Ícone do site Marco Aurélio D'Eça

Uma carta para Edivaldo Júnior…

São Luís, 12 de abril de 2013

Meu caro prefeito Edivaldo Holanda Júnior,

Vossa excelência – ou “você”, como sempre nos tratamos – sabe da admiração que tenho pela sua postura pessoal, sempre respeitoso, afável e tranquilo.

Isso já ficou claro nos vários encontros que tivemos – antes e depois de sua posse – e nos inúmeros momentos em que trabalhamos juntos, lembra?!

Mas também sabe que, exatamente por isso, disse a você, e também ao seu pai, que não o achava – ainda – preparado para o mandato de prefeito, que requer energia, pulso firme e disposição para o embate.

Prefeitura é gerenciamento. Precisa bater na mesa, exigir com vigor, cobrar sem piedade.

E foi exatamente isso que disse ao seu pai, lá naquela nossa última conversa, no Ibis Hotel, ainda na pré-campanha. “A postura pessoal admirável de Júnior”, disse eu ao velho Edivaldo, “só irá atrapalhar na condução da prefeitura”.

E hoje, meu caro Edivaldo, os fatos mostram que eu tenho razão. 

Meu caro amigo prefeito, nesta missiva não vou nem tratar dos problemas administrativos e da falta de ações que marcam o início de seu mandato.

Não, não vou!

Me aterei apenas às questões políticas, que, resolvidas, resolvem, por consequência, 90% dos problemas de um governo.

Holandinha, meu caro, preste atenção! Uma CPI a gente sabe como começa, “mas nunca sabe como termina”, já dizia o velho e bom Luís Inácio.

Como você pôde deixar que a Câmara instalasse uma CPI logo no início de sua gestão, rapaz?! E ainda por cima com assinaturas de gente ligada a você mesmo?  Rose Salles (PCdoB), Helena Duailibe (PMDB), Pavão Filho (PDT) e até Edmilson Jànsen (PTC)…

O que eles quiseram mostrar? Que o governo é transparente?

Não se deixe levar por estas tolices Edivaldo!  Política é política. Se tem maioria, vença.

Meu prefeito, isso é resultado unicamente dos dois principais problemas que rondam sua gestão: a falta de coordenação política – e a falta de articulação nos meios de comunicação.

Gosto muito do Osmar Filho, Edivaldo, mas ele não articula nada. E você sabe disso.

Meu caro, não titubeie! Chame Edivaldo Holanda, seu pai, para coordenar sua área política! Grosso ou não, ele sabe como lidar com essa classe.

Duvido, sinceramente, que Holandão deixasse aprovar uma CPI como esta, que põe em risco sua própria base!  Política é chamar pra conversa. E isso Holandão sabe fazer muito bem.

Olha meu caro, o pessoal do PDT não está gostando nada dessa história. E eles estão com cada vez mais sangue no dente contra a banda do PSB que provocou tudo isso.

Afinal, meu caro, como se permite divulgar uma nota daquela do Marcelo Coelho, recheada de “fogo amigo” dentro da própria base?! Só podia ser coisa do Márcio Jerry.

Aliás, Márcio Jerry é outro problema do seu governo, meu amigo Holandinha.

O cara é um desagregador, não se relaciona com ninguém, cheio de empáfia, não conhece nada de jornalismo político e ainda vive com uma frustração eterna: não ter conseguido ser editor de um grande jornal.

Antipatizado nos meios de comunicação, não consegue furar as barreiras nos jornais, rádios e blogs.

Você mesmo deve ter percebido isso em sua coletiva de imprensa, lembra? Lembra de todas aquelas reclamações da imprensa?

Pois é, é culpa de quem? Minha?

Quem te apoia na imprensa, meu caro prefeito, te apoia por gostar de ti, mas o Márcio Jerry tende a afastar estas pessoas.

Teu pai sabe e eu também te falei que isso não iria dar certo, lembra?!

Ainda dá tempo de você consertar o fiasco destes 100 dias, meu caro – que, no fundo, até você admite, poderiam ter sido bem melhores!

Converse com seus aliados no PDT e com o PSB; converse com seu vice, com seus amigos deputados estaduais e federais…

Converse com o pessoal da imprensa e veja se eu não tenho certa razão.

Converse também com seu pai, prefeito (este é o melhor momento, só os dois, juntinhos)  e ele vai te dizer  – se já não disse – exatamente isto que eu estou te dizendo.

Outros 100 dias virão, meu caro amigo prefeito.

Ainda há tempo de mudar, pense nisso…

Atenciosamente, 

Marco Aurélio D’Eça

Sair da versão mobile