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Flávio Dino, erro médico e “erro médico”

Por Gilberto Léda

O presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), nunca foi muito conhecido por sua coerência nos debates em que decide entrar. Mas no caso da prisão do nigeriano Kinglsley Ify – acusado de exercer ilegalmente a medicina no interior do Maranhão (reveja) -, ele passou de todos os limites.

O comunista fez ontem (28) ilações nas redes sociais sobre suposto racismo na atuação das secretarias de Estado de Saúde (SES) e de Segurança Pública (SSP). Foi duramente repreendido pelo secretário Ricardo Murad (veja).

Dino foca o discurso contra o Governo do Estado meramente por questões políticas. Ele sabe que Kinglsley, mesmo que seja médico na Nigéria, não tem registro para atuar no Brasil. Mesmo assim, desde o início da semana, setores da mídia ligada ao oposicionista apresentam uma inscrição do acusado na UFMT como se esta fosse a comprovação de que ele já se havia habilitado a exercer a profissão legalmente. Mas sabem que não é.

O que chama mais atenção na postura do presidente da Embratur, como já se disse acima, é a falta de coerência. Para atingir seus adversários políticos, o comunista esquece convenientemente a luta que trava há anos contra erros médicos.

Flávio Dino é o criador do Centro Brasileiro sobre Crimes para Saúde, uma ONG voltada ao combate a erros praticados por médicos no exercício da profissão (veja ao lado). A entidade nasceu depois de o comunista perder um filho num hospital em Brasília.

No caso da tragédia pessoal vivida por ele, até o Tribunal de Justiça do Distrito Federal já inocentou a médica e a técnica de enfermagem que atenderem seu filho (leia). Mesmo assim, o oposicionista segue acusando o hospital e as duas profissionais de haver cometido algum crime – até o promotor do caso, Diaulas Ribeiro, já foi representado no Conselho Nacional do Ministério Público (aqui) .

Veja bem: não se critica aqui a luta de um pai por aquilo que acha correto e justo. Não se pode medir o tamanho de tal perda e os efeitos que ela provoca.

O que se critica é a postura de um homem que tanto luta contra erros médicos – porque se acha vítima de um deles – e fecha os olhos, por motivos políticos, diante da dor de uma família que perdeu uma criança devido à negligência a protocolos básicos de atendimento em casos de Raiva Humana.

O fato de o acusado pelo crime ser um nigeriano, homem negro, é mero detalhe na história. A questão central é que há fortes indícios de que um médico brasileiro passou um plantão a um estrangeiro que não tem autorização para exercer a medicina no Brasil. E esse estrangeiro confirma que não tem mesmo a autorização, mas que recebera R$ 800 pelo serviço – embora não tenha mais coragem de admitir que assumia, sim, o plantão do “colega” local.

O resto é só política…

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