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Reis Pacheco: uma versão para a história…

Em 1994, o então senador Epitácio Cafeteira disputava o Governo do Estado contra a deputada federal Roseana Sarney.

Faltavam poucos dias para a eleição e Cafeteira liderava, mas com Roseana avançando, apesar do clima de tensão-e-salve-se-quem-puder em seu comitê, marcado por rompimentos políticos pré-eleitorais.

Nas hostes cafeteiristas, marcavam presença figuras como Aderson Lago, Jaime Santana, Domingos Dutra,  João Castelo, aliados de Jackson Lago e parentes do ex-governador Luiz Rocha, muitos ainda hoje na ativa.

Ameaçado pela virada, Cafeteira passou a alertar a população em seu programa eleitoral de que “os adversários poderiam criar” alguma história contra ele.

Esse alerta durou uma semana, na propaganda eleitoral.

Depois disso, surgiu no meio da campanha um falso dossiê sobre a suposta morte de um homem chamado Reis Pacheco. O falso dossiê continha supostas provas de que Cafeteira teria, supostamente, mandado matar o homem.

Reis Pacheco era técnico de uma multinacional em São Luís. E havia atropelado e matado o ex-vereador Hilton Rodrigues, sogro de Cafeteira, quando este era governador (entre 1986 e 1989).

http://blog.jornalpequeno.com.br/ricardosantos/files/2014/09/Reis-Pacheco-300x150.jpg

Recorte do JP da época

O dossiê “surgido” do nada chega a aliados de Roseana. Alguns entusiasmam-se e conversam com jornalistas (não havia blogs, não havia internet, muito menos redes sociais e whatSapp).

Os jornais eras as peças principais do noticiário político.

Um tititi ganhou as ruas de São Luís e se espalhou pelo Maranhão, mas apenas um ou outro colunista arriscou-se a publicar alguma especulação sobre a história. Alguns jornais até pensaram em dar manchete, mas recuaram.

PTudo durou menos de um final de semana, nem deu tempo direito de o caso ir para a propaganda eleitoral…

Mas Cafeteira e seus aliados, obviamente, passaram a ser a indignação em pessoa: revoltados, sofridos perseguidos.

E num passe de mágica, eis que surge Reis Pacheco, agora um morador do Pará (provavelmente vivo até hoje), para salvar a honra do senador que enfrentava a oligarquia.

O desmentido ganhou mais destaque nos jornais que a acusação – sobretudo nos alinhados ao anti-sarneysismo.

E dominou também a propaganda eleitoral da reta final da campanha.

Assim surgiu a histórica farsa do caso Reis Pacheco, uma espécie de não-fato que, aparentemente, tinha o objetivo de influenciar no resultado das eleições de 1994 – ou consolidar alguma posição.

E a história passou a constar do anedotário político maranhense dos últimos 20 anos.

Cafeteira, apesar de tudo, perdeu aquela eleição para Roseana Sarney – e perdeu de novo em 98 – mas a disputa tornou-se histórica também por causa de Reis Pacheco.

E a história, como se sabe, cíclica, sempre se repete.

Como farsa ou como tragédia…

Marco Aurélio D'Eça

9 Comments

  1. Deça preparando o terreno pra outra farsa.
    Vc não conheceu os fatos.
    Qdp foram divulgar q Pacheco tava vivo faltou energia em boa parte do Maranhão.
    Pesquise para saber quem era o presidente da Cemar à época.

  2. Tinha 10 anos na época mas lembro que foi muito noticiado na mídia, como na época tudo era resumido em jornal e Tv não duvido que a mídia miranteana se aproveitou horrores disto. Hoje se passaram 20 anos é diferente pessoal montar um factóide deste com tantas mídias e notícias num piscar de olhos e ficar por isso mesmo.

  3. A verdadeira história você e os leitores podem ler no BLOG do Kenard, seu amigo. Lá sim ele explicou em detalhes como tudo ocorreu.

  4. Marco, mas não foi o próprio Sarney quem, no horário eleitoral, disse que o Cafeteira havia mandado matar o Reis Pacheco?

    Resp.: Não! O caso surgiu, foi desmascarado e sumiu pela mesma porta.

  5. vixe já estão até dando uma nova versão ao caso reis pacheco, com certeza é porque já perceberam que a armação de 2014 deu em merda.

  6. Perfeito meu caro D’Eça, mas vc se esqueceu de citar que naquele tempo a mídia Sarney na qual sua família faz parte e se sustentou até hoje, era a supremacia da informação no Estado. Hoje não é assim, simples assim. Dá de Cesar o que é de Cesar. De D’Eça o que é de D’Eça. Falta pouco para mudança.

  7. Este governo e toda gente dele me dá nojo, me embrulha o estômago. O candidato da situação pôs essa farsa inominável em seu horário político. Inacreditável! Nem a mais insana das criaturas, em verdade, acreditaria num vídeo desses, forjado nas sombras de uma estrutura podre e fétida. Pior que ganha as páginas de blogs, que também, em alguma medida, tentam dar alguma realidade a essa farsa grotesca. São os centuriões do Sistema. Estão apavorados com a possibilidade de ver os patrões longe do poder, e por tabela perderem as benesses oriundas da coisa pública. E ainda falam mal das prostitutas.

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