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Os critérios de Flávio Dino e a performance dos candidatos da base

Ao revelar, pela primeira vez, quais são os pré-requisitos que irão nortear a escolha do candidato da base governista nas eleições de 2022, governador põe em xeque o próprio compromisso com o documento assinado em julho

 

Base dinista reunida em julho para definição dos critérios queriam nortear a escolha do candidato a governador; todos concordaram com tudo

Análise de conjuntura

Pela primeira vez desde que assinado, em julho, o governador finalmente revelou, ontem, os três critérios que o candidato a governador deve atender para ser o escolhido candidato da base governista em 2022.

Segundo Dino, o escolhido será aquele que mostrar compromisso com seu legado, agregar o maior número de partidos e lideranças na base e ter potencial eleitoral, ou seja, capacidade de desempenho nas pesquisas.

O blog Marco Aurélio D’Eça mostra abaixo o potencial de cada um dos quatro candidatos dentro dos critérios estabelecidos por Dino; e aponta a dificuldade que ele terá para cumprir o que assinou.

1º Critério: fidelidade ao legado de Dino

Senador Weverton Rocha (PDT): aliado de Flávio Dino desde as eleições de 2006; junto com o governador, ajudou a construir a candidatura de Edivaldo Júnior (PDT) em 2012, a primeira eleição de Dino em 2014, a releição de Edivaldo em 2016 e a reeleição de Dino em 2018; é o único dos pré-candidatos da base que segue desde sempre o mesmo espectro ideológico de Dino, na esquerda.

Vice-governador Carlos Brandão (PSDB): Apesar de não ter estado com Dino em algumas eleições em São Luís e no estado, Brandão se alinhou ao governador nas eleições de 2014; mostrou fidelidade a ponto de ser reconduzido à chapa que se reelegeu em 2018. Conhece o governo por estar nele desde o início.

Secretário Simplício Araújo (Solidariedade): também está no governo Flávio Dino desde o início do mandato e compõe a base dinista no interior. Tem compromisso com o legado de Dino por ter ajudado a construí-lo, embora tenha posição diferente no espectro ideológico.

Secretário Felipe Camarão (PT): é um dos chamados “‘direitoboys”, ex-alunos de Flávio Dino e do desembargador Ney de Barros Belo Filho, que tem forte influência no governo. É considerado o preferido de Dino não apenas para sucedê-lo, mas para qualquer posto majoritário que se apresenta, desde 2016. Era do DEM até se filiar ao PT, no início de agosto.

2º critério: capacidade de agregar a base

Weverton Rocha: tem hoje o maior número de aliados na base de sustentação do governo; tem apoio do DEM, do PDT, do PSL, do PRB, do Cidadania, e do PP. Também reúne em seu palanque a maioria dos prefeitos dos maiores colégios eleitorais, os presidentes da Assembleia, da Famem e da Câmara de São Luís, a senadora Eliziane Gama e cerca de 90 prefeitos.

Carlos Brandão: o vice-governador se ressente de ainda não ter espaço no governo para agregar aliados. Cogita-se para sua composição apenas o PCdoB e o PSB. Seus aliados dizem que, no governo, a partir de abril, ele terá capacidade de cooptar prefeitos importantes e lideranças políticas de peso.

Simplício Araújo: o secretário de Indústria e Comércio tem muita força na classe empresarial, mas não consegue agregar partidos em torno do seu nome. É forte em algumas regiões do interior e tenta mostrar capacidade de agregamento de lideranças, sobretudo ex-prefeitos e ex-candidatos a prefeito.

Felipe Camarão: o secretário de Educação tem força no interior, onde reúne lideranças partidárias, prefeitos e ex-prefeitos em torno do seu nome. Apesar de ter chegado há pouco tempo no PT, conseguiu apoio de petistas do alto escalão, como os deputados Zé Inácio e Henrique Souza.

3º critério: potencial eleitoral

Weverton Rocha: o senador do PDT lidera todas as pesquisas de intenção de votos entre os candidatos da base governista. É também o único capaz de fazer frente a uma eventual candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Weverton tem potencial eleitoral já medido em pesquisas municipais de várias regiões; e tem números qualitativos que apontam o potencial de crescimento do seu nome.

Carlos Brandão: o vice-governador tucano ainda não conseguiu superar os dois dígitos em nenhuma pesquisa já divulgada; e tem dificuldade em diversas regiões do Maranhão. Seus aliados apostam que ele crescerá a partir de abril, embora alguns entendam faltar tempo hábil para sua viabilização. É pouco conhecido do eleitor, o que pode servir para potencializá-lo ou desacreditá-lo.

Simplício Araújo: o titular da Seinc consegue superar Carlos Brandão, e até Weverton Rocha, em várias regiões do Maranhão. No quadro geral, consegue ser tão forte eleitoralmente quanto o vice-governador. Seus índices em alguns municípios são os maiores dentre todos os candidatos.

Felipe Camarão: o secretário de Educação ainda não teve tempo para ser medido substancialmente nas pesquisas de intenção de votos. Mesmo assim, ele apareceu em condição de empate técnico com o vice-governador em diversos municípios. O PT espera que ele esteja em posição melhor nas pesquisas de dezembro, por isso pregam o adiamento da escolha do governador.

Em entrevista em Imperatriz, Flávio Dino confirma critérios de escolha do candidato

Esta analise mostra como Flávio Dino terá dificuldade se quiser impor uma realidade só sua na escolha do candidato da base, o que pode levar à implosão do governo.

Mas o governador é soberano para fazer o que quiser, sem atribuir culpa a terceiros.

Só precisa arcar com as consequências…

Marco Aurélio D'Eça

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