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Qual a justificativa?!?

Após intentar pela extinção da fundação que guarda o acervo do período presidencial do maranhense José Sarney, o governador Flávio Dino anuncia memorial para homenagear o gaúcho e também ex-presidente João Goulart

 

Dino com o filho de João Goulart, em frente ao prédio que homenageará o ex-presidente

Dino com o filho de João Goulart, em frente ao prédio-memorial do ex-presidente

Logo que assumiu o governo, em janeiro, o governador Flávio Dino (PCdoB) iniciou uma campanha intensa para acabar com a Fundação da Memória Republicana, espécie de museu que guarda documentos e objetos do período que o maranhense José Sarney exerceu a presidência da República.

Entre as justificativas do comunista, a de que o estado não tinha por que manter acervo pessoal de quem quer que seja.  (Relembre aqui)

Passados nove meses, o mesmo Flávio Dino recebeu quarta-feira, 09, em São Luís, João Vicente Goulart, que é filho do ex-presidente João Goulart; e apresentou a ele o projeto de reforma de um edifício que vai abrigar exatamente um memorial em homenagem ao ex-presidente.

A fundação da memória Republicana, que o mesmo Dino fez tudo para acabar

A fundação da memória Republicana, que o mesmo Dino fez tudo para acabar

Presidente do Brasil entre os ano de 1961 e 1964, quando foi deposto pelo Golpe Militar, Goulart nasceu na cidade gaúcha de São Borja.

Presidente do Brasil entre 1985 a 1990, Sarney, nascido no Maranhão, assumiu para restaurar exatamente a mesma democracia que depôs Goulart.

Há de se perguntar: Por que um merece todas as honras de um governador, que nem é do seu estado, e o outro não merece, em sua própria terra?!?

Este é Flávio Dino, o “governador da mudança”…

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Alemanha dá mais um show de civilidade ao mundo…

Motor da Economia na Europa e atual berço da congregação cultural, país mostra como tratar as diferenças, dando o exemplo na crise mundial da migração

 

Refugiados turco e sírios comemoram chegada à Alemanha e a recepção dada a eles...

Refugiados turco e sírios comemoram chegada à Alemanha e a recepção dada a eles…

A Alemanha recebe de braços abertos qualquer foragido das ditaduras africanas e do fanatismo religioso asiático.

E dá um exemplo aos demais países de como se deve tratar os que precisam.

Pode até ser mais um mea culpa do país que ficou estigmatizado com a era Hitler – que, aliás, nem alemão era – mas não deixa de ser um símbolo de como deve ser a civilização mundial.

Muitos antropólogos não gostam de comparar culturas, porque, na visão da corrente difusionista, todas elas são iguais.

Para estes estudiosos, a cultura sueca e norueguesa, de liberdades individuais e de estímulo à compensação dos esforços próprios, é igualzinha à cultura patriarcal e ditatorial que faz do Gabão uma sociedade tribal miserável na África, por exemplo.

Mas não há como negar que todo avanço cultural, econômico e político nasce, primeiramente, na Europa, para depois se espalhar pelo resto do mundo.

E são exatamente as culturas tribais e primitivas as mais resistentes à implantação destes avanços.

E por isso, também, que a Europa passa a ser o porto seguro de quem tenta escapar da vida medieval no terceiro Mundo adolescente, na África tribal e no fanático Oriente Médio.

E a Alemanha é o símbolo deste porto seguro…

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Em artigo, Rio Branco desabafa e conta detalhes da política recente…

Ex-secretário de Meio Ambiente diz que abriu mão duas vezes de ser deputado eleito – federal e estadual – e diz que hoje não tem mais convicção de ser fiel às ideologias, fidelidade muitas vezes não reconhecida. Leia a íntegra abaixo:

 

wbranco“Carta na manga: um desabafo político muito maduro e nada verde

Lembro como se fosse ontem o primeiro mandato político que perdi por defender a ideologia e fidelidade dos verdes no Brasil.

O Partido Verde foi fundado por onze membros, inclusive eu, representando a região Nordeste, em 26 de outubro de 1985, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Rio de Janeiro, conforme registra o livro Ecologia e Política, de José Alberto da Silva, da Editora Chamaeleon, de 1987.

O primeiro deles foi uma situação inusitada.

Recebi em São Luís-MA, dois dirigentes nacionais do PTR, que propuseram minha saída do PV, para ser eleito deputado estadual no MA, em 1990, com cerca de 2 mil votos. Sem conhecer os atores políticos e a “negociação”, convidei para essa reunião o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Celso Coutinho, que estranhou como eu seria eleito se ele que teve mais de 7 mil votos na eleição anterior, não ocupava uma das cadeiras.

Incrível, mas o nosso amigo JJ Pereira dos Santos, de Parnarama-MA, foi eleito pelo PTR, nesse mesmo pleito, com 1.763 votos e afirma que se estivesse concorrido eu estaria deputado.

 

Hoje, talvez entenda o que o governador Zé Reinaldo queria comigo naquela época, no sentido político e no valor da amizade, que fiz questão de provar posteriormente. Em política, difícil é fazer a escolha certa, restará continuamente à dúvida. Afinal, o poder político não é dado, é tomado e quase sempre seguido de desconfiança e traição”

 

Outro caso político, com perda de um possível mandato de deputado federal, foi proposto pela Frente de Libertação do Maranhão, em 2006, quando o ex-governador Zé Reinaldo me convida para chutar o pau da barraca e sair do PV. Perguntei como seria a façanha eleitoral? Respondeu que seus candidatos seriam Brandão, Waldir Maranhão e eu, e que teria expressiva votação em Caxias-MA, através de recursos de convênios e emendas parlamentares. Participaram dessa reunião, Othelino Neto e Marcelo Tavares, atual vice e ex-presidente da Assembleia Estadual, respectivamente.

Claro que minha resposta foi negativa. Não aceito um mandato desse tipo, seria injusto comigo mesmo, contumaz com a justiça do tipo eleitoral. Isso é para quem não tem juízo político… […]. Não posso falar mal de quem não conheço e não devo nenhum favorecimento político.

Depois disso, desci as escadas do Palácio do Leões.

A mais recente tentativa foi sair candidato ao Senado Federal em 2014, pelo PV-MA, quando tivemos nosso nome homologado pela Direção Nacional, em Brasília e a história vocês já conhecem, foi pública como as demais citadas acima. Golpes internos, além de uma ata com erros políticos e gramaticais gravíssimos, como se diz no Maranhão; sem eira e nem beira, mas sem minha elaboração e assinatura nesse documento.

Diante dos episódios, mantive minha lealdade e fidelidade partidária. Agora pergunto, temos condições de viver, ainda, ideologias e utopias políticas para um mundo melhor, um país soberano, um estado forte, representativo e sem corrupção eleitoral? Ou os fins justificam os meios para aquisição do poder?

Hoje, talvez entenda o que o governador Zé Reinaldo queria comigo naquela época, no sentido político e no valor da amizade, que fiz questão de provar posteriormente. Em política, difícil é fazer a escolha certa, restará continuamente à dúvida. Afinal, o poder político não é dado, é tomado e quase sempre seguido de desconfiança e traição.”

*Washington Rio Branco é fundador e dirigente nacional do Partido Verde do Brasil, professor universitário, ex-secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais, mestre em Políticas Públicas (UFMA) e Doutor em Geografia (UNESP-PP).
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Blog repetirá série de posts sobre o legado dos prefeitos na capital…

Para lembrar os 403 anos de fundação da capital maranhense, o blog reeditará, por todo o dia 8 de setembro, a série de posts “30  anos de oposição em São Luís”, que faz um balanço da auação dos prefeitos desde a retomada das eleições diretas, em 1985

 

saoluis399Este blog será temático na terça-feira, 8 de setembro.

Para lembrar o aniversário de 403 anos de fundação de São Luís, será reeditada, ao longo de todo o dia, a série de posts “30 anos de oposição em São Luís”.

Trata-se de uma coletânea de artigos com o balanço do que foi feito – ou não – pelos seis prefeitos eleitos pela votação direta – retomada em 1985, com a eleição de Gardênia Gonçalves.

Uma visão particular do titular deste blog, testemunha ocular da história política deste período.

Os posts, publicados originalmente – e aleatoriamente – a partir de 2012, tratam do balanço específico da obra dos prefeitos Gardênia Gonçalves, Jackson Lago, Conceição Andrade, Tadeu Palácio, João Castelo e Edivaldo Júnior; e outro, que mostra as bases plantadas ainda pelos chamados prefeitos biônicos – eleitos por indicação do governador -, além do legado dos governadores na capital.

A série para o aniversário se São Luís tem ainda os adicionais sobre os mandatos da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), uma análise do João Castelo governador e do João Castelo prefeito, e uma luz no que pode ser o legado do atual prefeito, Edivaldo Júnior (PDT).

É uma coletânea – agora enfileirada e sequenciada – fundamentada em fatos concretos e documentais, para análise crítica do leitor.

É aguardar e conferir…

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“Tudo o que tem nesta cidade é obra do nosso grupo”, diz Adriano…

Deputado do PV enquadra o colega Othelino Neto (PCdoB) ao lembrar que o próprio comunista confessou que São Luís sempre elegeu prefeitos de oposição, e mostrou que, ao longo da história, só os governadores eleitos pelo seu grupo fizeram na capital. Veja o vídeo:

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O perfil de um tirano…

tirano1Todos eles se parecem. Vindos em trajes civis ou saindo das casernas, os tiranos latino-americanos formam uma confraria de espécie singular. O que primeiramente os identifica, além da personalidade autoritária, é o profundo desprezo pela normalidade constitucional. Gostam, porém, de fazer aprovar em parlamentos dóceis, magnas cartas com altissonantes boas intenções e as mais variadas proteções aos direitos das gentes, os quais eles são os primeiros a infringir. É a homenagem que a hipocrisia deles se vê obrigada a prestar às virtudes legais. Essa ausência de respeito constitucional tem por sua vez um sentido que é deixar todos inseguros. Assim, as coisas, homens ou bestas, e porque não dizer, até o clima dependem da veneta de Sua Excelência”

Do site Atualidade – História, com Voltaire Schilling

DitadoresÉ nessa altura que surge a figura do “protetor do povo”. Um líder suficientemente inescrupuloso para conduzir a massa, fazendo-se passar por seu benfeitor. Platão assim o descreve: “… nos primeiros tempos ele anda cheio de sorrisos, saudando a todos que encontra e negando que seja um tirano; promete muitas coisas em público e em privado, perdoa dívidas, distribui terras entre o povo e os de sua comitiva”. Nossos partidos de esquerda são povoados de protetores em potencial, sempre prontos a distribuir favores (e propaganda) com o bem alheio. Todavia, o tirano está sempre pronto a ver inimigos tanto internos quanto externos, que não permitem ao povo dispensar seu condutor, seu ” führer “. São esses inimigos que permitem-lhe cobrar impostos onerosos. Dessa forma também garante que qualquer descontentamento interno pode ser apontado como uma traição ao Estado. Dessa forma o tirano se vê obcecado em perseguir seus inimigos e ‘segue por esse caminho até não deixar com vida uma só pessoa de valor, quer entre amigos, quer entre inimigos‘”

tirania_abusoUm governante que usa sua condição temporária de poder para humilhar, denegrir, perseguir e fazer diferença entre aqueles que o elegeram e aqueles que escolheram democraticamente votar em outro candidato, não ficará muito tempo na posição que ocupa, pois a forma com que trata as pessoas, os cidadãos para quem tem a obrigação de governar com igualdade e respeito, além de demonstrar sua mesquinhez e total falta de valores morais como educação, independente do grau de instrução que tenha, demonstra seu real interesse na posição a que concorreu e mais dia, menos dia, a justiça dos homens, e de Deus, se faz”
Portal Jornalismo é atitude, com Tatiana Vasco
Não entendeu? Entenda aqui…
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As razões de José Reinaldo…

Ao propor o “pacto pelo Maranhão”, que ele próprio nunca quis, ex-governador abre espaço para especulações sobre seus reais motivos; mas ele próprio se disse preparado para o patrulhamento

 

Joé Reinaldo jogou o aceno; Dino, Sarney e Roseana mantiveram-se em silêncio

Joé Reinaldo jogou o aceno; Dino, Sarney e Roseana mantiveram-se em silêncio

Três dias depois de escrito, o artigo “Pacto pelo Maranhão”, do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) – que, na prática, acena para uma aproximação com o ex-presidente José Sarney (PMDB) – ainda gera forte repercussão no Maranhão e em Brasília.

Mas nenhum dos atores políticos de um lado ou de outro consegue estabelecer uma razão pertinente para o “desabafo” de Tavares, apenas seis meses depois de iniciado o mandato do seu afilhado Flávio Dino (PCdoB).

Nas conversas com a classe política, este blog encontrou quatro possíveis razões:

1 – José Reinaldo pode estar-se sentindo isolado em Brasília como deputado federal, e entende que só a mão de Sarney para reintegrá-lo à política da capital federal;

2 – Ele pode ter sido isolado no governo pela dupla Márcio Jerry/Flávio Dino e está mandando um recado direto para eles, como se dissesse que não tem nenhum problema em tentar voltar ao grupo de onde saiu há 11 anos;

3 – José Reinaldo pode ter chegado à conclusão de que Flávio Dino não tem capacidade para fazer o que disse que iria fazer no Maranhão e teme o custo do erro de ter apostado no comunista;

4 – Por fim, o ex-governador pode ter sido enviado pelo próprio Flávio Dino em busca de um armistício com o grupo Sarney, uma trégua que possa garantir acesso aos combalidos recursos federais.

De uma forma ou de outra, José Reinaldo agiu de caso pensado. E movido por uma destas razões.

Ou todas elas juntas…

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Para onde vai José Reinaldo?!?

Ao escrever uma espécie de desabafo no Jornal Pequeno, o ex-governador reconhece, primeiro, a incapacidade do seu afilhado comunista de mudar o Maranhão sozinho; e, depois, faz um mea culpa tardio em relação ao seu próprio padrinho. Mas seu gesto deve ser respeitado como a quebra e um paradigma político 

 

Zé Reinaldo com seu pupilo, agora governador: é preciso mais do que um homem só..

Zé Reinaldo com seu pupilo, agora governador: é preciso mais do que um homem só..

O surpreendente artigo do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB)  publicado hoje no Jornal Pequeno aponta para dois caminhos.

O primeiro, mostra um Tavares cada vez mais distante de sua criatura, o atual governador Flávio Dino (PCdoB); o outro caminho, retrata um político em busca de redenção com o seu próprio criador, de quem se afastou e amarga hoje as consequências de seus atos.

Não é mais surpresa para ninguém que José Reinaldo hoje já não tem a mesma relação com Flávio Dino – que ele inventou como candidato a deputado federal e criou como candidato a prefeito e a governador, ajudando-o, sem dúvida, a se eleger em 2014.

O distanciamento de Dino pode ser visto em um dos trechos do artigo:

– Aqui falo por mim. Não falo por mais ninguém. Portanto não se trata de qualquer tipo de barganha. Não se trata da oferta de cargos em troca de apoio. Não é, enfatizo, um pacto político. Não se trata, enfim, de troca de favores – afirma o ex-governador. (Leia a íntegra aqui)

O próprio Tavares, há um ano atrás, no mesmo Jornal Pequeno, apontava Flávio Dino como a redenção do Maranhão, o homem capaz de mudar o estado em todos os seu aspectos; o homem capaz de livrar os maranhenses do jugo da oligarquia, que ele via como nefasta.

Hoje, o ex-governador vê “momento de imensa dificuldade”, reconhece que a missão da mudança não será “tarefa fácil” e faz “um apelo ao ex-presidente e àquele político que fascinou a todos os jovens promissores que com ele trabalharam, quando governador e nele acreditaram”, como o próprio José Reinaldo.

Flávio Dino com José Sarney, em recente aceno

Flávio Dino com José Sarney, em recente aceno

Falo por mim, sem medos de patrulhas e de maus entendidos. Não serei eu a ganhar nada me arriscando assim. Será o povo do Maranhão. Mas sei que muitos entre nós pensam como eu. Não estarei sozinho e nem pregando no deserto. Nossa sociedade não perdoará a nós políticos, se não nos unirmos em torno do projeto maior que é o desenvolvimento do Maranhão. Essa é a finalidade maior de estarmos na política, com ou sem mandatos”

Mas é de Sarney que José Reinaldo Fala, não de Flávio Dino. E é este o ponto do novo caminho do ex-governador.

O “pacto pelo Maranhão” proposto por José Reinaldo já havia sido proposto também pelo outro lado.

Pelo próprio Sarney, por João Alberto, Lobão – e até por Lula e por Dilma. Todos ironizados e ridicularizados por este mesmo Tavares, e por seu afilhado comunista cheio de si.

São apenas seis meses de governo Flávio Dino.

E como este próprio blog diz, gestão é como cantiga de grilo: termina sempre do jeito que começa. E o começo do governo Dino mostra que o futuro não guarda muito alegria para o maranhense – inclusive para os que acreditaram na mudança.

Mas, ao invés de críticas, patrulhas ou desabafos, o gesto de José Reinaldo Tavares é digno, sim, de respeito. Digno de reconhecimento pela coragem de assumir um posicionamento de valor histórico imensurável.

O que ele mostra é que não há ninguém melhor que outro, não há “Professores de Deus” na terra e muito menos salvadores da pátria.

É um gesto, sem dúvida, para mudar os paradigmas da política maranhense.

E ele, certamente, não estará falando sozinho…

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Historiador lembra riscos da relação asfalto/voto…

Benedito Buzar faz resgate de dois momentos em que as obras e ações foram insuficientes para se transformar em votos em São Luís

 

Buzar: conhecimento e pesquisa

Buzar: conhecimento e pesquisa

O presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, fez um importante resgate histórico da política em São Luís para destacar a importância e os riscos de ações como asfaltamento de ruas em busca de apoio popular.

Intitulado “Mais Asfalto, Menos voto”, o texto publicado na coluna Roda Viva, de O EstadoMaranhão, é uma espécie de alerta ao prefeito Edivaldo Júnior (PTC), ora beneficiado com o programa “Mais Asfalto”, do governo Flávio Dino (PCdoB).

– A prudência manda chamar a atenção do prefeito para o seguinte: asfalto é um serviço que toda pessoa, seja morador urbano ou suburbano almeja ter um dia. Em São Luís, contudo, até onde a vista alcança, asfalto não serviu para dinamizar a máquina eleitoral e nem encheu com votos a barriga de candidato a cargo majoritário ou proporcional – alerta o intelectual.

Buzar cita como exemplo as eleições de 1978 e a de 1985.

No primeiro caso, ele cita a eleição de senador na capital maranhense, em que José Sarney concorria à reeleição pelo PMDB,  tendo José Mário Ribeiro da Costa como adversário.  O pesquisador faz um elenco das obras realizadas por Sarney na capital maranhense, “que deram à cidade imponência e vigor”.

– Abertas as urnas o que se viu? Para Sarney os votos minguaram, mas para o opositor os sufrágios quase ultrapassaram a barreira do som – lembrou o presidente da AML.

Aposta de Holandinha em asfalto: história mostra fracassos eleitorais do programa...

Aposta de Holandinha em asfalto: história mostra fracassos eleitorais do programa…

O outro exemplo destacado por  Benedito Buzar foi a eleição de 1985, quando Jamie Santana (PFL) tinha o apoio do então prefeito Mauro Fecury, do então governador Luiz Rocha e do próprio Sarney, à época presidente da República.

O historiador lembra que “um audacioso programa foi executado em São Luís, centrado na pavimentação de ruas e bairros”.

– Em tempo recorde, centenas de quilômetros de rua foram pavimentadas – algumas com perfeição, outras nem tanto – para o candidato da Nova República sair ungido das urnas – lembrou Buzar.

Apurados os votos, mostrou-se a vitória de Gardênia Gonçalves, que não havia se comprometido com nenhum asfalto.

Para Buzar, ficou claro que a vitória de Gardênia sobre as máquinas se deu graças ao trabalho do marido, o então senador João Castelo, que, quando governador, havia empregado mais de 40 mil pessoas só em São Luís.

– Foi portanto, emprego, e não asfalto, que a elegeu; e fez Castelo, ao longo de várias eleições, obter, nesta cidade, gigantescas votações – concluiu o acadêmico…

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Ditadura, 30 anos depois do fim…

sarneyPor José Sarney

A memória não retém o momento, o clima, a emoção.

Hoje, 15 de março de 1985 é apenas uma data, fonte de tantos julgamentos e versões. O tempo é uma invenção do homem, e as datas redondas nos seduzem a construir o passado.

Na história do Brasil tivemos momentos de grandes inflexões. Mas aquela data será julgada no futuro como um instante em que a história se contorcia. Ela marca o fim de um período marcado por revoluções, golpes de Estado, militarismo – agregação de poder político ao poder militar – e instalação de uma democracia de massa, que o país jamais conhecera.

Um Estado Social de Direito, o exercício pleno da cidadania, das liberdades individuais e dos direitos sociais.

Os que vivem hoje jamais poderão avaliar o que estava em jogo naquela noite de 14 para 15 de março. A nove horas de tomar posse, o abdômen de Tancredo Neves, presidente eleito, começava a ser aberto no Hospital de Base de Brasília. Não se sabia que ali começava o seu martírio e a sua agonia.

A realidade imitava a ficção. O país atônito. Os políticos envoltos em perplexidades não tinham nenhum grupo mobilizado. Reuniam-se improvisadamente na Câmara e no Senado. Os jantares organizados para antecipação da festa se transformavam em desorientação e tristeza. O ministro do Exército comunicava ao chefe da Casa Civil, Leitão de Abreu, que iria voltar ao seu posto de comando e desencadear uma ação para interromper o longo processo da transição.

No meio de tudo isso, dois homens aparecem, mostram grande espírito público e capacidade de gerir crises: Ulysses Guimarães e Leônidas Gonçalves.

Quando, tomado de profunda emoção e saindo de uma depressão que escondi do país durante vários meses, voltado totalmente para o problema humano de Tancredo, disse a Ulysses que não desejava assumir sozinho, ele, rispidamente e mostrando sua fibra de grande chefe, me disse: “Não é hora de sentimentalismos, Sarney. Temos deveres com a nação. Um processo tão longo de luta pelas instituições não pode morrer nas nossas indecisões”.

O general Leônidas, já escolhido ministro do Exército, partiu para ações concretas: “Vamos ao Leitão de Abreu, não para discutir a sucessão, mas para dizer que amanhã, às 10 horas, o vice-presidente, conforme determina a Constituição, irá prestar juramento perante o Congresso e assumir a Presidência até o restabelecimento de Tancredo”.

E assim fez, em companhia de Ulysses e dos senadores José Fragelli e Fernando Henrique Cardoso. As mesas do Senado e da Câmara decidiram no mesmo sentido. O Supremo Tribunal Federal, convocado secretamente pelo presidente Cordeiro Guerra, deliberou que esse era o caminho da Constituição.

Quando me comunicaram as conclusões, às três horas da manhã, eu era um homem batido pelo imprevisto. Tomei posse “com os olhos de ontem” e enfrentei o desconhecido dos anos que estavam à frente.

Passados 30 anos, o brasilianista Ronald Schneider, que estudou as transições democráticas, diz que a do Brasil foi a mais exitosa.

Iniciou-se a Nova República com o lema “Tudo pelo social”.

Enfrentei 12 mil greves, convoquei a Constituinte, implantamos uma democracia social, rompemos com a ortodoxia econômica com o Plano Cruzado, alcançamos a mais baixa taxa média de desemprego de nossa história –3,59%.

Até hoje não se repetiu o crescimento econômico daqueles anos.

Relembro nesta data Tancredo Neves. Afonso Arinos disse: “Muitos deram a vida pelo país, mas Tancredo é o único que deu a sua morte pelo Brasil”.

Esta é a história destes 30 anos de paz social, de alternância de poder e da presença do proletariado nas decisões nacionais.

José Sarney, 84, membro da Academia Brasileira de Letras, foi presidente da República (1985-1990)