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Escola “sem partido” ou com partidos da Direita?!?

A pressão que fazem movimentos conservadores e reacionários para aprovação de projetos que impeçam a suposta doutrinação de alunos no ensino público revela que o interesse é apenas garantir espaço para suas próprias ideologias

 

Noticia-se em São Luís que o Movimento Brasil Livre, de extrema direita, vai pressionar a Câmara Municipal pela aprovação do projeto “Escola Sem Partido”.

Em todo o país, se vê ações de pensadores de direita, partidos de direita e movimentos de direita contra uma suposta doutrinação de esquerda nas escolas públicas.

Logo se vê que o tal projeto Escola Sem partido não é sem partido coisíssima nenhuma; ela é contra apenas os partidos de esquerda.

Está mais do que claro que setores do governo Jair Bolsonaro (PSL) querem impedir a todo custo qualquer resquício de ideologia de esquerda em todos o setores da vida nacional.

Querem implantar, sim, uma escola pública com ideais da direita extrema, com conceitos de ordem unida, moral e cívica, continência à bandeira,  “livro de ponto e manifestações de apreço ao diretor”, como já bem definia Manuel Bandeira, em poema modernista.

Escola sem partido é uma ideia utópica

Até porque as escolas deveriam ser de todos os partidos, todas as bandeiras, todos os ideais, debatidos e discutidos à exaustão, formando opinião e criando conceitos.

A Educação só prospera se for livre de amarras ideológicas – da esquerda ou da direita.

E o Brasil que se construiu até aqui conseguiu seguir em frente em meio a todas as ideologias.

E assim deve continuar seguindo.

Isso é liberdade…

Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas.

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador

Político

Raquítico

Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

O lirismo dos clowns de Shakespeare.

– Não quero saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974.
P.S.: a transcrição do poema manteve a forma de escrita usada, à época, pelo poeta, mantida na compilação de José Aguilar

Marco Aurélio D'Eça

4 Comments

  1. Caro Marco,
    Discordo desse posicionamento em seu artigo, veja bem:
    Vamos voltar ao governo Lula, com a proposta educacional endossada pelo seu ministro da educação a época, o Haddad. Minha mãe é educadora, por isso falo com tal propriedade, depois da reforma encampada, passado dois anos – tempo médio para alguma proposta política resultar em algo – os resultados, pura análise de números e não julgando outra coisa, apresentaram como sendo uma falha na educação.
    Cansei de ouvir relatos da minha mãe que professor estava mais interessado em passar sua vertente política do que ministrar aulas.
    Ela, por sua vez, da aulas particulares e mesmo entre esses alunos percebia-se a grande quantidade de doutrinação. Com muita dedicação ela quebrava a doutrina embutida nos alunos, isto geralmente acarretava, com o perdão do trocadilho, de zero a esquerda para zero a direita.
    Dito isto, esses mesmos alunos se tornaram empresários de sucesso, concursados e graduados no exterior inclusive.
    A opinião de todos eles, graças a minha mãe que estava mais preocupada em ensinar que doutrinar, era de gratidão.
    Ela foi diversas vezes chamada para graduação em faculdades de renome a convite desses alunos.
    Tal situação acontece, pois muitas vezes ela ia enfrentando o dogmatismo que o professor é autoridade na sala. Ela ensinava e esperava até o aluno chegar às conclusões.

  2. O que comentar? Oque se falar para uma porta? Nada!!! Absolutamente nada!!! Este já foi doutrinado ha muito tempo, um teleguiado da esquerda, não tem remédio para esta doença!!!

  3. Parabéns. Maravilha. Bandeira disse tudo. Corrige ( não foi erro seu ) a palavra espediente na linha 4 do poema. Grafe expediente. Nem precisa publicar.

    Resp.: Na verdade, a expressão está escrita como foi da época do poema. É o original do livro, por isso não modifiquei. Há outras formas no texto que já foram ultrapassadas, mas quis manter o original do ensaísta que fez a coletânea do manuel Bandeira.

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