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Seria Jhonatan Souza o segundo Jorge Meres???

Jorge Meres, o suposto quadrilheiro de José Gerardo

Durante muitos anos, especulou-se nos meios políticos e policiais do Maranhão, a hipótese de que o motorista Jorge Meres – apresentado pela polícia maranhense, em 1999, como membro de uma quadrilha internacional que tinha entre seus chefões o ex-deputado maranhense José Gerardo – seria, na verdade, uma espécie de ator, fabricado nos porões da Secretaria de Segurança e manipulado pelo então secretário, Raimundo Cutrim.

Esta suspeita ganhou força ainda durante as audiências da CPI do Crime Organizado – montada à época, pela Assembleia Legislativa, para investigar os supostos crimes de José Gerardo apontados por Meres.  Ficou evidente a fraqueza argumentativa de Meres nas audiências públicas.

Por várias vezes, o suposto quadrilheiro trocou nomes, locais e datas de fatos que ele havia dito antes. Errou, muitas vezes, ao descrever cenas que ele já havia descrito com riqueza de detalhes inúmeras vezes.

Wllian Sozza, condenado sem provas

Dentre os supostos bandidos delatados por Meres, pelo menos um – William Sozza – teve a vida destruída sem que ninguém provasse, ao longo de quase 15 anos, qualquer indício de que pelo menos conhecia Gerardo ou outro envolvido.

Meres morreu há cerca de cinco anos, vítima de complicações decorrentes do alcóol, quando vivia perambulando, bêbado e largado pela periferia de São Luís..

Nem parecia o operador de quadrilha que desbaratou seus supostos comparsas e tinha pouca ou nenhuma preocupação para alguém que supostamente foi incluído no Programa de Proteção à Testemunha.

Apenas o titular deste blog e o falecido jornalista Walter Rodrigues – um dos mais brilhantes da história maranhense – sempre viram como farsa a história de Jorge Meres. Tanto que, muitos dos citados como criminosos ganharam indenizações do estado.

Rodrigues publicou certa vez em seu blog, documentos e depoimentos que mostravam que a inclusão de Willian Sozza por Meres na suposta quadrilha se deu por mágoa do motorista, que perdeu um emprego em uma das firmas do empresário, em Campinas (SP).

José Gerardo também não era nem um santo – mas daí a ser apontado como traficante internacional…

Agora surge Jhoanatan de Souza, suposto assassino confesso do jornalista Décio Sá.

O “matador” Jhonatan de Souza negou tudo à Justiça

Desde o início, pareceu um tanto fantasiosa a história do assassino paraense que começou a matar aos 14 anos e trazia nas costas uma lista infindável de crimes – sem que se tenha notícias dos tantos inquéritos que deveria responder ou de famílias que reclamassem supostas mortes.

Até a história para a morte de Décio Sá, admitida por Jhonatan, sempre pareceu meio que fantasiosa.

É pouco verossímil um matador de aluguel participar de rodas de reunião justamente com aqueles que estão contratando seus serviços (a praxe deste tipo de crime ensina nunca se mostrar ao matador).

Fica pouco consistente que um matador profissional resolva se desfazer de uma arma usada em assassinato enterrando-a a poucos metros do local do crime, assim, sem mais nem menos.

Hoje, Jhonatan Souza decidiu desdizer tudo o que supostamente havia dito à Polícia. Em depoimento ao juiz da 1ª Vara do tribunal do Juri disse que fora induzido por delegados a dizer tudo o que disse.

Fez exatamente o que já se sabia que iria fazer.

José Gerardo: hoje solto e milionário por indenizações

O assassino confesso negou, inclusive, as mortes que supostamente teria nas costas – e disse que fez isso a pedido dos delegados, como um papagaio ensaiado.

Exatamente como Jorge Meres há quase 15 anos.

Curiosamente, foi exatamente o ex-secretário Raimundo Cutrim, hoje deputado estadual, o primeiro a dizer que o assassino paraense  havia sido ensaiado pela polícia.

Como já se viu nas primeiras linhas deste blog, Cutrim pode ter experiência para saber o que diz.

Farsas de elucidações de crime são comuns na história policial. Sobretudo quando o caso é de grande comoção e a sociedade cobra solução iminente.

O problema dessas montagens é que, fatalmente, elas viram bolhas de sabão quando chegam à fase processual.

E se desmancham ao menor toque…

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