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Lula cada vez mais fora de contexto no espaço-tempo…

Ex-presidente mostra-se distante da realidade política atual ao pregar projetos exclusivistas e insistir em uma hegemonia do PT na esquerda, o que só contribuiu tanto para o golpe contra Dilma, em 2016, quanto para a derrota nas eleições de 2018

Para Lula, o projeto de poder das esquerdas só tem importância se tiver o seu PT e ele próprio como protagonistas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem tentado desde o início da pandemia se incluir no debate político nacional, sobretudo diante da crise institucional gerada pela postura beligerante do presidente Jair Bolsonaro.

Neste contexto, chegou a reclamar, por intermédio do seu partido, que a Rede Globo não dava voz a ele como ex-presidente.

Nas suas últimas cinco coberturas a Globo ouviu três vezes FHC e uma vez Sarney. Lula foi ignorado, mesmo tendo muito mais apoio popular do que os dois anteriores multiplicados – lamentou-se o PT em sua conta no Twitter. (Saiba mais aqui)

Mas os próprios Lula e PT –  e também Dilma Rouseff – são responsáveis por este isolamento e pela falta de discurso antenado com o atual momento político brasileiro.

Em setembro de 2016, o blog Marco Aurélio D’Eça já abordava este tema, numa espécie de exortação, no post “Saída de Dilma é injeção de ânimo na militância de esquerda…”

A postura hegemônica do PT na esquerda, e a autopercepção de Lula como voz única entre os líderes políticos já haviam contribuído para a derrota nas urnas nas eleições de 2018.

Mesmo diante de críticas de setores da esquerda e dos movimentos sociais. (Relembre aqui, aqui e aqui)

E agora tanto o presidente quanto o seu partido mostram-se completamente distantes no contexto espaço-tempo, ainda insistindo num projeto hegemônico, encabeçado apenas e tão somente pelo PT.

De Caetano Veloso a Luciano Huck, passando por Flávio Dino, Fernanda Montenegro e FHC, o manifesto “Estamos Juntos” reúne as principais forças político-culturais no Brasil

A grita de Lula contra o manifesto “Estamos Juntos” – que reúne alguns dos principais líderes políticos brasileiros, de todas as correntes – mostra que o ex-presidente, a despeito da postura agregadora que resultou em sua vitória nas eleições de 2002, hoje caminha a passos para o sectarismo radical, que só afasta.

– O PT já tem história neste país, já tem administração exemplar neste país. Eu, sinceramente, não tenho condições de assinar determinados documentos com determinadas pessoas – afirmou Lula, em encontro do PT nesta segunda-feria,1º.

O movimento “Estamos Juntos” reúne artistas do quilate de Caetano Veloso e Fernanda Montenegro, ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso (PSDB),  e presidenciáveis, como o apresentador Luciano Huck e o governador Flávio Dino (PCdoB).

– Eu não tenho mais idade para ser Maria vai com as outras – frisou o ex-presidente petista… (Não entendeu? Entenda aqui)