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Sem oposição não há democracia…

Governador Carlos Brandão tem sido elogiado pela abertura de diálogo com todos os setores da política – e muitos apontam que isto é bom para o Maranhão – mas há riscos claros para o país ou estado em que não há o confronto de ideias, ainda que não se viva em ambiente de ditadura, como ensina os estudos sobre o tema

 

Flávio Dino varreu a oposição interna e externa; Brandão agregou a todos e o Maranhão segue “na união”

Editorial

O grande debate político das últimas semanas tem se dado em torno da “capacidade de diálogo do governador Carlos Brandão (PSB)”, que conseguiu formar – em torno dele – um consenso nunca visto na história do Maranhão.

Com oposição restrita ou inexistente na Assembleia Legislativa, Brandão avançou também na Federação dos Municípios (Famem) e tem forte presença na Câmara Municipal de São Luís.

Para todos os atores políticos – cooptados ou cooptáveis – a justificativa é sempre a mesma: “a união é bom para o Maranhão”. 

Será?!?

– Os governos divididos, ou seja, quando o governo não tem maioria no poder legislativo, podem gerar fases de ingovernabilidade. Entretanto, a história recente da América Latina mostra que a ingovernabilidade é geralmente fomentada pelos executivos, e quando estes gozam de amplas maiorias legislativas, há também uma maior tendência a fomentar práticas autoritárias – afirmou o pesquisador Fernando Barrientos, em artigo que dá título a este post. (Leia aqui)

É óbvio que Brandão não tem perfil autoritário e sua história política mostra a busca constante pelo diálogo com todas as forças; o problema está nas próprias forças que se deixam cooptar por interesses outros.

O adesismo de grupos com capacidade política e de poder para contrapor visões de mundo e de estado – mas que preferem compor a reagir – torna o ambiente de poder estéril, inócuo, sem modificação da realidade e girando em torno de si mesmo. 

Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a razão de ser do governo é a oposição, que tem legitimidade para se expressar no Parlamento, nos meios de comunicação e na pluralidade partidária.

– O governo só se legitima democraticamente porque existe uma oposição. Quando o povo elege o governo, também escolhe uma oposição, que reúne aqueles que não tiveram votos suficientes para governar, mas representam uma parte da população – explica Magnoli. (Entenda aqui)

O fim da oposição no Maranhão se deu por dois fatores:

1 – a força política e autoritária do ex-governador Flávio Dino (PSB), que varreu grupos poderosos, como o Sarney, emparedou Judiciário e Ministério Público e impediu o crescimento do Bolsonarismo no estado;

2 – a habilidade política de Carlos Brandão, que soube atrair os grupos banidos por Dino, realinhar a divisão de poder institucional e político e conquistar forças que lhe eram hostis.

O resultado é um Maranhão sem contrapontos, em que as mais diversificadas forças políticas seguem um mesmo discurso, uma mesma justificativa, um mesmo entendimento; seja para o bem, seja para o mal.

Se essa “unidade ideológica” servir para alavancar os indicadores econômicos e sociais do Maranhão, aplauda-se.

Se, por ouro lado, servir apenas para a estagnação, com cada qual beneficiando-se do jarro, aí será o caos.

Só o futuro próximo dirá o caminho que foi seguido…

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Abstenção no segundo turno se mantém estável desde 2002…

Eleições presidenciais vêm tendo duas rodadas de votação há 20 anos, sempre com uma margem de faltosos na casa dos 20% de eleitores; maior índice foi registrado em 2010, às vésperas de um feriadão de finados

 

As campanhas dos presidenciáveis preocupam-se com a ausência do eleitor no segundo turno das eleições

Pesquisa histórica

Criado no Brasil a partir das eleições de 1998, o segundo turno eleitoral já foi realizado em seis das sete eleições com possibilidade de aplicação do dispositivo; apenas Fernando Henrique Cardoso (PSDB), exatamente em 1998, foi reeleito em primeiro turno desde então.

Preocupação das campanhas neste 2022, a abstenção no segundo turno se manteve em uma média instável, na casa dos 20% de eleitores faltosos entre 2002 e 2018:

20,46% em 2002;

18,99% em 2006;

21,47% em 2010;

21,1% em 2014;

e 21,29% em 2018.

O índice histórico foi ligeiramente maior em 2010, quando o segundo turno caiu no dia 31 de outubro, às vésperas do feriado de finados; a preocupação do feriado voltou a rondar as campanhas em 2022.

No Maranhão, por exemplo, o Governo do Estado e algumas prefeituras decidiram transferir o feriado do servidor público da sexta-feira, 28 para a segunda-feira, 31; e deram ponto facultativo no dia 1º de novembro, emendando com o feriado do dia 2.

O servidor público maranhense, portanto, ganhou um feriadão de três dias, até a quinta-feira, 3.

Mesmo nos estados onde não se comemora o Dia do Servidor Público, o feriado do dia 2, na quarta-feira, é motivo de preocupação para as campanhas.

Mas a tendência é que essa abstenção se mantenha na média histórica…

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Primeiro emprego: da “Branca” ao “Meu Preto” o maior projeto de geração de renda do Maranhão

Programa implantado pela ex-governadora Roseana Sarney em seus governos abriu oportunidades de entrada no mercado de trabalho para jovens de todo o Maranhão e será reeditado no governo do senador Weverton Rocha

 

Objetivo de Weverton é resgatar a dignidade do Maranhão, combatendo a pobreza com atração de investimentos e oportunidades as jovens que chegam ao Mercado de Trabalho

 

Análise da notícia

Não há na história do Maranhão nenhum programa de governo que tenha dado tantas oportunidades a jovens que estão iniciando a vida de trabalhador quanto o Primeiro Emprego, da ex-governadora Roseana Sarney (MDB).

O programa consistia no incentivo a empresas para que dessem oportunidades a jovens que estavam chegando ao mercado de trabalho, mas ainda sem experiência, o que dificultava sua contratação.

O próprio governo subsidiava essas contratações.

O Primeiro Emprego inseriu milhares de jovens maranhenses no mercado de trabalho; hoje, muitos destes jovens são executivos, empresários ou altos funcionários públicos, que conseguiram chegar por intermédio do programa de Roseana.

O Primeiro Emprego, criado pela “Branca”, terá agora uma reedição no governo do “Meu Preto” Weverton Rocha.

Roseana inseriu milhares de jovens no mercado de trabalho, com a implantação do programa Primeiro Emprego, que será reeditado no eventual governo Weverton Rocha

Mesmo sem nunca ter votado na família Sarney e nunca ter-se aliado ao Grupo Sarney, o senador do PDT considera o programa de Roseana uma das mais importantes iniciativas políticas de geração de emprego e renda; e vai reeditá-lo, caso se eleja governador.

O Primeiro Emprego faz parte de um conjunto de ações do programa de governo de Weverton que visam preparar e dar oportunidades de trabalho e renda à população maranhense.

Juntando essas ações aos programas de atração de investimentos no estado, o senador entende que o Maranhão poderá, de fato, entrar o rumo do desenvolvimento econômico.

E fatalmente reduzirá a pobreza em todos os municípios.

Simples assim…

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Eleições devem consolidar transição de gerações no poder no Maranhão

A ascensão de jovens políticos a partir da eleição do governador Flávio Dino, em 2014, será posta à prova em outubro, na disputa entre o senador Weverton Rocha e o vice-governador Carlos Brandão, último representante da antiga política que dava as cartas no estado até então

 

Esta imagem de Flávio Dino representa bem a transformação que sua eleição trouxe ao Maranhão, com a renovação de quadros políticos, alguns deles nesta solenidade

Ensaio

O governador Flávio Dino (PSB) encerra o mandato no final de março, com um legado que nem mesmo a sua própria rede de comunicação conseguiu explorar ao longo dos últimos oito anos: ele é responsável pela maior transição de poder entre gerações na história do Maranhão.

Fo a vitória de Dino em 2014 – desenhada já a partir das eleições municipais de 2012 – que levou o maior contingente de jovens lideranças ao poder político no Maranhão, ocupando espaços institucionais e controle dos principais partidos. 

Este legado estará sendo posto à prova nas eleições de outubro, na disputa entre o senador Weverton Rocha (PDT) – um dos maiores expoentes desta nova geração – e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), último representante da antiga política, tradicional e patrimonialista, que controlava o poder no estado até 2010. 

Não há dúvida de que a disputa entre Weverton e Brandão é um choque de gerações

E este choque tem Flávio Dino como principal articulador; para um lado e para o outro.

Sem a vitória de Dino em 2014, é pouco provável que jovens políticos, como o prefeito de São Luís Eduardo Braide (Podemos), seu antecessor, Edivaldo Júnior (PSD), os presidentes da Câmara Municipal, Osmar Filho (PDT), e da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PDT) estivessem hoje no poder político maranhense.

Sem a vitória de Dino em 2014 nem Weverton Rocha, nem Eliziane Gama (Cidadania) teriam condições de sonhar ser senadores e não teriam hoje o destaque nacional que têm.

Quem poderia imaginar que garotos como André Fufuca (PP), Juscelino Filho (DEM), Pedro Lucas Fernandes (PTB), Fábio Macedo (PRB), Felipe Camarão (PT), Bira do Pindaré (PSB), Gil Cutrim (PRB), Roberto  Costa (MDB), Dr. Yglésio (PROS), Wellington do Curso (PSDB) e Duarte Júnior (PSB) pudessem estar hoje no comando ou disputando comando de partidos do porte de DEM, PP, MDB, PT, PSB e PSDB?

José Reinaldo Tavares é a maior representação do contexto histórico no qual está inserido o vice-governador Carlos Brandão

 

Mas o mesmo Flávio Dino que oxigenou a política maranhense, renovando seus quadros em quase a sua totalidade é também o responsável por dar sobrevida à velha política, representada pelo vice-governador Carlos Brandão (PSDB), último expoente da cultura coronelista e patrimonialista a disputar poder no Maranhão.

A “escolha pessoal” de Flávio Dino pelo tucano Brandão trouxe de volta à cena figuras que já deram sua contribuição em outro momento da história e deveriam estar em casa, refestelando-se com netos e bisnetos, como por exemplo o ex-governador José Reinaldo Tavares.

Ao incensar seu vice, Dino também “ressuscitou” ao debate figuras ainda mais distantes da atual realidade política, alguns cuja última eleição importante que disputou ocorreu no longínquo ano de 1984.

Flávio Dino deixa o governo em março, e a população maranhense é quem decidirá de que lado ele estará na foto da história.

Se com os jovens que ascenderam a partir de sua vitória em 2014 ou com a antiga política, que ele mesmo ressuscitou ao fazer sua “escolha pessoal” nas eleições.

O governador terá seis meses para se decidir…

Leia também:

José Reinaldo quer reaproximar Brandão da velha guarda sarneysista

Apoio a Brandão pode por fim ao que restou do grupo Sarney

Confronto de gerações nas eleições maranhenses

“Irmandade política” estuda cenários…

Lideranças em ascensão…

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Weverton destaca 15 anos da eleição de Jackson governador…

Senador que se transformou no principal herdeiro político do ex-governador e ex-prefeito de São Luís – eleito em 2006, cassado em 2009 e falecido em 2011 – hoje lidera todas as pesquisas de intenção de votos para o mesmo cargo; e pelo mesmo PDT

 

A homenagem de Weverton ao seu líder político Jackson Lago: única lembrança pública entre os líderes políticos atuais

Momentos da história

O senador Weverton Rocha (PDT) lembrou nesta sexta-feira, 29, os 15 anos da vitória do ex-governador Jackson Lago (PDT), nas eleições de 2006.

Uma década e meia depois de Jackson, Weverton lidera a disputa pelo mesmo governo, e pelo mesmo PDT. 

– Há exatos 15 anos, o Maranhão elegia Jackson Lago governador pelo PDT. Foi uma vitória linda, que deu início a uma trajetória interrompida dois anos depois – ressaltou o senador, em suas redes sociais, lembrando a cassação do então governador, em 2009.

Em 2010, Weverton continuou ao lado de Jackson em nova disputa pelo Governo; curiosamente, naquela eleição, o então candidato Flávio Dino (PCdoB) foi acusado de queimar a candidatura do ex-governador no interior ao espalhar que ele estava inelegível.

Resultado: Roseana Sarney (MDB) foi reeleita no primeiro turno, com 50,04% dos votos.

O hoje senador, ainda muito jovem, descendo as escadas do Palácio como um dos fieis aliados do ex-governador; destes da foto, muitos nem sequer lembram mais

Nestes quinze anos, Weverton saiu do posto de militante estudantil para se tornar senador, é hoje o principal herdeiro político de Jackson no PDT e uma das principais lideranças políticas do Maranhão.

– Muitos projetos tiveram início ali e, apesar da interrupção, o legado ficou. E nós, do PDT, continuamos na luta para tornar realidade o sonho de um Maranhão mais feliz – disse.

Líder nas pesquisas de intenção de votos, Weverton participa neste sábado de mais uma edição do programa  “Maranhão Mais Feliz”, que leva sua pré-candidatura ao interior.

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César Pires destaca trajetória do jornal O EstadoMaranhão

Em histórico discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, parlamentar lembrou da importância do matutino – que encerra suas atividades neste sábado, 23 – e citou importantes escribas com passagem pela redação, incluindo o titular do blog Marco Aurélio D’Eça

 

César Pires incluiu nos anais da Assembleia discurso em que fala da trajetória do jornal O EstadoMaranhão

A história do jornal O Estado do Maranhão foi destacada na sessão desta quinta-feira, 21, pelo deputado César Pires, que fez um reconhecimento da importância do matutino, cujas atividades serão encerradas neste fim de semana, quando circulará sua última edição impressa.

“Foi um importantíssimo veículo de comunicação que deu espaço às ideias, às angústias e as reivindicações de tantos maranhenses”, ressaltou ele.

César Pires fez um breve relato histórico de O Estado, desde a sua fundação há 62 anos pelo ex-presidente José Sarney e o jornalista Bandeira Tribuzzi, lembrando que o jornal foi uma escola para a formação de tantos jornalistas quando ainda nem havia uma faculdade de comunicação no Maranhão. E ao longo de seis décadas se consolidou como o maior jornal impresso do estado, sempre investindo na qualidade gráfica, na modernização e na produção do conteúdo de credibilidade.

– O jornal contribuiu demais para o desenvolvimento do Maranhão, proliferando ideias, atendendo aos reclamos populares. Quantas vezes vi naquelas páginas serem veiculados anseios, reclamações, ponderações, angústias do povo do Maranhão. Vi pessoas como eu, para dar exemplo dos inúmeros Césares, Joãos e Antônios que não tiveram oportunidade, como eu tenho, de enaltecer a história de um dos mais belos matutinos da história do Maranhão – declarou César Pires.

O deputado destacou ainda que O Estado foi o primeiro jornal online e precursor da policromia em suas páginas, assim como inovou ao criar o Caderno Alternativo para veicular aquilo de mais forte há no Maranhão, que é a sua cultura.

– Sou feliz por ter participado dessa história, desde quando veiculava as minhas angústias como líder da oposição, na primeira página, na página três ou na Coluna Estado Maior. E me refiro às inúmeras pessoas que também tiveram a oportunidade de um dia veicular as suas ideias no jornal O Estado do Maranhão, sem segregações.

Pires citou ainda luminares da intelectualidade e profissionais do jornalismo que construíram as páginas do jornal, incluindo o titular do blog Marco Aurélio D’Eça, que foi repórter, colunista, editorialista, subeditor e editor do periódico, conforme relatado no post “Minha Vida no jornal O EstadoMranhão”.   

– A credibilidade de O Estado foi construída por grandes nomes da Academia Maranhense de Letras, como Ferreira Gullar, José Sarney, Bandeira Tribuzi, Joaquim Itapary, Benedito Buzar, Lino Moreira, e do jornalismo maranhense, como Ribamar Correa, Clóvis Cabalau, Carla Lima, Marco D’Eça e Gilberto Leda. Todos fazem parte de uma história memorável e digna. O jornal finaliza sua circulação, mas jamais morrerá, porque deixou legados indestrutíveis da sua contribuição para o desenvolvimento do Maranhão. É um dos mais nobres e corretos informativos que tivemos no Maranhão. Minha gratidão a tudo aquilo que o jornal fez pelos maranhenses – finalizou César Pires.

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Flávio Dino dá mais um passo no sonho de ser Sarney

Ao constranger a Academia Maranhense de Letras a torná-lo imortal – apenas pelo fato de a cadeira em disputa ter pertencido ao seu pai – governador satisfaz o desejo pessoal, ainda que de forma caricata, de continuar seguindo a trajetória do ex-presidente da República

 

 

Flávio Dino vai movimentando as cordas que o poder lhe permite para construir, artificialmente, a trajetória que Sarney construiu de forma natural

Ensaio

O blog Marco Aurélio D’Eça publicou em 7 de novembro de 2014 – dias depois de o governador Flávio Dino (PSB) ter sido eleito para o primeiro mandato – o post “Flávio Dino cada vez mais Sarney…”.

Tratava-se de mais uma análise sobre o perfil do então comunista, que demonstrava em atos, movimentos, pensamentos e palavras o sonho de ser igualzinho ao ex-presidente, na trajetória, em prestígio político e em poder no Brasil.

Esse desejo de ser Sarney foi alimentado desde a infância, quando, ao lado de outros “herdeiros do poder”, como o senador Roberto Rocha (sem partido), se esbaldava nos corredores do Palácio dos Leões, assim como mostrou o blog Marco Aurélio D’Eça no post “Flávio Dino e sua relação histórica com os Sarney…”.

Sonho este reforçado pelo Jornal Pequeno – antes mesmo de ele ser eleito – como mostra artigo publicado em abril de 2014, e analisado pro este blog no post “Jornal alinhado a Flávio Dino orienta o comunista a ser como Sarney”.

O tempo passou, Flávio Dino foi reeleito governador e tentou repetir Sarney em tudo, incluindo o sonho – ainda inatingível – de tornar-se presidente da República.

Mas, se para o ex-presidente este caminho foi natural, Flávio Dino força a barra para percorrê-lo, como a que o tornou nesta quinta-feira, 21, membro da Academia Maranhense de Letras, num movimento tosco de constrangimento dos imortais, forçados a elegerem-no apenas pelo fato de a cadeira 32 ter pertencido ao seu pai, o imortal Sálvio Dino. 

Uma das características de José Sarney era a incapacidade de sentir ódio, que se somava à sua capacidade de converter adversários em aliados.

O próprio Flávio Dino já experimentou desta capacidade, tornando-se, nos últimos anos, sarneysista a ponto de oferecer a vaga de suplente de senador a um indicado do ex-presidente.

Dino ainda precisa percorrer um longo caminho até chegar perto do que Sarney foi: governador, presidente da República, quatro vezes presidente do Senado, maior político da história, escritor renomado e traduzido internacionalmente, membro das academias Maranhense e Brasileira de Letras e doutor honoris causa em diversas universidades mundo afora.

O ex-comunista – agora socialista e imortal postiço – está na estrada, como mostrou o blog Marco Aurélio D’Eça no post lá de 2014.

De qualquer forma, o próprio blog já alertava Flávio Dino, naquela época, do risco de se tornar caricato na tentativa de tornar-se outra pessoa.

E “virar uma mera cópia do que dizia combater”….

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Minha vida no jornal O EstadoMaranhão…

A carreira jornalística que escolhi como profissão se confunde com parte da história do próprio veículo, onde comecei como repórter de Cidades, passei pela editoria de Polícia e cheguei à cobertura Política, em que fui repórter, subeditor e editor

 

Com Linhares Júnior e Carla Lima, entrevistando Roseana Sarney no projeto Sabatina O Estado, um dos mais importantes projetos do jornalismo político recente

 

Por Marco Aurélio D’Eça

Tive dois empregos diretos como jornalista em minha carreira profissional.

Em 1992, antes mesmo de entrar na faculdade de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), cheguei à rádio Esperança FM, onde fui repórter, produtor, apresentador, editor e diretor de Jornalismo.

A partir de 1995 ingressei no jornal O EstadoMaranhão, aprovado em um seletivo público, na maior reforma gráfica e editorial que o jornal experimentou.

Ali descobri a minha vocação para as letras do jornalismo escrito.

Para se ter ideia da importância desta escolha, meu teste para o jornal – uma reportagem sobre os terminais de integração, à época apenas um projeto da então prefeita Conceição Andrade – acabou transformando-se na manchete de primeira página de O Estado; era o dia 12 de julho de 1995.

Não há dúvida de que minha carreira jornalística se confunde com pelo menos metade da história do jornal O EstadoMaranhão.

Naquela redação vivi as transformações pessoais, do mundo, da política maranhense e da própria profissão de Jornalismo no último quarto de século.

Tudo o que sei sobre a prática jornalística aprendi na redação da Avenida Ana Jansen 200, após rico embasamento teórico na Ufma e na Faculdade Estácio de Sá.

Tive a sorte de ter como mestres nomes como Ribamar Corrêa, Newton Ornellas, Jaqueline Heluy, Ademir Santos, Manoel dos Santos Neto, Mário Reis, Alfredo Meneses, Edivan Fonseca, Ribamar Cardoso, Benito Neiva e Pergentino Holanda.

Convivi com ícones do jornalismo maranhense moderno, como Clóvis Cabalau, Felix Alberto, Zeca Pinheiro, Karina Lindoso, Érica Rosa, Sílvia Moscoso, Wal Oliveira, Othelino Neto, Waldirene Oliveira, Edwin Jinkings e Francília Cutrim dentre vários outros.

No jornal O EstadoMaranhão pude descobrir e comandar jovens talentos, como Carla Lima, Gilberto Léda, Mário Carvalho, Ronaldo Rocha, Batista Matos e Décio Sá, maior repórter da história recente do Jornalismo, com quem convivi desde a infância, passando pelo ensino médio e pela faculdade.

Quando era garoto, ainda lá no bairro do Coroado, lia o jornal O Estado em exemplares antigos, que minha mãe trazia da feira. Gostava da coluna Estado Maior; nunca imaginei que, um dia, seria responsável por esta coluna, a mais importante do jornalismo maranhense.

Como repórter de o Estado testemunhei a ascensão do roseanismo, a partir do governo Roseana  Sarney – que se confunde com a minha própria chegada ao jornal – e a queda do sarneysismo, a partir do rompimento do governador José Reinaldo Tavares, em 2003.

Foto de 1996, em uma visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao Maranhão; repórteres de todo o Brasil no avião presidencial

Foram nada menos que 12 coberturas eleitorais ininterruptas – 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2012, 2014, 2016, 2018 – sendo o repórter com mais tempo a cobrir política por um mesmo veículo.

Pelo Estado conheci o Maranhão inteiro, nos Governos Itinerantes.

Foi minha a manchete com selo de exclusividade revelando o destino da famosa carreta roubada que deu origem à CPI do Crime Organizado, um dos mais importantes momentos da história política recente.

Com Roseana estive em São Paulo durante a campanha de 1998 – em que ela venceu em primeiro turno, sem precisar viajar pelo interior.

À época, a governadora internada no Hospital das Clínicas e eu fazendo o acompanhamento diário, encaminhando por fax matérias escritas à mão e digitadas na redação.

Em 2014, já como editor de Política, criei o conceito de texto final; o programa consistia no fato de que todos os membros da editoria eram, ao mesmo tempo, repórter, editor e paginador.

O modelo foi seguido depois por toda as editoriais do jornal.

Em 2016, idealizei, organizei e ancorei o projeto Sabatina O Estado, um dos mais importantes espaços jornalísticos na campanha eleitoral, que se repetiu nas eleições de 2018 e 2020.

Em 2018 decidi encerrar minha passagem por O Estado, em comum acordo com a direção da empresa; decisão acertada, que deixou portas abertas e uma amizade ainda sólida com a família e com todos que fazem a empresa.

Raramente escrevo em primeira pessoa no blog Marco Aurélio D’Eça, mas para testemunhar a importante história do jornal O EstadoMaranhão, é preciso narrar fatos.

E só quem viveu fatos tem a experiência de poder contar esta parte da história maranhense.

Uma história que jamais se encerrará com o fim da edição impressa do jornal, neste sábado 23.

Ela continuará por que é marca do próprio Maranhão…

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Decifra-me ou te devoro, o enigma de 2022…

O ano eleitoral se apresenta ao atual governador como a Esfinge de Tebas, que perguntava a quem se aproximasse: “qual o animal que tem quatro patas pela manhã, duas pela tarde e, à noite, três patas?”

 

Flávio Dino precisa decifrar o enigma de 2022, caso contrário será engolido pela realidade que ele não consegue ver

 

Por Haroldo Sabóia*

Pelas redes sociais, tomo conhecimento que o governador Flávio Dino reafirma que cumprirá o acordo feito, em julho, com os pré-candidatos de “sua” base política à sua sucessão. E confirma para novembro o anúncio do escolhido.

Não é difícil prever como é complicada a resolução dessa delicada equação política. A primeira dificuldade – a meu ver – está em configurar o que Dino entende por “sua” base.

Sabemos que o atual ocupante dos Leões foi vitorioso, em 2014, apoiado por duas expressivas correntes da política maranhense.

Uma, representada pela forte dissidência do clã Sarney, liderada pelo ex-governador José Reinaldo que, antes, no segundo turno de 2006, já fora grande responsável pela vitória de Jackson Lago. Ao derrotar Roseana, Jackson torna-se o primeiro governador de oposição eleito, após décadas de domínio da oligarquia, estabelecida no pós-64.

A segunda poderosa corrente da política maranhense que viabilizou a eleição de Dino, em 2014, foi o PDT que, com o tempo, assumiu a direção das oposições e, com a morte de Lago, tem sido incontestavelmente dirigido pelo hoje senador Weverton Rocha.

Em resumo: a dissidência de José Reynaldo e o PDT liderado por Weverton Rocha foram as duas poderosas correntes políticas que constituíram a base eleitoral que elegeu Flávio Dino, em 2014, e o reelegeu, em 2018. Correntes que hoje disputam sua sucessão com os dois pré-candidatos Carlos Brandão (PSDB) e o próprio Weverton Rocha (PDT).

É notório que, ao longo de dois mandatos, Dino não logrou constituir uma base política para chamar de “sua”. Por mera ilustração, ao transferir-se para o PSB, levou uma dezena de secretários-candidatos (com desconhecidos pesos eleitorais) e apenas um parlamentar.

Assim, 2022 se apresenta ao atual governador como a Esfinge de Tebas, que perguntava a quem se aproximasse: “Qual o animal que tem quatro patas pela manhã, duas pela tarde e, à noite, três patas?”.

Aquele que não decifrasse o enigma seria devorado pela Esfinge.

Em 2022, se não souber decifrar o enigma da política, Flávio Dino poderá ser devorado por um tsunami eleitoral qualquer.

Deverá lembrar-se que, tal qual o homem da resposta ao enigma, quando se elegeu governador, em 2014, estava em sua juventude política. Como no “pela manhã” da Mitologia, era um bebê que engatinha com duas pernas e dois braços. No seu caso, as quatro patas eram partidos políticos, movimentos sociais, movimentos populares e um forte sentimento de oposição.

Em 2018, ao se reeleger (pela “tarde”, como o homem adulto do Enigma), Dino precisou tão somente de duas patas: a caneta de governador e a incontestável expectativa de poder por mais quatro ano.

Em abril de 2022, muito provavelmente veremos as duas fortes forças políticas (Weverton, de um lado, e José Reynaldo/Brandão, de outro) se engalfinharem numa incerta e acirradíssima disputa eleitoral.

E se Flávio Dino deixar de fato o Palácio dos Leões, correrá o risco de tornar-se o homem envelhecido do Mito da Esfinge.

Na “noite” do Enigma, o homem tem três patas, que são suas duas pernas e uma bengala. Sem o apoio daquelas duas forças (suas duas pernas) e sem a caneta do Leões (a bengala mágica), onde Flávio Dino encontrará os votos necessários para vencer uma imprevisível disputa para o Senado da República?

Poderá ser devorado pela Esfinge Eleitoral por não ter sido capaz de decifrar o Enigma da Política Maranhense.

*Ex-deputado federal constituinte

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Imprensa de luto…

Ao findar deste mês de setembro, o maquinário do jornal O Estado do Maranhão terá sido acionado pela última vez, imprimindo suas últimas linhas sobre o nosso cotidiano

 

Por Osmar Gomes dos Santos*

Reservo as próximas linhas para fazer um tributo justo, uma homenagem em tempo de um veículo de comunicação cuja narrativa transcendeu a história e fez parte da vida do maranhense, especialmente dos ludovicenses. Ao findar deste mês de setembro, o maquinário do jornal O Estado do Maranhão terá sido acionado pela última vez, imprimindo suas últimas linhas sobre o nosso cotidiano.
 
O anúncio veio como uma bomba na Imprensa local, que não esperava um tão sólido veículo ruir frente aos desafios da modernidade tecnológica. Os motivos, obviamente, competem aos proprietários, não cabendo qualquer especulação, mas, certamente, as transformações conjunturais, trazidas pelo avanço do digital, impactaram as estruturas do periódico, assim como de tantos outros em todo o Brasil.
 
Cabe a mim, como escritor, imortal e pensador, debruçar-me sobre uma análise menos crítica e voltar-me para a trajetória deste importante jornal e seu peso social. Se considerar seu antecessor, a história vai remontar o ano de 1959, quando da fundação do Jornal do Dia.
 
Mas é somente em 1973 que o jornal ganhou o nome que o projetou.

O senador José Sarney deu vida aos trabalhos de O Estado do Maranhão consolidando uma alteração de nome em relação ao antecessor. Naquele editorial, de 1º de maio de 1973, afirmou José Sarney “não temos nenhuma inauguração a fazer. Hoje, o Jornal do Dia chama-se O Estado do Maranhão”.
 
Com a mudança de nome, o periódico ganhava também casa nova, o maquinário mais moderno da época e uma roupagem que ultrapassava o embate político diário. Agora, havia espaço para o quotidiano da cidade sob várias vertentes: política, economia, lazer, esportes, serviços.
 
Era o espírito que carregava o seu co-fundador, ao afirmar que o objetivo do jornal era de modernizar a imprensa maranhense. Propunha a Inovação, a estética bem construída com traços gráficos sempre atuais e a elevação do nível dos debates propostos, inserindo os problemas cotidianos na ordem do dia.
 
A essência do bom jornalismo, pois, entendo que está aí: contribuir com informação de relevância para que os temas importantes da sociedade sejam permanentemente debatidos e solucionados pelos mais distintos segmentos sociais. Aí consiste a dimensão cultural da imprensa.
 
O mundo, o país, o estado, a cidade, a comunidade foram todos trazidos para dentro das folhas, ainda em preto e branco, mas, agora, bem mais cheias de vida. E assim foi ao longo dos 62 anos que se sucederam, com intensa produção jornalística, até culminar com o fatídico setembro de 2021.
 
Por muito tempo, O Estado captou fragmentos do cotidiano, ajudando a formar um álbum de registro da história que passava aos nossos olhos. Acontecimentos, fatos, realizações, conquistas, glórias, feitos épicos, problemas, pessoas.
 
Quantos não foram os grandes nomes que por aquelas cadeiras passaram. Estudantes, estagiários, recém-formados, profissionais que ascenderam na carreira após as experiências vividas nos bancos da redação. O jornal, a escola, a faculdade.
 
Após a morte do co-fundador Bandeira Tribuzi, em 1977, outros grandes profissionais exerceram o importante ofício do jornalismo. Repórteres, editores, colunistas, redatores, revisores, colaboradores eventuais. Bernardo Almeida e Bello Parga, Benito Neiva, Pedro Costa Antônio Carlos Lima, foram alguns desses profissionais que comandaram a produção diária de notícias.
 
O jornal foi palco de muitos acontecimentos. Histórias, aprendizados, críticas, controvérsias, erros e acertos. Convém lembrar que, antes de tudo, qualquer veículo de comunicação é feito de pessoas e tem sua linha editorial própria definida.
 
Certo é que a Imprensa agora está de luto, pois o fechamento não é bom para ninguém. Admiradores, apoiadores, críticos, opositores. Muitos já tiveram a oportunidade de se manifestar ao longo deste mês de setembro. De modo geral, imperou o bom senso, a reflexão e o reconhecimento do importante serviço prestado à sociedade.
 
Em tempos em que a verdade é atacada, o bom jornalismo é vítima de perseguição, o profissional jogado contra as cordas por aqueles que preferem a via antidemocrática, essa se torna uma perda incomensurável. Não se pode medir quão órfão ficarão as narrativas da sociedade. Por outro lado, há aqueles que ainda resistem ao advento da modernidade e seguem impávidos, mas, agora, com ainda mais responsabilidade.
 
Eis a roda da história. Fecha-se um ciclo, na esperança de que outros possam ter início. A última reunião de pauta, a derradeira reportagem, as revisões finais. Conversam dão conta de que é possível a manutenção de uma versão digital, que assim seja. Fato é que ao  apagar das luzes deste setembro, na Avenida Ana Jansen, 200, bairro do São Francisco, as máquinas que tanto barulho fizeram por tanto tempo, adormecem. 
 
Aplausos para todos que ali fizeram história. Parabéns aos valorosos profissionais que ajudaram a revelar um pouco mais do cotidiano de nossa cidade. Fica o reconhecimento por tudo que fora produzido e a reverência, para a eternidade, pelo desafio de ousar e inovar sempre.

Eu fui jornaleiro. Eu gritei o nome do Jornal O Estado do Maranhão nas ruas de São Luís.

*Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras