As forças progressistas no estado estarão face a uma dificílima opção em 2026: abraçar o candidato de cada um, com todas suas fragilidades, ou assumir como prioridade absoluta o fortalecimento da candidatura do presidente Lula

PRIORIDADE NACIONAL. Lula com Brandão e Dino: projetos de cada um não podem sobrepor-se à necessidade de fortalecimento do palanque presidencial
Por Haroldo Saboia
Dois blocos apoiam o governo federal e reivindicam o apoio do Presidente Lula na disputa pelos Leões, em 2026, no Maranhão: um liderado pelo governador Carlos Brandão (PSB), outro aglutinado em torno da anunciada candidatura de Felipe Camarão (PT). Cada um dos grupos com seu dilema:
- Brandão permanecerá no governo para lançar candidato próprio à sua sucessão?
- A candidatura de Felipe Camarão terá fôlego para se manter, caso ele não assuma o governo e não dispute as eleições no cargo?
- Ambos os grupos estariam dispostos a “conceder” ao presidente Lula o “direito” de indicar os nomes dos dois candidatos ao Senado?
Ousaria afirmar que tal equação não é capaz de superar as dificuldades impostas pelo cerco político e midiático ao governo Lula III.
Nas eleições anteriores – em que conquistou a presidência – o apoio de Lula aos candidatos aos governos estaduais (sobretudo no Nordeste) era, em muitos ou na maioria dos casos, suficiente para alçá-los ao segundo turno com maior facilidade. E – lembremos: a candidatura a governador que chegasse em primeiro lugar ao 2º turno, regra geral, já teria elegido seus candidatos ao Senado.
Em 2026, tudo indica, não será assim.
Com o hiper acirramento da disputa presidencial novas lógicas irão exigir novos comportamentos das bases estaduais do Presidente Lula. Estas terão que indicar candidatos efetivamente competitivos capazes de:
- 1 – ampliar a força eleitoral do Lula em seus Estados;
- 2 – levar o candidato a governador ao 2º turno, e em primeiro lugar, condição necessária mas não suficiente para:
- 3 – eleger os dois candidatos ao Senado.
No caso concreto do Maranhão, quatro candidaturas estão colocadas:
Duas da base do governo Lula, o vice-governador Felipe Camarão e a do sobrinho do governador, secretário Orleans Brandão (MDB);
Uma terceira, bolsonarista, de Lahésio Bonfim (Novo);
E, finalmente, a do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, reeleito em 2024 e recém filiado ao PSD, de Kassab.
Ocorre que – sem entrar no mérito de suas qualidades pessoais – Felipe Camarão e Orleans Brandão não possuem, nem um nem outro, força e competitividade para manter e, sobretudo, ampliar a força de Lula no Estado.
Por melhores e mais fortes que sejam seus eventuais candidatos aos Senado, o mais provável é que a debilidade de suas candidaturas “contamine” não apenas o desempenho dos postulantes à Câmara Alta, como a própria performance de Lula.
Eduardo Braide e Lahésio Bonfim, claramente à frente nas mais diversas pesquisas, possuem força política eleitoral difícil de ser contestada e enfrentada.
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Eduardo Braide reeleito com 70 % dos votos, em 2024, prefeito de São Luís em decorrência de seu desempenho administrativo, tem feito uma carreira política praticamente solo. Sua recente filiação ao PSD o torna objeto do desejo, ainda “inconfessável”, tanto de parcelas dos apoiadores de Camarão como de parte do grupo de Brandão;
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Já Lahésio Bonfim, ao ultrapassar em 2022 o senador Weverton Rocha (PDT) na disputa pelo Governo do Estado, conquistou, além de uma liderança inconteste junto ao eleitorado bolsonarista no Estado, uma posição recorrente de segundo colocado em várias pesquisa de intenção de voto para o próximo ano.
O fato é que as forças progressistas no Estado estarão face a uma dificílima opção: abraçar o candidato do grupo de cada um, com todas suas fragilidades, ou optar por assumir como prioridade absoluta o fortalecimento da candidatura do Presidente Lula no Estado.
- por exemplo, se o Governador Carlos Brandão conseguir atrair o Prefeito do PSD da Capital e articular uma chapa Braide, governador, e Orleans Brandão, vice;
- terá muitíssimas chances de vitória já no primeiro turno, e, também, de eleger mais facilmente os dois novos senadores do Maranhão, tão imprescindíveis à governabilidade do governo Lula IV.
Nesse cenário Lula terá uma votação nunca vista no Maranhão.
O governador Brandão estará, assim, ajudando o PT a atrair, nacionalmente, o PSD a apoiar a reeleição de Lula a exemplo da governadora Raquel Lyra, em Pernambuco, e do Ministro Alexandre Silveira, em Minas Gerais.
Compreender essa lógica, e aplicá-la aqui, será uma enorme contribuição do Maranhão na tentativa tão necessária de quebrar a unidade das forças do centrão e dividir o PSD, partido do centro/centro direita que mais cresce no país.
Há que entender que só faremos a maioria do Senado com candidaturas fortes e competitivas aos governos estaduais.
Dar absoluta prioridade à reeleição de Luís Inácio Lula da Silva é o melhor caminho para derrotar a extrema direita bolsonarista e avançar na defesa da Soberania Nacional, no combate as desigualdades e injustiças sociais!
Haroldo Saboia foi deputado federal Constituinte
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