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Caso Décio: Açodamento de Aluísio fragilizou inquérito…

Aluísio Mendes: açodamento levou a falhas, que levou ao esfarelamento

A reviravolta que o caso Décio Sá tomou na Justiça é resultado direto de uma única causa: o açodamento do secretário de Segurança Aluísio Mendes em dar respostas imediatas à sociedade, sem se preocupar com os eventuais “furos” do inquérito.

A pressa de responder à governadora Roseana Sarney (PMDB), à imprensa e à sociedade, que, à época do crime, cobravam respostas imediatas para o hediondo assassinato do jornalista, levou Aluísio a apresentar culpados às pressas, nexos causais que se uniam apenas superficialmente e provas quase que arranjadas de última hora.

É claro que a linha adotada pela equipe comandada por Aluísio Mendes tem a sua lógica. Mas há lógica ainda mais contundente em outras linhas, desprezadas na investigação sem explicação plausível.

E o resultado é o esfarelamento de toda a peça, diante de dados concretos, declarações pessoais e argumentos inquestionáveis apresentados ao juiz Márcio Brandão, na 1ª Vara do Tribunal do Juri.

Jhonatan: ele criou; ele descriou

Não cabe nem à polícia, nem à parte da imprensa que defende a tese apresentada por Aluísio Mendes, argumentar que o pistoleiro Jhonatan de Souza tenha sido instrumentalizado pela defesa de Gláucio Alencar.

Se ele foi manipulado pelos advogados, por que não poderia ter sido manipulado, antes, pela equipe de Aluísio?

Afinal, como diz o ditado, “o que dá pra rir, dá pra chorar”.

Esta argumentação de manipulação pode até fazer sentido nas instâncias judiciais do Maranhão, ainda influenciadas pela comoção do assassinato. Mas nas instâncias superiores, onde pesam as provas e os testemunhos, elas não têm a menor importância.

O que pesa mesmo, nas instâncias superiores, é a correta apuração do caso, as provas incontestáveis e os depoimentos incorrigíveis. E, em caso de qualquer dúvida, o chamado “pro-réu”.

Nada disso quer dizer – é bom que fique claro – que Gláucio Alencar e os outros presos sejam inocentes. Não! Há fortes indícios contra ele.

Mas o rigor da investigação, checando todos os furos antes de se apressar em mostrar autores de crime, evitaria exatamente isto que está acontecendo agora.

Aluísio Mendes tinha obrigação, na época do crime, de esgotar todas as linhas de investigação antes de apresentar seu resultado. Mas não o fez.

Se existia uma chamada linha “Barra do Corda”, com conversas pessoais dos envolvidos, troca de telefonemas antes e depois do crime, o secretário teria que, no mínimo, chamar estes envolvidos para depor, ainda que só para esclarecer os fatos.

Mas não o fez; apenas descartou a tese sem maiores argumentações.

Se existia também uma chamada linha “empresários da Construção Civil”, caberia ouvir estas pessoas, saber o que elas pensam, qual o grau de relacionamento com Décio, e o que o jornalista escreveu sobre elas.

Também não há no relatório nenhuma indicação de que isso foi feito.

Aluísio Mendes parece ter optado pela lei do menor esforço, escolhido a possibilidade menos incômoda e decidido se fixar nela – com a ajuda “inocente” de parte dos jornalistas, que se influenciaram por esta linha.

Poderia ter investigado tudo, esgotado todas as dúvidas – até para ter a certeza absoluta da tese que apresentaram.

A negligência levou ao que se vê hoje na fase judicial, um desmonte da frágil peça policial apresentada.

Só se tem uma certeza no caso: Décio Sá está morto.

E Aluísio Mendes continuará comandando a segurança pública do Maranhão, à frente de muitos outros casos.

Este foi apenas mais um…

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