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Empresário assassinado por desacerto em divisão de propina da Seduc foi nomeado em novembro na própria Seduc

João Bosco Sobrinho Pereira Oliveira – que mostrava intimidade com o grupo Flávio Dino e com o ex-secretário de Educação – recebeu salário até mesmo depois de morto; ele foi vítima de um crime que tem relação com a divisão de recursos pagos irregularmente pela própria secretaria onde trabalhava, e que envolve também o sobrinho do próprio governador Carlos Brandão, o secretário Daniel Itapary Brandão

Diário Oficial do dia 14 de dezembro retifica a nomeação de João Bosco Pereira na Secretaria de Educação, pasta comandada pelo hoje candidato a vice, Felipe Camarão

Assassinado em 19 de agosto na frente do próprio sobrinho do governador-tampão Carlos Brandão, o empresário João Bosco Sobrinho Pereira Oliveira era funcionário da própria Secretaria de Educação, pasta de onde saíram os R$ 778 mil que resultaram em sua morte.

Bosco foi nomeado pelo então secretário de Educação Felipe Camarão (PT) – hoje candidato a vice na chapa de Brandão – e teve inclusive o pagamento de agosto efetuado, mesmo depois de morto; não consta, ainda, nas edições do Diário Oficial do Estado nenhuma portaria com sua exoneração.

A revelação da nomeação do empresário assassinado por desacerto na divisão de propina da Seduc – segundo contou o próprio assassino – aponta para duas sentenças:

1 – A relação da vítima com a Seduc – que, segundo o próprio assassino, motivou o assassinato – era anterior ao pagamento de R$ 778 mil referente a um resto a pagar de 2014;

2 – Nenhum dos envolvidos no caso – incluindo o sobrinho do governador Brandão, o secretário Daniel Brandão – estava ali por mero acaso.

Foi Daniel Brandão, inclusive –  “amigo em comum” de todos ali presentes, como consta em depoimentos – quem chamou o assassino para a reunião do dia 19 de agosto, no edifício Tech Office, na avenida dos Holandeses, segundo revelou o blog de Jeisael Marx.

João Bosco Sobrinho Pereira Oliveira foi nomeado por Felipe Camarão no dia 30 de novembro para o cargo de Auxiliar Técnico II, símbolo DAI-5, com proventos de R$ 1.212,00;

Em 14 de dezembro, foi publicada nova Resolução do secretário, “retificando a nomeação para o cargo de Auxiliar Técnico.” (veja documento que ilustra este post)

Em 10 de novembro, Bosco anuncia que está indo tomar posse no cargo na Seduc, mesmo recebendo apenas salário mínimo como proventos

Em um vídeo gravado em novembro de 2021, provavelmente no dia da posse, o próprio Bosco anuncia que “tô indo agora ser nomeado a superintendente junto à Secretaria Estadual de Educação do nosso querido estado do Maranhão”.

Em junho deste ano, João Bosco aparece em vídeo no palanque de um comício do governador Carlos Brandão, no qual está também Felipe Camarão e o vereador Beto Castro; o empresário chega a tirar selfie com o ex-governador Flávio Dino (PSB), mostrando intimidade com os círculos do poder, como mostrou o blog de Gláucio Ericeira. 

 

Recorte de vídeo em que Bosco aparece ao lado de Flávio Dino, de Beto Castro e do seu ex-chefe na Seduc, Felipe Camarão

Bosco foi assassinado no dia 19 de agosto, após sentar-se na mesma mesa com o sobrinho de Brandão, Daniel Brandão, que chamou o assassino Gibson César Soares para a reunião, onde seria definida a divisão dos R$ 778 mil recebidos da Seduc, segundo depoimento do próprio Soares.

O sobrinho do governador presenciou o assassinato e foi citado por todos os depoentes do caso, mas a polícia, até agora, faz de conta que ele não existia na cena do crime.

Os proventos de agosto caíram na conta do empresário assassinado com os descontos de praxe: R$ 90,90…

Marco Aurélio D'Eça

8 Comments

  1. Comissionado ganha um salário base acrescido de mais uma comissão do Fundo Estadual depositado em conta.
    Dependendo da indicação política da pessoa, esse comissionado ganha uma significativa gratificação pelo Fundo.

  2. É bom que se saiba que nenhum comissionado recebe exatamente um salário mínimo na Seduc.
    Salário mínimo de comissionado na Seduc refere-se a salário-base no contracheque.
    Na verdade, esse salário é complementado por uma significativa gratificação do Fundo Estadual.
    Parte dessa gratificação foi subtraída dos servidores efetivos da Seduc.
    Agora eles sabem para onde foram os recursos retirados sem justificativa pela turma do Felipe Camarão.
    Aí pergunta-se: os servidores efetivos que foram massacrados esses oito anos por esse governo vai recompensá-lo votando em seus candidatos???
    Será que os professores que não receberam a sua ampliação vão votar neles?

  3. Engana-se quem diga que “comissionado” da Seduc ganha apenas um salário mínimo.
    Este é o salário base que sai no contra cheque.
    Em se tratando de “amigos do Felipe Camarão”, acrescente-se + uma complementação pelo Fundo Estadual da Educação valores significativos na ordem de R$ 5.000,00 pra mais, muito mais.
    O que se sabe é que os servidores efetivos foram prejudicados e muito na gestão amadora de Felipe Camarão, quando o mesmo reduziu as suas gratificações, isto porque eles são os que movem máquina.
    Uma bela ação do Felipe Camarão e adjuntos como forma de brindar o excepcional e importante trabalho que os servidores comprometidos executam na Seduc.
    Agora sabemos para onde foram os recursos garfados de quem realmente trabalha.

  4. ESSE CASO É MUITO ESTRANHO, HÁ MAIS CAROÇO NESSE ANGU DO QUÊ APARENTA, EU TENHO CERTEZA, MAS PARECE QUE HÁ UMA OPERAÇÃO ABAFA O CASO GERAL.

  5. O ” DEFUNTO ” ,além de outras ” VIRTUDES “, ainda era MENTIROSO! Mentiu até no Cargo.

  6. Só retificando o prezado jornalista: Restos a Pagar são despesas que ficam em aberto de um exercício para o outro, ou seja, despesas que deveria ser pagas em 2021 e serão pagas em 2022.
    Anos passados, ou seja de 2020 para trás, nesse caso era 2014, são Despesas de Exercícios Anteriores.
    Excelente reportagem.

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