Evilson Almeida: marqueteiro “imobiliário” (imagem: Robert Lobato)
São dois textos quilométricos. Os dois tratando do mesmo assunto. Os dois escritos praticamente da mesma forma, com o mesmo conteúdo, mesmos dados técnicos e mesmas informações de bastidores.
Em suma, é o mesmo texto, assinado como produção própria por dois blogueiros de peso na capital maranhense. E o dois textos tentando fazer desagravo ao publicitário Evilson Almeida, que reclama a posse do terreno no Calhau onde a prefeitura iria construir o hospital de urgência e emergência.
Trata-se de uma resposta à denúncia do deputado Neto Evangelista (PSDB) – publicada aqui neste blog – segundo a qual o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) estaria disposto a devolver o terreno a Evilson, como pagamento pela produção de sua campanha publicitária – sem prejuízo de uma de suas empresas ganhar a conta da prefeitura, cujo processo de licitação já está em andamento.
Quem primeiro publicou o texto-defesa do publicitário foi o blogueiro Robert Lobato, no último dia 15, com a seguinte afirmação: “resolvemos, em nome do jornalismo equilibrado, pesquisar e ouvir a outra parte envolvida, advogados, políticos e comunitários sobre o assunto, o que me levou às seguintes conclusões”.
Dias depois, em 18 de abril, Luis Cardoso também vem com o mesmo texto. E com o mesmo espírito jornalístico incorporado: “Em nome do bom jornalismo, resolvi investigar o assunto, ouvir depoimentos e colher informações que merecem ser conhecidas”.
É impressionante que os dois blogueiros tenham investigado tudo em tão pouco tempo e tenham conseguido exatamente as mesmas informações. E desenvolvido, a partir delas, o mesmo raciocínio.
Coisa de gênio (do jornalismo ou da publicidade?)
O terreno que o publicitário quer de volta: ora mais valorizado
Os dois blogueiros foram iguais até no relato dos mesmos fatos, desenvolveram o mesmo raciocínio e até na citação do mesmo número de ações sobre o terreno em tramitação na justiça.
Veja um trecho da “investigação” desenvolvida por Robert Lobato: Teimoso, e ainda movido pela “ressaca” da campanha de 2008, o então prefeito João Castelo resolve ordenar a desapropriação, no Altos do Calhau, de duas áreas num total de 10 hectares para implantar um projeto que ocuparia, segundo o projeto, no máximo 2,8 hectares. Em torno de 65% dessa área pertencia a Enter Propaganda, e 35% ao empresário Manoel Dias e Skema Engenharia. (Leia a íntegra aqui)
Agora veja como Luis Cardoso “escreveu” o mesmo enfoque: As duas áreas desapropriadas pela Prefeitura pertencem, a maior parte à Enter Propaganda e, a outra parte, ao empresário Manoel Dias e Skema Engenharia totalizando quase 10 hectares. Mas o projeto do Hospital de Castelo não pretendia ocupar a área do Sr Manoel Dias/Skema Engenharia. “A Prefeitura ocuparia 16 hectares de área nobre para implantar um projeto de apenas 2,8 hectares”, afirma Almeida. (Leia a íntegra aqui)
Repare que o produtor do texto dos blogueiros teve o cuidado de modificar o texto-base. O que vem como texto corrido em Robert Lobato, é posto como declaração no texto de Cardoso. É comum no jornalismo a modificação de press-releases para que o leitor não fique com a impressão de estar lendo a mesma coisa em vários lugares.
Mas o fato é que o publicitário Evilson Almeida parece com medo.
Se existia um acordo com Holandinha para ele receber de volta o terreno que diz ser seu – agora valorizado pela terraplanagem e obras iniciais realizadas pela prefeitura – ele teme que a opinião pública possa se voltar contra esta possibilidade.
E se existe outro acordo, para que ele “vença” a licitação da Secretaria de Comunicação na Prefeitura de São Luís – já turbinada com mais R$ 5,4 milhões – ele também teme que os setores de fiscalização (Ministério Público, TCE e Polícia) possam estragar o esquema.
Mas não precisava chegar ao ponto de plantar um texto para tentar se explicar, como se fosse fruto de produção jornalística isenta.
E nem precisava expor os blogueiros a tanto…
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