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Ontem, só um time entrou em campo. E não foi o Brasil.

Por Thiago Bastos
Repórter Jornal O Estado do Maranhão

Nessa mini Copa América proporcionada pela Copa do Mundo no último sábado, apenas se viu uma equipe na acepção da palavra em campo. E não foi a seleção brasileira, para desespero dos pachecos mais fanáticos. A Colombia – do ótimo argentino José Pekerman – mostrou ser coletivamente uma equipe em campo contra o Uruguai – de campanha digna, ao contrário do Brasil, de futebol medonho, deprimente e preocupante contra o Chile (que também ficou aquém das minhas expectativas e, mesmo assim, esteve a uma bola na trave de Pinilla da classificação).

Com uma linha de quatro defensores atrás, dois volantes no meio campo de boa marcação (deixando Guarin no banco de reservas), com dois meias talentosíssimos (Cuadrado e James Rodriguez, que fez o gol mais bonito até agora nesta Copa do Mundo) e dois atacantes rápidos e insinuosos (Jackson Martinez e Teo Gutierrez) o time proporciona aproximação entre os setores do campo (defesa, meio-campo e ataque), transição rápida, com intensidade e troca intensa de passes, confiança e recomposição entre as linhas do time.

Já o Brasil, ontem, contra o Chile, foi “oco”. Não há meio-campo na equipe de Felipão (que fez ao meu ver seu pior jogo na Copa até o momento). Fernandinho foi uma peça nula, não por ele, mas o time não o procurou, a bola não passou por ali. Uma intensa e irritante prática de bola direta, abuso das jogadas individuais e a óbvia bola aérea (gol do Brasil só poderia sair assim). O Brasil não possui ainda um time, e sim uma reunião de jogadores com boa técnica (um deles, acima da média, Neymar) que não consegue se aglutinar nos setores do campo como se deve e espera sempre por uma estocada, um sopro de genialidade de Neymar. Como ontem não ocorreu – e não irá ocorrer todo jogo – Brasil foi um arremedo de time, fazendo um segundo tempo no período normal dos mais vergonhosos da história do futebol brasileiro na história. Menção honrosa a Júlio César, que salvou o Brasil ou pode ter adiado a dor…

O Chile, ao contrário do que disseram os pupilos de Felipão e até alguns comentaristas renomados – também ficou aquém das expectativas. A equipe, de saída rápida para o campo de ataque, passes constantes do meio-campo para frente se reduziu hoje a um time comum, que apenas esperou o Brasil, em alguns momentos. Um respeito excessivo que, devido à mediocridade técnica do meio para frente do escrete brasileiro, fez com que, em alguns momentos, o time chileno pressionasse o Brasil, a ponto de no fim do tempo normal os torcedores brasileiros respirarem aliviados pelo apito final do árbitro.

Brasil fez algumas correções importantes hoje. A proteção aos laterais brasileiros foi mais eficaz contra o Chile. Muito. Muito pouco. É preciso mais. É preciso reavivar o meio-campo brasileiro, dar-lhe vida, até para poupar nosso melhor jogador Neymar. Ao contrário da Colombia que, com um sistema mais bem definido, proporciona a James Rodriguez esbanjar todo o seu talento ( e que talento, que golaço ele fez hoje contra os uruguaios).

O Brasil terá o desafio e tanto pela frente, na próxima sexta-feira. Futebol brasileiro, pelo que foi apresentado até aqui na Copa do Mundo, só terá chances se os colombianos sentirem o jogo, estiverem nervosos ou se Brasil apresentar algo diferente do que já vimos neste torneio. Caso contrário, o castelanazzo em Fortaleza estará próximo de acontecer…e com toda a justiça. Para sorte e competência dos colombianos…

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