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Biju monitorável…

Justiça decide monitorar por tornozeleira uma acusada que, em tese, nenhum risco oferece a sociedade, mas libera para o Dia das Crianças – sem nenhum tipo de monitoramento – mais de 300 condenados, muitos dos quais prontos para praticar novos crimes

Lidiane Leite agora ostenta tornozeleira eletrônica

“Ostentando” uma bela tornozeleira (destinada ao monitoramento eletrônico de presos e investigados de Justiça), a ex-prefeita de Bom Jardim Lidiane Leite deixou ontem o dormitório do Corpo de Bombeiros de São Luís, após ser presa sob suspeita de integrar esquema de corrupção naquele município. Às vésperas do Dia das Crianças, Lidiane passará em casa o feriado prolongado.

Assim como ela, 337 detentos do regime semiaberto do Complexo Penitenciário de Pedrinhas também passarão o feriadão em casa, na companhia de seus familiares. Ou pelo menos é isso que deveriam fazer, já que o Dia das Crianças é a motivação desta que é a quarta saída temporária de presos este ano.

Mas, diferentemente de Lidiane, os detentos não poderão ostentar uma “biju monitorável” como a dela. Afinal de contas, não passam de reles anônimos na multidão, ao contrário da ex-gestora hoje reconhecida em todo Brasil como a “prefeita ostentação”. Ao que tudo indica, tornozeleira virou artigo de exibição da Justiça somente em casos de presos especiais e famosos.

Resultado: livres e desimpedidos, muitos costumam aproveitar a saída temporária para prolongar não apenas o feriado, mas também sua estada fora da prisão.

O custo mensal de um apenado na unidade estava em torno de R$ 3 mil por mês. Um preso monitorado custaria R$ 250,00 mensais.

Só este ano, 137 beneficiados não retornaram a Pedrinhas. Como foragidas da Justiça, não é de se esperar que essas pessoas busquem meios legais para ganhar a vida. E São Luís, já assolada pela violência, passa a contar com mais “soldados” na linha de frente do crime.

Sobre monitoramento de presos, vale lembrar que em outubro do ano passado o Comitê de Gestão Integrada – criado para combater a crise no sistema penitenciário do estado – aplicou a utilização de 135 tornozeleiras em detentos provisórios.

A medida visava, além da redução da população carcerária, diminuir gastos com o sistema prisional. O custo mensal de um apenado na unidade estava em torno de R$ 3 mil por mês. Um preso monitorado custaria R$ 250,00 mensais.

Pergunta que não quer calar: com a violência em alta, não seria mais barato investir numa política eficaz de vigília eletrônica do que pagar o preço imensurável de ter mais bandidos à solta, agravando o pânico da população?

Enfim, em breve se saberá quantos detentos, dessa vez, não retornarão a Pedrinhas.

De O EstadoMaranhão, com ilustração do blog
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