Figuras como Luciano Hang – o véi da Havan – e o chamado Rei do Ovo têm usado premissas falsas para pregar fortemente nas redes sociais que o benefício do governo Lula atrapalha o pleno emprego no Brasil

ELITE DO ATRASO. Figuras como Véi da Haven e Rei do Ovo – espertos em ganhar dinheiro, mas sem a sensibilidade social, protagonizam ataques ao Bolsa-Família
Editorial
Uma saraivada de argumentos sem nenhum sentido espalhados na rede de fake news criada pela extrema direita a partir da ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começou a focar, nas últimas semanas, em programas como o Bolsa Família.
E dois personagens se destacam nessa ofensiva:
- Luciano Hang, o Véi da Havan, tem postado vídeo de barões da agropecuária, supostamente sem gente para fazer suas colheitas;
- Ricardo Faria, o Rei do Ovo, alega não ter gente para trabalhar em suas granjas por causa dos benefícios do Bolsa Família;
- ambos têm a mesma característica: são bolsonaristas, contra benefícios sociais e beneficiários de subsídios aos seus negócios.
“Está um desastre no Brasil. As pessoas estão viciadas no Bolsa Família. Não temos nem a chance de trazer essas pessoas para treinar e conseguir uma vida melhor, porque elas estão presas no programa”, afirmou o Rei do Ovo, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. (Leia aqui)
“É o resultado do Bolsa Família. Recebi esse vídeo no WhatsApp e compartilho com vocês. É o desabafo de um produtor rural, cercado por toneladas de poncã prontas para a colheita, mas sem ninguém para trabalhar”, completa Luciano Hang, referindo-se ao vídeo do produtor rural citado acima. (Veja aqui)
Mas tanto Hang quanto Faria se baseiam em mentiras para espalhar sua pregação contra o Bolsa-Família.
“Em 2024, 75% dos empregos criados no Brasil foram ocupados por beneficiários do Bolsa-Família – regra prevê manutenção do programa para o trabalhador em período de transição”, desmente manchete do Jornal O Globo, que mostra exemplos de pessoas que optaram espontaneamente por abrir mão do benefício após o emprego. (Veja a íntegra da reportagem aqui)
- figura folclórica – e muitas vezes asquerosa – Luciano Hang já é conhecido do noticiário brasileiro;
- catarinense de Brusque, é dono da varejista Havan, cujas lojas são abertas para ações bolsonaristas.
A biografia do rei do Ovo é mais controversa.]
Habilidoso em ganhar dinheiro, Ricardo Faria é incapaz de olhar para além do próprio sucesso financeiro. Remunera mal seus funcionários e não gosta de pagar impostos, tanto que transferiu a sede de suas empresas pra Luxemburgo, um paraíso fiscal.
- crítico ácido do Bolsa-Família, o rei do Ovo financiou seu enriquecimento com 71 empréstimos do BNDES;
- no período entre 2007 e 2024, os financiamentos públicos em favor de Faria totalizaram R$ 132 milhões.
“A narrativa que culpa o Bolsa Família é, antes de tudo, um deslocamento calculado. Transfere a responsabilidade pela precariedade de um sistema inteiro para quem sobrevive à margem dele. Em vez de discutir salários, custos de vida, destruição de direitos e ausência de projeto nacional, ataca-se o elo mais frágil da cadeia”, diz o professor-mestre Márcio Pereira Cabral, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no artigo “A falácia da elite que culpa o Bolsa Família”.
Mas os resultados concretos do Bolsa-Família não se resumem aos benefícios sociais e econômicos; vai além na cadeia social:
- em 20 anos, o programa evitou mais de oito milhões de internações e evitou mais de 700 mil mortes no Brasil; (Leia aqui)
- 64% dos dependentes do PBF em 2005 – hoje na faixa de 21 a 30 anos – já tinham deixado o programa em 2019. (Leia aqui)
Na guerra social travada no Brasil entre uma elite cada vez mais encastelada – e beneficiada pelo estado – e uma classe operária explorada, sofrida, doente e sem direitos, o Bolsa-Família tende mesmo a ser atacada por permitir mais gente com acesso à renda e a ascensão social.
Tudo o que não quer a Elite do Atraso – que vem da escravidão ao bolsonarismo…
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