história do povo de Deus. Rom. 9:11-12.

    Os versos 34 e 41 de Mat. 25 contradizem frontalmente a dupla predestinação de Calvino.

    Verso 34 – “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Isto sugere predestinação para a Salvação.

    Verso 41 – “. . . Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” Se houvesse a dupla predestinação a afirmativa de Cristo seria – preparado para vós desde a fundação do mundo. A condenação é prepara para o diabo e seus anjos, não para o homem.

    Outra declaração importante de Paulo, que precisa ser bem compreendida é a de Rom. 9:22 e 23.

    O verso 22 fala dos vasos de ira preparados para a perdição, mas que Deus os suportou com muita longanimidade.

    No verso 23 há o relato dos vasos da glória preparados previamente, O comentário do Púlpito em inglês chama-nos a atenção para uma palavra muito importante ao interpretar estes versos, isto é, previamente.

    A Bíblia nos prova de maneira inequívoca que os vasos da ira não foram feitos por Deus para a destruição. Basta ler as passagens paralelas de Romanos 2:4 e 5 onde Paulo nos fala que Deus trabalha para a Salvação do homem, mas o próprio homem endurece o seu coração.

    Em Adão todos são predestinados para a perdição. I Cor. 15:22.

    Em Cristo todos são predestinados para a salvação. S. João 1:12.

    Jacó, não foi eleito no útero de sua mãe por Deus para ser líder e criador da nação Israelita, embora de maneira soberba lutasse por isso. Esaú trocou suma primogenitura por um prato de ensopado de lentilha, isso foi unicamente escolha dele, mesmo antes de Jacó enganar seu pai como apoio da mãe.

    Outro ponto é que Esaú seria logicamente o que receberia a benção por ser o primogênito dos filhos, não entanto não fez caso e a vendeu (primogenitura) a Jacó.

    Sobre a unção, basta dá uma lida em I Samuel 9 e 10, verá que Saul foi ungido pelo profeta Samuel, no entanto foi Davi que tomou o seu lugar. Saul caiu por escolher outros caminhos que Deus tinha destinado a ele, assim, a benção(unção) foi tirada Saul e dada a Davi. E por mais “bandido” que fosse Davi, escreveu o Salmo 51 com arrepedimento profundo de seus erros grotescos. Portanto a unção não é garantia da salvação.

    Em suma todos nós somos escolhidos para a predestinação bíblica da salvação, no entanto, nós escolhemos se a aceitamos ou não, seja ele crente ou descrente, a escolha é unicamente minha e sua.

    Dizer além disso, é dizer que Deus é atemporal, e que tudo existe na história humana é grande “desenho estático”, não importa o que eu faça tudo já está determinado por Deus, contrariando biblicamente vários pontos da Bíblia Sagrada, principalmente da escolha que cada um pode ter, cada uma delas tem conseguências eternas, porque a morte e vida em conexto bíblico espiritual são garatias eternas.

    Um abraço!

  4. Marcos, para você refletir…

    O senhor sabe do teu coração filho….

    Não existe espaço no coração do ungido para a coléra…

  5. Realmente as fábulas mesopotâmicas (copiadas na Bíblia judaica\cristã) têm uma moral bem peculiar. O caso de Davi é bem emblemático.
    O cara “brecha” a mulher (Bate-Seba) do seu melhor capitão (Urias), a seduz, planeja e executa covardemente e morte do militar e amigo e, ainda assim, é festejeado e enaltecido.
    Vai entender…

  6. BRILHANTE MARCO, VOCE COMEÇOU O DOMINGO ABENÇOADO…VIVA AO SEU SAGRADO COMENTÁRIO…VALEU !

  7. NA BÍBLIA TAMBÉM TEVE SEUS PICARETAS, AFINAL JÁ EXISTIA POLÍTICO DESDE O COMEÇO DA HUMANIDADE, ASSIM COMO HOJE, TEM PASTORES LOTEANDO ATÉ PEDAÇOS DO CÉU E VENDENDO A SALVAÇÃO, REZO E PEÇO A DEUS TODOS OS DIAS PRA ME LIVRAR DESSES IMPOSTORES.

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