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O jornalismo fundamentalista

A âncora do telejornal SBT Brasil, Raquel Sherazade, ficou famosa entre os usuários do senso comum, com suas visões de mundo conservadoras

Por Aline Alencar

Manchete: “Casal gay estupra filho adotivo”, veiculada pela Rede Record.

Onde está o erro na frase? No estupro? Também. Ato bárbaro que, cometido por qualquer pessoa, deve ser condenado, afinal é crime.

E por ser por qualquer pessoa que tal crime possa ser cometido que a designação na matéria “casal gay” é mais do que tendenciosa, é absurda.

A mídia de uns tempos para cá, coincidentemente após o deputado federal Marco Feliciano (PSC) ter assumido a Comissão de Direitos Humanos no Congresso Nacional, vem desvirtuando questões como os direitos dos homossexuais.

Afinal, héteros estupram, matam, arrastam crianças nos carros e as jogam de janelas de altos prédios e nem por isso a manchete: “Casal hétero mata criança” ou algo do tipo.

Vídeos com esta e outras manchetes que “endemonizam” a causa gay e demais religiões afros tomaram conta das redes sociais e muitos tomam como a mais absoluta verdade. Deixando de lado a verdadeira discussão dos fatos.

Parece que o fundamentalismo cada vez mais se enraíza na sociedade brasileira e de forma desenfreada, pelas entrelinhas. Quem não para pra pensar no sentido real do título se deixa levar pela superficialidade do assunto.

Discutir opiniões e respeitá-las é algo totalmente diferente de inverter a situação e “endemonizar” aqueles que pensam o contrário e, por configurar minorias, são massacrados por buscar um lugar ao sol.

E não tomar privilégios daqueles que já possuem até demais. Mas ainda assim reclamam.

O problema não está em essa mídia fundamentalista expressar seus pontos de vista, por mais infelizes que a maioria deles seja, afinal, estamos em um estado democrático de direito.

O problema é reforçar estereótipos e para atacar princípios constitucionais usando o maior poder que a mídia tem: o de formar opiniões.

E que Deus tenha piedade.

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