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Racismo que ocorreu no Educalis é comum nas escolas privadas de SLZ

Colégios da chamada elite tradicional da capital vivenciam sistematicamente casos de preconceito velado contra negros, homoafetivos e bolsistas, que vez por outra explodem em crises entre alunos e familiares; mas a prática resiste até mesmo em escolas públicas

 

O ambiente escolar elitista e com segregação de classes é estímulo para o racismo, que está na raiz, inclusive educacional, no Brasil

Editorial

O caso de racismo puro e simples praticado por um aluno do Colégio Educalis, em São Luís, teve forte repercussão nacional esta semana; mas a prática é mais comum do que parece na rede privada da capital maranhense.

Escolas que se apresentam como da elite ludovicense vivenciam sistematicamente casos de preconceito contra negros, homoafetivos, transgêneros, bolsistas e até professores.

Algumas, mais tradicionalistas e católicas, por exemplo, até proíbem debates sobre aborto, casamentos homoafetivos e outros assuntos tidos por polêmicos.

A decisão do Educalis de expulsar o aluno racista poderia merecer aplausos, mas só foi tomada sob pressão; a principio, a punição da direção para crime tão hediondo seria apenas três dias de suspensão.

Tanto que o perfil do colégio em uma rede social chegou a curtir comentário de um dos prováveis pais dizendo que o aluno racista “precisaria de apoio, não de punição”.

E o insultado, cara-pálida? Precisaria de quê? de conviver calado e sem reação com um nazistinha auto-declarado supremacista?

Escolas públicas em tensão permanente

Mas o racismo e o preconceito ocorrem também, e com muito mais radicalismo, nas escolas públicas, onde as classes sociais esquecidas – “pobres de tão pretos ou pretos de tão pobres”? – tendem a matricular os filhos.

É para as escolas públicas que vão, por exemplo, a maior parte dos transgêneros, ainda sem noção de sua identidade de gênero e tratado apenas por gay ou travesti em comunidades sem conhecimento e professores ignorantes.

Stheffany Pereira, mulher transgênero que sofreu preconceito e humilhação quando de sua passagem pelo Liceu Maranhense

Quem não se lembra do caso da trans Stheffany Pereira, impedida por colegas e pela direção do Liceu Maranhense de usar o banheiro feminino?

O racismo estrutural  – e junto com ele o preconceito, a homofobia, a transfobia e a segregação social – precisam ser combatidos em sua raiz histórica. 

E isso significa uma revisão histórica de tudo o que fez a sociedade achar que negro é uma raça inferior.

Achar “radicalismo desnecessário” o ativismo revisionista de casos como o de Monteiro Lobato – racista, nazista e preconceituoso, que estimulava, de forma elisiva e subliminar a segregação de classes e raças – não passa de uma forma elitista de manter negros e brancos separados entre a casagrande e a senzala.

Essa revisão precisa chegar na raiz, incluindo a tradição católica-apostólica-romana, que, afinal, foi fundada em pilares racistas, escravagistas e sexistas de seu fundador e símbolo maior.

Mas esta é uma outra história…

Marco Aurélio D'Eça

4 Comments

  1. Então você concorda com a redução da maioridade penal?

    Resp.: Concordo em punir severamente o crime de racismo no Maranhão. E no caso de um menor, a expulsão da escola é uma punição razoavel. Simples assim.

  2. Quanta viagem na maionese. Nunca se poderá exigir respeito ou igualdade com leis, censuras, patrulhamentos, cotas, afirmações vazias. O racismo contra o negro só depende dele mesmo e só mudara quando da mudança de valores. Pergunte para si porque se respeita e admira o asiático e não um africano. Porque a África e uma enorme favela (assim como parte da América latrina) e comece a pensar (sei que e difícil para um esquerdista, quase impossível). Sobre o aluno do Colégio, a escola quis dar uma de politicamente correta e trocou os pés pelas mãos. Tomou uma ação baseada na pressão e, com certeza, piorou a situação (ate rimou). O ofensor e ofendido deveriam ter sido acompanhados e para que trabalha com adolescentes diariamente deve saber que a adolescência e um caldeirão de hormônios em ebulição e as vezes isso gera patologias psicológicas. Por fim, quanto a monteiro lobato, ate a bíblia dos lunáticos se posicionou contra o massacre cometido contra o mesmo, apontando a diferença entre um momento e apologia. Para tem tem esfomago de ler esta revista: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/cacada-ao-racismo-2/

  3. A criança precisa de ajuda e não de condenação. Descumprimento total do estatuto da criança e do adolescente. Cade o conselho tutelar? Cade o Ministério Público Estadual?
    Caso típico de “cancelamento de internet” tão em voga nos dias de hoje.
    Tem que amparar todas as crianças envolvidas. Tanto os ofendidos quanto os ofensores. mas sem se esquecer da condição de criança dos envolvidos.
    A condenação por internet (cancelamento) ainda vai matar pessoas.

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