Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os prefeitos de São Luís sempre se elegeram e construíram carreiras políticas em cima de meia-verdades sobre o atendimento de emergência na capital maranhense.
O pedetista Jackson Lago criou o bordão “procissão de ambulâncias”, para reclamar do atendimento a pacientes vindos do interior nos Socorrões. O agora prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) também recorre ao mesmo discurso, mas prefere falar de “caos na saúde”.
O que nenhum prefeito nunca disse – nem Jackson, nem Edivaldo, passando por Conceição Andrade (PMDB), Tadeu Palácio (PP) e João Castelo (PSDB) – é que este atendimento a pacientes do interior gera uma receita extra milionária para São Luís.
Agora na gestão de Holandinha, por exemplo, este valor é de R$ 110 milhões.
Isso mesmo. A Prefeitura de São Luís recebe R$ 110 milhões apenas como compensação financeira por atender pacientes de outros municípios. Este valor entra na conta do município indepentemente do valor que lhe é devido regularmente pelo SUS – outros tantos de milhões de reais.
O chororô da “procissão de ambulância” ou a cantilena do “caos na saúde” não passam de uso político da retórica. Eles reclamam, mas não querem abrir mão de atender pacientes de outros municípios – simplesmente por que isso rende uma montanha de dinheiro.
E o que fez o governo Roseana Sarney (PMDB)?
Diante da choradeira de Edivaldo Júnior, de que não tinha dinheiro para gerir o Socorrão II – e diante da suposta má-vontade da prefeitura de atender os pacientes oriundos do interior, a Secretaria Estadual de Saúde propôs assumir este serviço.
O governo iria mostrar para a prefeitura que com “apenas” R$ 77 milhões dos R$ 110 milhões, faria o mesmo serviço de atendimento no Socorrão II. E ainda dispensaria a prefeitura deste serviço.
Funcionaria assim: Com os R$ 77 milhões do SUS, o governo daria atendimento a todos os pacientes de todos os municípios maranhenses, no Socorrão, nas UPAs e nos hospitais estaduais.
Com isso, a prefeitura não precisaria mais prestar este tipo de serviço – nem no Socorrão I, nem em unidade alguma de saúde sob sua responsabilidade. E ainda ficaria com R$ 33 milhões destes recursos para investir em seu sistema de saúde.
Mas Holandinha preferiu recusar a oferta, por que seus aliados gostam mesmo é de fazer política.
Depois de dizer que não tinha condições de tocar o sistema, resolveu assumi-lo, pedindo ao estado, cinicamente, que banque a estrutura.
E aidna quer mais dinheiro do Ministério da Saúde, como se São Luís fosse prioridade da pasta, em detrimento dos demais 216 municípios, que sofrem os mesmos problemas.
Ou seja, quer o bônus sem se submeter ao ônus.
E quem sofre é a população de São Luís…