Vencedores denunciam que são obrigados a dividir valor dos prêmios com outros supostos ganhadores, que só são apresentados no momento do recebimento; caso será levado ao Ministério Público
Uma denúncia grave, documentada e registrada põe em xeque a credibilidade dos sorteios do programa Maracap, transmitido semanalmente na televisão.
De acordo com os documentos encaminhados ao ex-vereador Fábio Câmara (PMDB), à Polícia Federal e ao Ministério Público – são mais de 100 páginas, as quais este blog teve acesso integral – o Maracap pode estar criando ganhadores-fake para forçar os verdadeiros ganhadores a dividir o prêmio.
Ganhador não anunciado
A primeira denúncia diz respeito à 5ª edição do sorteio, realizado no dia 18 de setembro de 2016.
O programa anunciou um vencedor do 4º prêmio (uma S10 Advant), mas não deu o nome, como deveria acontecer obrigatoriamente.
Ocorre que J.R.S.C (o nome está mantido em sigilo, mas o Maracap também tem os dados) estava acompanhando o sorteio e constatou ter batido no mesmo prêmio. No dia seguinte, em 19 de setembro – mesmo sem ter recebido a ligação da empresa, como ela anuncia que faz – J.R. foi à sede do Maracap, de posse do Certificado nº 064105, comprovando ter batido.
Os gerentes identificados por Sidney e Valdemar constataram que o certificado havia batido, de fato, mas comunicaram a ele que outros dois apostadores – G. C. Jr. e R.V.P. – também haviam batido no mesmo prêmio. Seu J.R. foi obrigado a dividir por três o valor de R$ 82 mil, recebendo em espécie o valor e R$ 27,3 mil, no financeiro da empresa, conforme recibo timbrado pelo Maracap, em poder deste blog.
– Esta é a suspeita de que a empresa pode estar forjando ganhadores para forçar os verdadeiros a ter que dividir o prêmio. Isso é um crime grave – afirmou Fábio Câmara.
E aí surge o mais grave.
Os dois vencedores apresentados pelo Maracap em seu site, em vez de dividir o prêmio por três, dividiram apenas por dois, recebendo cada um R$ 42 mil. O dois nem tomaram conhecimento de que J.R. havia ganhado junto com eles, e receberam o dinheiro em cheque assinado pela Invest Capitalização, segundo Ata do sorteio.
Essa divisão leva à suspeita de que seu J.R.S.C. pode ter sido enganado para receber apenas 1/3 do prêmio que merecia, um excelente lucro para a empresa.
Não é a primeira vez que Fábio Câmara chama atenção para as atividades do Maracap.
Em outubro de 2015, ele denunciou o Título de Capitalização ao Ministério Público por suspeitas de lesão aos ganhadores. A empresa passou quase dois anos fechada até se readequar. (Relembre aqui e aqui)
Sorteio errado
No mesmo sorteio de 18 de setembro, a Maracap anunciou como vencedores do segundo prêmio (uma Moto Honda CG 150 Start) R. N. L. S. e E. N. S. J. Mas, após a documentação dos ganhadores chegar à Invest Capitalização, “constatou-se” que o título de R.N.L.S. (nº 215778) não era o vencedor, mas o título de número 215780, pertencente a J. M. A.
Mesmo assim, o concurso pagou R$ 3.750,00 a R.N.L.S, em um cheque assinado pela F & M Promoções & Serviços, como se dividisse o prêmio. Mas apenas dois dos vencedores apareceram no site da empresa.
– Fica evidente que há manipulação nas premiações e algumas pessoas são pagas em espécie para n~çao levantar suspeitas. A Polícia Federal precisa investigar a fundo este dossiê. E é isso que vou encaminhar às instituições responsáveis – afirmou Fábio Câmara.
O ex-vereador cita ainda várias outras irregularidades no funcionamento do Maracap, como favorecimento a regionais, sorteio antecipado de ganhadores da rodada da sorte e até a realização de sorteios sem a chancela de um título de capitalização, o que seria ilegal.
Mas esta é uma outra história…