Marco Aurélio D'Eça

Flávio e Jackson: em anos de vida pública, uma das poucas imagens com os dois juntos

Uma ala do PDT já não morria de amores pelo chefão maranhense do comunismo, Flávio Dino, desde as eleições de 2006, quando sua entrada na vida pública foi patrocinada pelo então governador José Reinaldo Tavares (hoje no PSB).

Esta ala, que tem Clay Lago, mulher de Jackson Lago, e o filho do ex-governador, Igor Lago, como representantes mais destacados, faz questão de expor publicamente a antipatia a Dino – apontado como autoritário, egoísta, personalista e com os mesmos vícios e defeitos que diz combater.

Mas há outros pedetistas históricos que rejeitam a idéia de Dino como líder oposicionista.

O ex-deputado Rubem Brito, por exemplo, também expõe vez por outra o que pensa do chefão comunista. Sem falar no ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, que reagiu duramente à simples cogitação de que poderia ser vice do Dino.

Mesmo com toda esta turma criticando, no entanto, Flávio Dino ainda tinha o apoio de uma ala forte do PDT – aliás, a ala que hoje tem o controle do partido, comandada por Weverton Rocha e Julião Amin.

Mas parece que esta relação, se ainda não minguou, está minguando.

Com apenas três meses de gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC), Flávio Dino e seu grupo mostraram a cara e tentaram abertamente alijar o grupo do deputado federal Weverton Rocha da divisão de poder.

Júlio França e Ivaldo Rodrigues: alijados pelo PCdoB

Militância pedetista

Ninguém pode negar que a candidatura de Holandinha só existiu por causa do PDT.

Aliás, ele seria candidato em 2012 não pelo PTC, mas pelo PDT, cuja transferência já estava acertada em junho de 2011 – e só não vingou exatamente por causa da rejeição da chamada ala histórica, que amedrontou o pai do então candidato.

Mas foi o PDT – e não Flávio Dino e sua turma – que garantiu estrutura, logística, tempo de TV e militância para fazer a diferença na campanha, sobretudo no 2º Turno.

Mesmo assim, o grupo de Weverton Rocha e Julião Amin ficou sem nenhuma participação na chapa.

Esperava-se, como compensação, a presidência da Câmara, vetada abertamente pelo PCdoB.

Já no governo, os comunistas abocanharam os principais cargos, deixando ao PDT apenas a pequena Secretaria de Esportes e duas pastas ainda inexistentes (a do Trabalho e a de Juventude). Além disso, no comando da Educação, os comunistas afastaram os pedetistas das direções de escolas – e ainda os acusaram de “incompetência, má-gestão e irregularidades”, segundo o secretário Allan Kardec Duailibe.

Hilton Gonçalo: nem pensar em ser vice do comunista

“Vícios e irregularidades”

A pacandaria contra os pedetistas continuou na Secretaria de Abastecimento

Em meio às críticas pela suspensão do programa “Bom peixe”, em plena semana santa, o secretário do PSB, Marcelo Coelho, resolveu justificar com uma nota elaborada pelo comunista Márcio Jerry, lugar-tenente de Flávio Dino, apontando “vícios e irregularidades” no programa, controlado até o final do ano por Júlio França, outro dos expoentes do PDT.

Foi a gota d’água para manifestações duríssimas de Weverton Rocha, Julião Amin e seus aliados.

O termo “sacanagem” foi usado pelo deputado pedetista para definir a atitude de Coelho

Como se vê, além de não ter projeto e programa de governo, não se relacionar com a classe política – como bem disse o seu próprio criador, José Reinaldo – Flávio Dino ainda tem a capacidade de afastar aqueles que o apoiam de bom grado.

E o PDT é a vítima mais recente desta capacidade comunista de desagregar. Assim mostram os fatos.

E contra fatos, não há argumentos…

Rosena e Madeira: importante aliado

Não é de hoje a busca de uma relação mais próxima entre a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o PSDB maranhense.

Desde que assumiu o primeiro mandato, em 1995, Roseana já buscava uma aliança com os tucanos maranhenses. À época, ela era aliada do tucanato nacional, mas o ninho maranhense lhe fazia oposição ferrenha.

O partido tinha como grande estrela o então deputado federal Jaime Santana – hostil ao governo. Roseana era filiada ao extinto PFL, um dos principais aliados tucanos no Brasil.

Mesmo hostilizada, a então governadora manteve a aliança nacional com o tucanato até 2002

E sempre buscando a aproximação com o PSDB maranhense.

Em 1998, os dois lados chegaram a cogitar aliança formal, inclusive com a possibilidade de indicação de um candidato a vice na chapa da pefelista à reeleição.

Na época, o emergente deputado federal Sebastião Madeira era o nome  cogitado para o posto, mas a posição radical dele em relação ao grupo Sarney – e a mágoa do também deputado Roberto Rocha – inviabilizaram a aliança.

Roseana tinha dois aliados no PSDB – que haviam entrado em 1997, com grande festa de recepção: o ex-governador João Castelo, oriundo do extinto PPR, e a ex-prefeita Conceição Andrade, que havia deixado a prefeitura de São Luís dois anos antes.

Nem isso serviu para aproximar o PSDB do grupo roseanista.

A partir de 2002, com a aproximação do PMDB ao PT, tornou-se mais difícil esta aliança. Mesmo assim, setores do grupo da governadora mantiveram-se próximos ao PSDB.

Só a partir de 2010, com Roseana já no PMDB, a aliança com o PSDB ficou mais próxima.

O que culminou agora com a defesa pública da aliança pelo prefeito Sebastião Madeira.

E se depender da governadora, as portas estão abertas.

– Todos serão bem vindos – disse ela…