Caos é a palavra que define a situação encontrada em Pinheiro pelo recém-empossado prefeito Filuca Mendes [PMDB].
Em todos os setores da Administração podem ser encontrados exemplos nada agradáveis de irresponsabilidade e falta de compromisso com o bem público empreendidos pela gestão do antecessor, Zé Arlindo Souza (PSB).
Para que se tenha uma ideia, em uma ação criminosa, nem mesmo o servidor que abrigava os dados da Administração Municipal escapou. O computador foi subtraído do prédio da Prefeitura sem que se saiba o destino tomado. Em decorrência, o atual gestor não dispõe de nenhuma informação, por exemplo,sobre número de funcionários públicos lotados no Executivo, embora a farra de nomeação tenha sido grande no apagar das luzes.
Nem os aparelhos celulares e os respectivos chips, usados pela equipe do prefeito anterior,foram devolvidos. E nos novos secretários encontraram suas pastas em estado de completo abandono, os com energia e telefones cortados, com mobiliário depredado e sem climatização.
Na Saúde, o quadro é ainda mais grave tamanha é a depredação dos dois hospitais municipais, o Hospital Municipal Antenor Abreu e a Maternidade Nossa Senhora das Mercês [Hospital Materno Infantil]. Nos postos de Saúde e Laboratórios, situação idêntica. Além do lixo, baratas e dos centros cirúrgicos sem equipamentos funcionando adequadamente, faltam materiais hospitalares e até lençóis.
Isso sem contar funcionários insatisfeitos pelo atraso nos salários e o estado de total desorganização. Um tomógrafo foi encontrado sem uso ainda na embalagem original já comprometida pelo ataque de cupins. Adquirido pelo então prefeito Filuca, o tomógrafo foi entregue pelo fornecedor ao prefeito Zé Arlindo, que ‘desautorizou’ a instalação.
Não bastasse isso, os “ratos” do Erário Municipal em Pinheiro providenciaram substanciosas transferências monetárias para apaniguados e familiares na derradeira volta do ponteiro. No dia 31 de dezembro, por exemplo, agendaram para a última quarta-feira (02/01), a transferência de R$ 357.000,00 (trezentos e cinquenta e sete mil reais). (Veja o extrato). Os recursos favoreciam uma gráfica que leva o nome do santo padroeiro da cidade, a Gráfica Santo Inácio, registrada com o nome da empresa M. de Jesus Ribeiro.
O extrato também mostra pagamentos oriundos da pasta da Saúde, gestão Graça Mendes. Boa parte dos nomes que ali aparecem são de médicos recém-formados, alguns na Bolívia e não detentores de CRM e outros concludentes do curso no último dia 13 de dezembro passado, com CRM emitido já no dia 17/12/12, em tempo recorde.
Nos relatos, apurou-se que alguns deles teriam cumprido 14 plantões de 24 horas a partir dessa data, recebendo por isso R$ 47.000,00 [quarenta e sete mil reais], o que equivale a R$ 3.357,00 por plantão, valor impraticável no mercado local, especialmente para a remuneração de recém-formados.
E, além disso, a administração do inexpressivo Zé Arlindo, que só chegou à Prefeitura graças ao prestígio do atual prefeito Filuca Mendes, também “bonificou” aliados políticos com somas vultosas. Foram feitos depósitos nas contas do sogro e da esposa do suplente de deputado Luciano Genésio, candidato a vice na chapa do ex-prefeito derrotado, e filho da então secretária de saúde do município Graça Mendes.
A soma dos depósitos chega a R$ 123.000,00 (cento e vinte e três mil reais), beneficiando Talvane Ribeiro Hortegal (sogro de Luciano), que recebeu por meio de depósito em sua conta no valor de R$ 67.500,00 (sessenta e sete mil e quinhentos reais); Thaiza de Aguiar Hortegal (esposa de Luciano Genésio), por depósito em sua conta no valor de R$ 55.500,00 (cinquenta e cinco mil e quinhentos reais), todos feitos no último dia do mandato do ex-prefeito, em 31/12/2012.
Com isso, Zé Arlindo repete a performance do pai de Luciano Genésio, Zé Genésio, quefoi afastado do cargo de Prefeito de Pinheiro no ano 2000, sem sequer concluir o mandato, respondendo a várias ações na Justiça Civil e Federal, tendo seus bens bloqueados por ordem judicial.
O prefeito Filuca Mendes já começou a tomar as providências jurídicas e administrativas.
Medidas emergenciais
Dentre as providências, estão: o envio à Câmara Municipal de mensagem de Reforma Administrativa visando a reorganização da administração municipal; e a edição de decretos anulando atos da administração anterior; convocando servidores para recadastramento; rescindindo contratos temporários de trabalho e exonerando comissionados da gestão anterior; revogando cessão e disponibilidade de servidores municipais; suspendendo todos os contratos firmados pela administração anterior e anulando termos de cessão de imóveis públicos.
No início da semana, o prefeito pretende decretar estado de emergência na Saúde. No momento, está sendo feito um diagnóstico da situação com a coleta de dados para subsidiar a medida.
Paralelamente, o prefeito Filuca determinou aos secretários já empossados a elaboração de diagnósticos de suas pastas para a identificação dos problemas emergenciais. O secretariado está reunido neste sábado, 5, tratando do assunto. O diagnóstico, segundo o Prefeito é uma necessidade, uma vez que no município de Pinheiro não houve transição.
– Embora tenhamos nomeado os nossos representantes na Comissão, o meu antecessor dificultou o processo e o fornecimento das informações. Buscamos auxílio judicial, mas a medida não saiu em tempo de nos acercarmos melhor da situação do município e dar início ao nosso programa de trabalho e às medidas emergenciais – declarou Filuca Mendes.