Governador tenta usar a Justiça Eleitoral para falar sem interrupções nos veículos do grupo que ele ataca diariamente; além de negar pretensão ao comunista, desembargador o exorta a conviver democraticamente com as opiniões contrárias
Dino na primeira entrevista da Mirante FM: diálogo aberto e franco não agradou governador, que prefere os monólogos
Editorial
É simplesmente um absurdo o argumento usado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) para tentar forçar uma nova entrevista ao programa Jornal da Mira, da rádio Mirante FM.
O comunista argumentou ao Tribunal Regional Eleitoral que durante entrevista da semana passada, teria sofrido interrupções em sua fala, além do que, segundo ele, os apresentadores – Clóvis Cabalau, Gleidson Botelho e Carla Lima – emitiram crítica à sua postura, após o programa.
O desembargador José de Ribamar Castro indeferiu o pedido de Flávio Dino, e deu mais uma lição de moral no comunista – igual ao puxão de orelha da semana passada, já reproduzida neste blog. (Relembre aqui)
– Não se pode olvidar que a livre manifestação do pensamento é umas das principais bases de um Estado que se propõe a ser democrático, e que, mesmo a crítica política por meio da imprensa, constitui um valor fundamental desse modelo de regime – destacou o magistrado.
E o que queria Flávio Dino? Uma entrevista na qual só ele falasse? Um monólogo em que pudesse dizer o que quiser sem contraponto?
Ele chegou a encaminhar ao magistrado do TRE áudios da entrevista para alegar que fora entrevistado de forma distinta pelos entrevistadores.
– Não distingo nesse fato qualquer prejuízo ao entrevistado que pudesse recomendar uma nova participação sua no programa ou aplicação da multa pelo descumprimento da decisão, dado que o pré-candidato me pareceu bastante exitoso na emissão de opinião sobre os temas propostos – descartou Ribamar Castro.
A grande questão que incomodou Flávio Dino na entrevista que ele próprio impôs à Mirante, foi o fato de Clóvis Cabalau, Carla Lima e Gleidson Botelho terem feito contraponto às suas versões sobre a economia maranhense.
Ao desembargador do TRE, ele chegou a ponderar que os apresentadores mostraram fatos inverídicos.
O juiz também brecou mais esta intenção do comunista maranhense.
– Particularmente quanto à discussão atinente aos dados da evolução da economia maranhense, avalio que a questão não evidencia o envolvimento de fatos sabidamente inverídicos, aptos a justificar uma limitação do direito de imprensa, sobretudo porque, de parte a parte, alega-se que as informações apresentadas são provenientes de fontes oficiais. Nesse contexto, já seria possível discernir que a discussão não abrange fatos contestáveis estreme de dúvidas. Logo, indefiro a pretensão do Partido Representante – despachou.
E Flávio Dino vai ter que esperar outro momento para falar na Mirante…