Procurador denuncia ex-chefe do Ministério Público por uso indevido de policiais

Raimundo Nonato de Carvalho Filho cobrou explicações do atual procurador-geral Danilo Castro pela liberação de cinco homens das forças de segurança e mais um veículo ao colega Eduardo Nicolau, mesmo este já tendo deixado o comando do MPMA

 

Foi uma verdadeira confusão a primeira reunião extraordinária do Colégio de Procuradores do Ministério Público que resultou na frase infeliz e posterior pedido de desculpas do procurador-geral de Justiça Danilo Castro aos juízes maranhenses, como registrou este blog Marco Aurélio d’Eça no post “chefe do Ministério Público não aguenta repercussão de ironia à Justiça…”.

A reunião, que durou exatas 2h30m35 (assista à íntegra aqui), já começou com uma cobrança grave do ex-procurador-geral de Justiça Raimundo Nonato de Carvalho Filho contra o também ex-PGJ Eduardo Nicolau, pelo uso indevido de policiais em sua segurança pessoal, mesmo não tendo esta prerrogativa.

  • segundo Carvalho Filho, Eduardo Nicolau tem à disposição cinco policiais e uma viatura para escolta;
  • o ex-procurador cobrou, de corpo presente, explicações ao próprio Nicolau e ao atual PGJ Danilo Castro.

“Eu acho deplorável, já que o Ministério Público defende a moralidade. Eu não vou mais calar diante disso que estou vendo. Dr. Eduardo Nicolau não tem por que ter cinco policiais e um carro à disposição dele. Sou  questionado todos os dias, eu e outros colegas por que tem isso no Ministério Público. Vamos parar de brincar com o Ministério Público Maranhense. Eu não aceito”, desabafou Raimundo Nonato de Carvalho Filho. (Veja vídeo acima)

Presente à sessão, Nicolau justificou que pediu a escolta policial por ter sido ameaçado “por quatro homens que estão na penitenciária”.

Este blog Marco Aurélio d’Eça pesquisou em arquivos dos principais veículos de comunicação todas as matérias referentes ao ex-procurador, desde o início de sua gestão, em 2020; nenhuma referência à suposta ameaça de morte foi localizada.

“SITUAÇÃO DEPLORÁVEL”. indignado e cobrando moralidade do Ministério Público, procurador denunciou de corpo presente o colega

Raimundo Nonato de Carvalho Filho foi procurador-geral de Justiça por dois mandatos em um dos períodos mais ameaçadores do Maranhão, em plena investigação do crime organizado, Orcrim que envolvia políticos, policiais e empresários.

Na sessão do Conselho, ele revelou que nunca pediu qualquer escolta ou segurança armada, para si ou para a família.

“Eu fui procurador-geral e investiguei o crime organizado e o deputado Zé Gerardo, pedi sua prisão. Ele mandou o filho dele perseguir a minha filha, ela jogou o carro e correu para os braços da mãe. E nem assim eu pedi. Eu fiquei sozinho, andando com o motorista. E por que tem que ter isso? Por que o procurador-geral lá do inferno tem esse daqui tem que ter?”, questionou Carvalho Filho.

Visivelmente constrangido, Danilo Castro disse apenas que a ordem da escolta é do Conselho Nacional do Ministério Público.

A guarda pessoal de Eduardo Nicolau enfrenta também uma representação no CNMP…

Marco Aurélio D'Eça