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Weverton Rocha e o Maranhão das castas políticas

Ao dizer em entrevista ao programa Abrindo o Verbo, da Mirante AM, que os poderosos se incomodam com sua candidatura por que não aceitam que o filho de uma professora possa querer ser governador do estado, senador reabre o debate sobre o patrimonialismo na política do Maranhão

 

Weverton Rocha na Mirante: poderosos nem admitiam sua candidatura; outros poderosos trabalham para ele não estar no segundo turno

Análise da notícia

Uma declaração do senador Weverton Rocha (PDT) durante entrevista ao programa Abrindo o Verbo, da rádio Mirante AM, nesta segunda-feira, 21, teve forte repercussão na mídia e reabriu o debate sobre o poder do sobrenome e o patrimonialismo na política do Maranhão.

– Já tivemos até um presidente metalúrgico, mas aqui no Maranhão, para muitos é um incômodo o filho de uma professora ser governador. Devem pensar: alguém que não é da nossa casta – criticou Weverton, durante conversa com o radialista Geraldo Castro.

O desabafo do senador pedetista tem razão de ser.

Ao longo dos seus quase 16 anos de existência, o tema “sociedade de castas no Maranhão” tem sido recorrente em posts do blog Marco Aurélio D’Eça.

O blog critica, sobretudo, a influência de sobrenomes para que o poder no estado passe de pai para filho e esposas; e para sobrinhos e netos de poderosos, sejam do poder Executivo, do Legislativo e do Judiciário. (Entenda aqui, aqui, aqui, aqui e aqui)

Um dos mais recentes textos teve por título “Sobre filhos, netos e sobrinhos nas eleições de 2020”; fez uma crítica da política como herança e revelou:

– Dos nove pré-candidatos já postos para a disputa, nada menos que cinco são filhos, netos ou sobrinhos de políticos tradicionais do Maranhão, incluindo o próprio líder nas pesquisas, Eduardo Braide (Podemos), filho do ex-presidente da Assembleia, Carlos Braide.

O discurso de Weverton Rocha é, portanto, atual e pertinente ao momento por que passa o Maranhão.

Flávio Dino e seus dois senadores eleitos em 2018: pela primeira vez , a representação no Senado não foi entregue como presente aos poderosos da Política

Pela primeira vez na história, o candidato que lidera as pesquisas não tem nenhum tipo de parentesco com poderosos ou é membro de famílias tradicionais da política. Ao lado de Josimar Maranhãozinho (PL) e Lahésio Bonfim (Agir), Weverton forma a trinca de candidatos que disputa contra os últimos remanescentes da política patrimonialista e os que têm a política como herança no estado.

Fazem parte destas “castas” o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), neto, filho e irmão de coronéis da política de Colinas; o senador Roberto Rocha (PSDB), filho de ex-governador; e o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior, que chegou à política pelas mãos do pai, homônimo, ex-deputado federal e estadual, e ex-vice-prefeito da capital.

Político mais votado da história do Maranhão – com quase 2 milhões de votos em 2018 – Weverton não está só neste patamar de filho das camadas populares que chegaram ao poder; ao seu lado pode-se incluir a também senadora Eliziane Gama (Cidadania), o presidente da Assembleia, Othelino Neto (PDT) e os deputados estaduais Wellington do Curso (PSDB), Dr. Yglésio (Pros), Zé Inácio (PT), Roberto Costa (MDB) e Duarte Júnior (PSB).

Essa mudança – deve-se reconhecer, com justiça – foi proporcionada pelo governador Flávio Dino (PSB), embora ele próprio seja um representante da política de castas do Maranhão.

A vitória de Flávio Dino em 2014 abriu o poder no Maranhão para jovens lideranças, alguns vindo das camadas mais populares e sem sobrenome famoso, como já apontado pelo blog Marco Aurélio D’Eça no post “Eleições devem consolidar transição de gerações no poder no Maranhão…”

Dino, portanto, pode tanto consolidar seu legado, apontando para o futuro, quanto voltar ao passado patrimonialista do Maranhão.

A escolha é dele…

Marco Aurélio D'Eça

7 Comments

  1. O problema não é ser filho de uma professora; o problema é o filho que a professora tem, neste caso.

  2. Soa no mínimo estranha a tentativa do articulista de desvencilhar do dito “patrimonialismo” maranhense um político tradicional, apesar da pouca idade, que já responde por tantas acusações formais de corrupção na Justiça. E é conhecido de toda uma geração por desvios em carteiras de estudante da UMES e mais recentemente, lamentavelmente, pelo desmonte da legislação de combate à improbidade administrativa no Congresso Nacional (de cujo PL ele foi relator). Terá muito a explicar ao povo maranhense esse filho de professora.

  3. “Senador diz que filho de professor querer ser governador incomoda”
    Do senador Weverton Rocha, ontem, durante a entrevista à rádio Mirante AM:

    “Já tivemos até um presidente metalúrgico, mas aqui no Maranhão, para muitos é um incômodo, o filho de uma professora ser governador. Devem pensar: alguém que não é da nossa casta”.

    Não é bem assim. O governador Luiz Rocha teve origem extremamente humilde, foi morador da antiga e mau cuidada Casa do Estudante, no Lira, e chegou ao Palácio dos Leões com seus próprios pés. O governador Epitácio Cafeteira nasceu de família humilde na Paraíba e foi bancário antes de ser político. O governador João Alberto nasceu de uma família de servidores públicos. Edison Lobão também saiu de uma família humilde. O governador José Reinaldo é filho de servidores públicos.

    Outros exemplos reforçam que muitos governadores do Maranhão não saíram de famílias ricas e influentes, que ele chama de castas.

    do blog RIBAMAR CORREA

    • Coitado do bichin, tão novin, senador da república. Apressadinho, ganancioso pelo poder, pelo dinheiro. Tudo começou com Jackson, e na sequencia com Flávio Dino. Usou e abusou destes governos, com todo seu povo com cargos em setores estratégicos do governo. Esse é um maquiavélico.

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