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Liberdade de expressão precisa ser absoluta…

Tentar justificar o odiento atentado terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo com a surrada frase “é preciso liberdade, mas com responsabilidade”, é um ato tão covarde quanto o dos fanáticos religiosos. Liberdade só serve, se for absoluta, plena, geral e irrestrita

 

Editorial

Quando se tenta justificar um estupro pelo tamanho da saia da moça, está-se transformando a vítima em vilão.

Quando se acha que o culpado de um assalto é o próprio cidadão que lutou para comprar um smartphone novo, está-se justificando a criminalidade.

Da mesma forma, tentar “justificar” o ato criminoso, covarde e odiento, dos fanáticos religiosos muçulmanos contra o jornal francês Charlie Hebdo com a argumentação de que “é preciso responsabilidade na liberdade de expressão”, é também dizer que o mundo precisa ficar escondido, porque fanáticos matam quando ofendidos.

Não há poréns na liberdade. Não existe meia-liberdade de expressão.

A liberdade tem que ser plena, geral, irrestrita e absoluta. E é a tentativa de tolher esta liberdade que precisa ser caçada, não a própria liberdade.

Jornalistas produzem jornalismo. E se o jornalismo atinge loucos fanáticos como os muçulmanos, não são os jornalistas que devem ser tolhidos, mas os loucos é que precisam ser caçados.

Religiosos, quanto mais fanáticos, mais perigosos são. Políticos, quando mais ideológicos, mais perigosos são. Bandidos, quanto mais livres, mais perigosos são.

E é contra esta gente que atua o jornalismo, com todos o seus defeitos e qualidades. E esta atuação deve ser exercida com absoluta liberdade.

Liberdade de expressão plena significa o direito à revelação, à provocação, ao deboche, à sátira, como faz o Charlie Hebdo. E isso é que precisa ser protegido, não o fanatismo.

Em uma civilização democrática e livre, toda expressão deve ser plena: o direito ao culto, à adoração, à fé, mas também o direito à blasfêmia, à heresia e à contestação da fé.

Os covardes costumam apontar o cidadão feliz com seu smartphone como culpado pela ação de bandidos.

Há os que julgam a minissaia da bela moça como responsável por ela ser estuprada.

É por causa de gente deste tipo – covarde, conformada, resignada – que fanáticos  continuam a agir, ditadores continuam a proibir e ladrões continuam a pilhar.

A segurança só será plena quando a liberdade for plena.

Independentemente das consequência que isso possa ter.

É simples assim…

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