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Mesmo sem ser filiado, Flávio Dino quer forçar PT a impedir teses contrárias a si e a Brandão

Governador quer impedir que aliados do senador Weverton Rocha e do sociólogo Paulo Romão apresentem defesa dessas candidaturas no encontro de tática do dia 29

 

Paulo Romão tem sido a principal pedra no sapato de Flávio Dino dentro do PT, legenda que o ex-governador parece ter como propriedade

Mesmo sem ser filiado aí partido, o ex-governador Flávio Dino (PSB) considera-se o dono do PT no Maranhão.

Ele já impôs a legenda – por meio de dirigentes empregados no Palácio dos Leões – a sua própria candidatura a senador e a do ex-secretário Felipe Camarão a vice do tampão Carlos Brandão (PSB).

Mas agora Dino vai mais longe e tenta impedir até mesmo o debate democrático dentro do PT, segundo denunciou o sociólogo Paulo Romão, pre-candidato petista aí Senado.

De acordo com Romão, Flávio Dino usa diretores do PT para impedir que teses contrárias aos seus interesses sejam até mesmo registradas no Encontro de Tática dos dias 28 e 29.

– A democracia interna do PT não é o clube do bolinha onde o adversário tem o controle e só participa do jogo quem ele autoriza e concorda com ele – crítica Romão, numa referência ao fato de Flávio Dino querer ser o dono do “time de Lula” no Maranhão.

Pelo menos três teses contrárias ao interesse de Flávio Dino pretendem ser discutidas no encontro de tática do PT:

1 – a candidatura de Paulo Romão ao Senado;

2 – a candidatura de Zé Inácio a vice-governador;

3 – o apoio a Weverton Rocha para o Governo.

Mas, segundo Paulo Romão, a direção estadual pode negar – a mando do ex-governador – o número de assinaturas necessárias até mesmo para as teses serem inscritas.

O direito de tese é uma tradição democrática do PT e premia o debate democrático, ao assegurar que as minorias partidárias possam ser ouvidas e ter seus posicionamentos respeitados na cultura partidária – afirma Paulo Romão, em carta aberta encaminhada à militância e à direção do PT.

Abaixo, a íntegra do documento:

Direito de Tese ao Encontro Estadual de Tática do PT/MA

Pela correlação de forças estabelecidas em que ação governista tenta banir o pensamento divergente no Partido dos Trabalhadores no Maranhão, as teses que divergem da aliança com o PSB aqui no estado não dispõem do número de assinaturas de delegados e delegadas para serem inscritas no Encontro de Tática Eleitoral , a ser realizado nos dias 28 e 29 de maio de 2002.

Por serem legítimas no debate democrático do PT, jamais podem ser ignoradas ou mesmo silenciadas pelo rolo compressor da máquina do estado , ditando o tom da nossa democracia interna.

Em cumprimento aos preceitos estatutários que regem nossa democracia interna, venho por meio deste reivindicar o direito de tese no referido encontro.

O direito de tese é uma tradição democrática do PT e premia o debate democrático , ao assegurar que as minorias partidárias possam ser ouvidas e ter seus posicionamentos respeitados na cultura partidária .

Assim sendo , não se pode continuar negando a presença política de nossa pré-candidatura ao senado federal pelo PT , e pela Federação Brasil da Esperança , que deseja participação neste encontro , que é o momento máximo de nossa democracia interna .

Em 3 anos de pré-candidatura, incomodamos muita gente, pontuamos em todas as pesquisas , fomos vetados em várias outras e eles sabem o que estão combatendo .

Ademais, não faz parte de nossa história partidária encontro com tese única .

Seria anti-democrático não permitir que as minorias partidárias participem da construção das decisões partidárias.

A democracia interna do PT não é o clube do bolinha onde o adversário tem o controle e só participa do jogo quem ele autoriza e concorda com ele .

As maiorias políticas são circunstâncias.

A democracia partidária é permanente.

Nestes termos, reivindico direito de tese para juntos com outros companheiros e companheiras defendermos a tese de aliança com o PDT Weverton Governador , e como filiado possuidor de direitos partidários, que nossa defesa de candidatura própria ao Senado Federal pelo PT/MA , não seja objeto de sufocamento e impedimento .

A divergência sempre existirá .

Será inútil combater a diversidade de pensamento.

Paulo Romão
Sociólogo
Pré- candidato ao Senado Federal pelo PT/MA

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Petistas de base fazem ofensiva para ter Zé Inácio como opção de vice do PT

Correntes do partido que não aceitam a imposição do ex-secretário Felipe Camarão pelo ex-governador Flávio Dino vão discutir estratégias para vencer o encontro de tática e garantir o nome do deputado estadual numa eventual composição com o tampão Carlos Brandão

 

Alguns dos flyer’s usados por apoiadores de Zé Inácio para divulgá-lo entre petistas e garantir vitória no encontro de tática do PT

Representantes de várias correntes do PT iniciaram esta semana uma ofensiva nas redes sociais e grupos de troca de mensagens no Maranhão inteiro em nome da indicação do deputado estadual Zé Inácio para compor como vice em uma eventual aliança do partido com o governador-tampão Carlos Brandão (PSB).

Essas correntes, algumas chamadas de “petistas de base”, não aceitam a imposição do nome do ex-secretário Felipe Camarão pelo ex-governador Flávio Dino (PSB).

– No encontro do PT eu apoio Zé Inácio para vice-governador – diz um dos cards espalhados nas redes sociais.

A campanha incomodou Flávio Dino e seu tampão, que já pressionaram os membros da Executiva do partido empregados no Palácio dos Leões para evitar uma derrota no Encontro de Tática marcado para os dias 28 e 29.

A grande dificuldade da imposição do nome de Felipe Camarão é a falta de identidade do ex-secretário com a ideologia de esquerda e com o campo progressista, problema que sofre também, o próprio Brandão.

Histórico do PT, Zé Inácio tem identidade com os movimentos sociais e, sobretudo, com os trabalhadores na agricultura, quilombolas e indígenas, setores inacessíveis para Brandão, de família de latifundiários no interior maranhense.

Para tentar evitar um crescimento de Zé Inácio, Flávio Dino já propôs até mesmo adiar o encontro de tática, como revelou o blog Marco Aurélio D’Eça.

Essa emenda, no entanto, pode sair pior que o soneto…

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Com medo de derrota, Flávio Dino quer cancelar encontro de tática do PT

Ex-governador teme que, durante votação secreta das teses, o apoio ao tampão Carlos Brandão – e à sua própria candidatura de senador – seja derrotado por outras possibilidades dentro do partido; e usa a manipulação do atual comando partidário para tentar reunir apenas a executiva

 

Com absoluto controle do presidente petista Francimar Melo, Flávio Dino quer manipular o encontro de tática marcado para o fim de maio

O ex-governador Flávio Dino (PSB) começou a fazer gestões nos bastidores do PT para tentar ter o controle do encontro de tática que o partido realizará no final de maio, quando definirá seu rumo eleitoral no Maranhão.

Com absoluto poder de manipulação da executiva do partido – toda empregada no Palácio dos Leões – Dino sente-se à vontade para determinar os rumos da legenda, sufocando qualquer movimento contrário aos seus interesses.

Diante da ameaça de teses diferentes das que ele prega – de apoio a ele próprio e ao governador-tampão Carlos Brandão – o ex-governador já admite, inclusive, trabalhar para cancelar o encontro de tática marcado para o dia 29 de maio.

O problema é que os petistas são obrigados a votar todas as teses apresentadas no encontro; e há pelo menos duas teses contrárias ao interesse de Dino: uma a ser levada pelo diretório de São Luís, de apoio à candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), e outra que será apresentada por uma das correntes petistas, de apoio à candidatura de Paulo Romão ao Senado.

Se as duas teses forem aprovadas no encontro, apenas uma intervenção da direção nacional mudará o contexto da aliança petista, o que seria, de qualquer forma, um desgaste para Flávio Dino e seu candidato.

Para evitar ter que recorrer à força, Dino quer usar seu próprio encontro, do próximo sábado, 14, como primeira etapa do encontro de tática.

E no dia 29, apenas a Executiva se reuniria – também sob o comando de Dino – para homologar o que ele decidiu sozinho.

Será o PT sendo PT no Maranhão…