O termo se atribui popularmente hoje em dia àquela pessoa que conseguiu completar o ensino superior e tem uma vasta bagagem cultural, podendo discutir vários assuntos, de uma mesa de bar até debates em uma assembleia.
Contudo, atrelado a este conceito, temos a concepção de que ser esclarecido é você o tempo todo falar sobre aquilo que é considerado inteligente e culto.
Citar Chico Buarque, por exemplo, lhe dá um atestado de esclarecido, com poder de argumentar o que quiser, após esta informação.
Porém, se você comentar com o amigo ao lado que assistiu o BBB ou sobre aquela novela mais comentada do momento, no instante você é taxado de burro e alienado.
Aliás, não tem coisa mais clichê do que a palavra alienado usada de forma pejorativa.
Seguindo a palavra alienado vem a frase: essa juventude de hoje está apática, não protesta, só quer saber de futilidades como virais de youtube, por exemplo.
Um pensamento de velho, aliás: “ah, no meu tempo era melhor”. Não, querido e querida, no seu tempo era tão ruim quanto hoje em dia.
Apenas os contextos são completamente distintos. Os estudantes de hoje tem direito a muitos benefícios, graças à luta das gerações passadas.
Mas é tendencioso e hipócrita julgar um momento de lazer e descontração, comparando-o a um contexto onde a luta social se fazia não só pertinente, como necessária.
Aliás, o mesmo grupo que se diz esclarecido por não assistir TV aberta e afins é o mesmo que é pago pelo partido de filiação para protestar por bobagens ou pagar fiança de seus criminosos condenados.
Portanto, esclarecimento nada tem a ver com atitudes coerentes e pertinentes à sociedade.
Cada um reclama do que sofre. As questões sofridas na década de 60, por exemplo, são completamente diferentes das de hoje em dia. Na década de 60 havia o golpe militar para contestar.
E agora, vamos reclamar de quê? Sim, temos índices de desigualdade social. Mas em contrapartida, mais meios de questionamento e discussão o que torna desnecessário os pseudo-revoltados-utópicos.
A verdadeira imbecilidade está em estar sempre com o modo revoltado ligado, querendo mudar aquilo que é imutável. Imutável não por sermos incompetentes em mudar, mas porque são da natureza humana.
E não existe sinônimo de hipocrisia maior que a prepotência dos que pensam em mudar o mundo com o poder de uma língua ferina, apenas.