Felipe Camarão integra chapa nacional do PT…

No mesmo fim de semana em que recebe adesão de mais de 100 diretórios municipais, vice-governador é chamado a compor o diretório nacional do partido, encabeçado pelo ex-ministro Edinho Silva, que tem apoio do presidente Lula e da ex-presidente da legenda Gleisi Hoffmann

 

CÚPULA NACIONAL DO PT. Vice-governador maranhense Felipe Camarão vai compor a delegação da chapa encabeça por Edinho Silva

O vice-governador Felipe Camarão ultrapassou neste fim de semana a marca de mais de 100 diretórios municipais do PT que assinaram manifesto de apoio à sua candidatura ao Governo do  Maranhão; no mesmo fim de semana, Camarão foi confirmado na chapa encabeçada pelo ex-ministro Edinho Silva para o comando nacional do partido.

  • embora apoie candidaturas maranhenses, o vice-governador não se envolve diretamente na disputa do PED do PT; 
  • ao mesmo tempo ele se consolida como o principal representante maranhense no comando nacional do partido.

“Firme e forte na luta, pelo melhor para o meu partido e para o nosso país!”, declarou Camarão, ao integrar a chapa nacional, que traz no nome uma sentença: “Derrotar a extrema direita e avançar na construção de um novo Brasil”.

Marcado por acusações entre os antigos dirigentes locais – a maioria vinculada ao governo Carlos Brandão (PSB) – o Processo de Eleição Direta do PT maranhense tem como pano de fundo o debate sobre candidatura própria nas eleições de 2026.

Com interlocução direta no diretório nacional, o vice-governador acompanha nos bastidores a movimentação das várias tendências internas do partido.

A eleição para o comando do PT ocorre em 6 de julho…

Bancada de direita quer criar a figura do “deputado à distância”…

Proposta já encampada pelos bolsonaristas – feita sob medida para atender aos interesses de Eduardo Bolsonaro – beneficiaria também Carla Zambelli – criando a inusitada figura do parlamentar EAD

 

DEPUTADOS EAD. Proposta criada para beneficiar Eduardo Bolsonaro vai dar vida boa também á foragida Carla Zambelli

Proposta assinada pelo deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES) pretende criar na Câmara a figura do “parlamentar EAD”, uma espécie de deputado à distância, que poderia exercer o mandato a partir de qualquer lugar do mundo, de forma remota, sem precisar dar expediente em Brasília.

  • claramente criada para atender ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a medida já foi encampada pelos bolsonaristas;
  • a medida beneficiaria diretamente também a deputada foragida Carla Zambelli (PRB-SP) já procurada pela Interpol.

“Libera, mediante autorização da Mesa Diretora, o exercício remoto do mandato parlamentar”, diz o texto da proposta de Evair Melo, fazendo alteração ao Regimento Interno da Câmara, que não prevê, atualmente, a figura do exercício remoto do mandato. (Saiba mais aqui)

Nos Estados Unidos desde dezembro, Eduardo Bolsonaro licenciou-se do mandato por 121 dias em 20 de março, e pode ficar afastado até 22 de julho, quando completa 122 dias de licença.

  • mas ele já deu claros sinais de que não pretende voltar ao Brasil enquanto não derrubar o governo Lula;
  • também conspira contra os ministros do Supremo Tribunal Federal que considera hostis à sua ideologia.

Caso a Câmara acate a posição do deputado Evair Vieira de Melo, Bolsonaro e Zambelli poderão viver nos Estados Unidos e na Europa como “parlamentares EAD” brasileiros, mesmo conspirando contra o Brasil.

E com salário e benefícios pagos pelo povo brasileiro…

Lula volta a defender maioria aliada no Senado em 2026…

Presidente quer ter força política em seu eventual quarto mandato presidencial para evitar que a extrema direita passe a avacalhar o Supremo Tribunal Federal

 

BASE ALIADA. Lula mostrou preocupação com a base no Senado ao falar no Congresso Nacional do PSB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a construção de uma base aliada com maioria no Senado Federal a partir e 2026; no Congresso Nacional do PSB, Lula voltou a dizer que a sua prioridade em um eventual quarto mandato é eleger o maior número de senadores de centro-esquerda.

  • em 2026, o Senado vai renovar 54 das 81 cadeiras disponíveis;
  • para ter maioria, a base de Lula precisa eleger 41 senadores.

“Muitas vezes, a gente tem que pegar os melhores quadros, eleger senador da República, eleger deputado federal, eleger senadora, porque nós precisamos ganhar a maioria do Senado”, pregou o presidente.

Uma das preocupações de Lula é o Supremo Tribunal Federal, que passou a ser alvo da exrema-direita desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Nós precisamos ganhar a maioria do Senado, porque, senão, esses caras [da direita] vão avacalhar com a Suprema Corte. Preservar as instituições garante o exercício da democracia nesse país”, afirma Lula.

  • com o controle do Senado, a extrema direita pode, por exemplo, promover o impeachment de ministros do STF;
  • os extremistas entendem que, nesta formação, STF atua contra os interesses da direita religiosa e conservadora.

Nas eleições de 2026, cada estado elegerá dois senadores.

Lula quer eleger aliados na maioria dos estados…

Pesquisa desfaz mito da rejeição de evangélicos a Eliziane…

Números do levantamento do instituto Prever mostra que a senadora lidera todos os cenários em que aparece quando analisado este segmento específico do eleitorado

 

EM SEU PÚBLICO. Num dos principais cenários em que se destaca o eleitorado evangélico, Eliziane lidera como primeiro voto e pontua bem como segundo voto

Nos últimos anos, um conjunto de fake news espalhadas por adversários internos tentaram criar uma realidade de rejeição da senadora Eliziane Gama no segmento evangélico.

  • esse mito é disseminado, sobretudo, por bolsonaristas ligados à própria igreja evangélica;
  • adversários políticos da senadora dentro da igreja revoltam-se com o apoio dela a Lula.

Mas a pesquisa do instituto Prever, contratada pelo deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB) e divulgada semana passada, destruiu o mito da rejeição dos evangélicos a Eliziane; a senadora lidera praticamente todos os cenários em que este segmento é isolado na pesquisa.

  • no cenário em que ela substitui o governador Carlos Brandão, por exemplo, Eliziane tem 22% como primeiro voto evangélico e mais 8,1% como segundo voto;
  • em outro cenário, que inclui o próprio Brnadão e mais seis candidatos, incluindo o próprio vice-governador Felipe Camarão, Eliziane tem o segundo maior índice.

NASCIDA E CRIADA NO EVANGELHO, Eliziane tem papel relevante na promoção do segmento na sociedade brasileira

Nascida e criada na  Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Eliziane Gama sempre usou os mandatos para fortalecer este segmento religioso; e é autora de diversas proposições em favor da religião em seus 20 anos de vida pública, que serão completados em 2026.

A partir de 2018, outros atores cristãos mais ligados à extrema direita e ao bolsonarismo começaram a atuar como lideranças políticas nas igrejas, buscando minar Eliziane, que nunca foi afeita ao ex-presidente.

São estes atores que ainda insistem na construção de fake news contra a senadora no meio evangélico, mesmo depois do fim do bolsonarismo, com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) em 2022; essas fakes news são agora descontruídas pelos números das pesquisas.

E os números não mentem, jamais…

Flávio Dino versus Silas Malafaia…

Enfrentamento do deputado federal Sóstenes Cavalcante – que peitou o ministro ao negar-se dar informações sobre emendas – segue a dinâmica do seu tutor, que é pastor evangélico, espécie de empresário da fé

 

GUERRA SANTA. Flávio Dino comprou briga com deputado que tem Silas Malafaia como espécie de tutor

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) resolveu peitar o ministro do Supremo tribunal federal Flávio Dino ao recursar-se dar informações sobre emendas parlamentares.

  • Cavalcante é uma espécie de alter ego do pastor-empresário Silas Malafaia;
  • extremista de direita, ele também pé ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha.

“Na qualidade de deputado federal e líder do Partido Liberal (PL), amparado no disposto no art. 53 da Constituição Federal, consigno que fico eximido de apresentar quaisquer explicações sobre o conteúdo da referida entrevista, concedida exclusivamente no âmbito do exercício do mandato parlamentar”, respondeu o parlamentar ao ministro.

Flávio Dino havia dado prazo para Sóstenes Cavalcante explicar a ameaça de romper acordo sobre distribuição de emendas de comissão. 

O próprio Silas Malafaia gravou vídeo em suas redes sociais dizendo ser a resposta do deputado:

“O deputado Sóstenes, que é macho, dá a resposta e diz ‘não devo satisfação”‘, afirmou o pastor. (Veja aqui)

Dino apenas lembrou que a imunidade parlamentar não abrange o que Sóstenes argumentou.

Sobre Malafaia, o ministro silenciou…

O golpe não acabou no 8 de janeiro!!!

Narrativas típicas de bolsonaristas e da extrema direita seduzem cada vez mais operadores do Direito, magistrados e até políticos da esquerda, num ciclo perigoso que busca renascer os fantasmas da ditadura

 

ELES AINDA ESTÃO AQUI. O que assusta não é a movimentação da extrema direita, mas a sedução que ela exerce em setores da sociedade

Editorial

A sociedade democrática, a população livre e os autênticos defensores do estado de direito precisam ficar alertas a um movimento que começa a se entranhar nas instituições brasileira.

  • narrativas da extrema direita continuam a seduzir setores da sociedade;
  • o golpe não acabou com o vandalismo bizarro do 8 de janeiro de 2023.

A extrema direita em particular e o bolsonarismo de forma geral não despareceram com as condenações pela tentativa de golpe de estado; eles continuam a povoar o Congresso Nacional, setores da imprensa e a população mais vulnerável aos postulados messiânicos.

  • cada vez mais políticos progressistas são seduzidos pela pauta extremista;
  • o coleguismo do Congresso Nacional tem levantado alguns debates perigosos.

É preciso que a sociedade democrática fique atenta a políticos de esquerda que defendam, por exemplo, o fim da Lei da Ficha Limpa; é preciso ficar de olho no debate sobre anistia aos golpistas, que já encanta mais de 1/3 da Câmara dos Deputados.

O golpe começa assim.

Em 2013, tudo começou com uma simples manifestação contra o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus em São Paulo; o que se viu depois foi a cassação covarde de uma presidente legitimamente eleita e o surgimento do esgoto da política, que chegou até mesmo a governar o país por quatro anos.

Este blog Marco Aurélio d’Eça sintetizou aquele ciclo político em maio de 2020, no post “Os passos do golpe que resultou em Jair Bolsonaro…”. 

A classe política tem o poder de barrar os levantes populistas e mentirosos, mas é a sociedade organizada a única capaz de impedir o recrudescimento de narrativas fascistas, disfarçadas em termos como anistia, pacificação e segurança jurídica.

É só um primeiro alerta, mas é preciso ficar atento…

Deputado propõe ação pela extinção do partido de Bolsonaro…

André Janones entende que o envolvimento do PL com atos golpistas e atentados contra autoridades da República fundamentam pedido da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal

 

MÁQUINA DE GUERRA. Bolsonaro com Valdemar da Costa Neto no PL, em Brasília: partido usado como instrumento de golpe

O deputado federal André Janones (Avante-MG) apresentou à Procuradoria-Geral da República “Pedido de Propositura de Ação Declaratória de Extinção do Partido Liberal (PL)”; na ação, Janones fundamenta no envolvimento do PL com atos golpistas e atentados a autoridades da República.

O PL é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Este pedido fundamenta-se na necessidade de proteção do regime democrático brasileiro, que tem sido alvo de sucessivos ataques e ameaças originados e fomentados por figuras de liderança e membros do partido requerido”, argumenta Janones. (Veja aqui a íntegra da ação)

  • o autor do atentado ao STF, há duas semanas, é filiado ao PL e disputou as eleições municipais pelo partido;
  • o ato em Brasília tem ligações diretas com o 8 de janeiro de 2023, na invasão da praça dos Três Poderes;
  • relatório da Polícia Federal indica que o PL financiou os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023;
  • deputado Carlos Jordy, do PL-RJ, ajudou na montagem de acampamentos e bloqueios no país.

Além desses eventos, o PL tem apoiado direta ou indiretamente discursos de incitação à violência e ao desrespeito ao processo democrático, como os reiterados questionamentos sobre a legitimidade das urnas eletrônicas e ataques ao sistema eleitoral. Esses discursos não se limitam à liberdade de expressão, pois resultam em atos de violência e minam a confiança pública nas instituições democráticas”, diz o parlamentar.

Janones lembra que a Polícia Federal encontrou na sede do PL, em Brasília, documentos com argumentos para decretação de Estado de Sítio; também ressalta que a estrutura do partido foi usada por golpistas.

O parlamentar cita o Artigo 17 da Constituição Federal e a Lei dos Partidos Políticos ((Lei nº 9.096/1995) pra fundamentar seu pedido.

A ação de André Janones foi encaminhada ao procurador-geral da República Paulo Gonet…

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De como Bolsonaro foi repetindo Trump ao longo do mandato…

A invasão do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto neste domingo, 8, é a culminância de uma série de atos do ex-presidente brasileiro na tentativa de se parecer cada vez mais com o ex-presidente americano, história que o blog Marco Aurélio d’Eça vem contando desde o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, no mesmo ano em que o mundo viu a ascensão da extrema direita nos Estados Unidos

 

Bolsonaro tem verdadeira adoração por Trump, e repetiu em atos e palavras o que o ex-presidente americano fez nos quatro anos em que esteve na Casa Branca

Ensaio

Em 9 de novembro de 2016, o blog Marco Aurélio d’Eça escreveu o post “A vitória de Trump e futuro político no Brasil…”.

– Quando figuras como Vladimir Putin, Marine Le Pen, Silas Malafaia e Jair Bolsonaro comemoram a vitória de um líder mundial como o novo presidente dos Estados Unidos, é de se esperar dias nebulosos para a comunidade internacional – alertava o texto, já em seu subtítulo.

À época, o então governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) – hoje ministro da Justiça – também alertava para os riscos que representava a vitória de Trump nos EUA.

– O grande beneficiário dessa perda de substância eleitoral da esquerda não foi propriamente outro partido e sim a chamada antipolítica. Porque, se você olhar São Paulo, Rio e Belo Horizonte, ganharam três outsiders – frisou Dino. (Relembre aqui)

Não há dúvida de que a vitória de Trump em 2016 favoreceu a vitória de Bolsonaro em 2018; e o ex-presidente brasileiro passou quatro anos tentando repetir no Brasil o que Trump fazia nos Estados Unidos.

Bolsonaro usou, inclusive, o ideólogo ultradireitista de Trump, Steve Bannon, em sua campanha eleitoral.

E viveu por aqui tudo o que Trump vivia nos EUA: críticas à vacina contra a Covid 19, desdém dos mortos pelo coronavírus, ataques virulentos à esquerda aos latinos e aos povos árabes. 

Assim como Bolsonaro, Donald Trump foi nos Estados Unidos uma espécie de arroto da história; milionário folclórico, o republicano era visto com desprezo pela classe política, da mesma forma como o baixíssimo clero Jair Bolsonaro era visto no Congresso.

Mas a negligência da classe política levou os dois ao poder.

 

As cenas que ganharam o mundo no Capitólio americano em 2021 se repetiram no Congresso brasileiro em 2023, frutos da passagem de Trump e Bolsonaro pelo poder

Assim como Donald Trump, Bolsonaro também não conseguiu se reeleger, como esperado tanto aqui quanto lá. E assim como Trump, Bolsonaro estimulou os ataques que resultaram em invasões no Capitólio americano e na Praça dos Três Poderes no Brasil.

Curiosamente, os dois atos ocorreram em um janeiro após a posse dos adversários de ambos, com a diferença de dois anos e dois: os trumpistas invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021; os bolsonaristas ocuparam o Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023. 

A invasão do Capitólio foi o último ato de Trump contra as eleições americanas, que ele dizia ser fruto de fraude.

A invasão do Congresso foi o último ato de Bolsonaro contra as eleições brasileiras, que ele diz fruto de fraudes.

Assim como nos Estados Unidos, as instituições democráticas brasileiras resistiram aos ataques golpistas e saíram mais fortes.

E tanto Trump quanto Bolsonaro seguem para a lata de lixo da história mundial.

De onde nunca deveriam ter saído…

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Propostas de Lula e de Flávio Dino para o país são antagônicas

Enquanto o ex-presidente Lula e seu partido, o PT, reforçam a radicalização à esquerda, liderada por eles próprios, governador do Maranhão busca opções de centro e até liberais; ambos na tentativa de frear a extrema direita brasileira

 

Lula e Dino têm o mesmo objetivo, o enfrentamento da extrema direita brasileira; mas suas propostas são diferentes e até antagônicas

O início de 2020 no Brasil começou com uma espécie de polarização das lideranças nacionais de esquerda, protagonizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

E está cada vez mais claro o antagonismo das propostas de Lula e de Dino, embora ambos mantenham o discurso de aliados e o mesmo objetivo: frear a onda radical da extrema direita brasileira.

Desde que deixou a prisão em Curitiba (PR), Lula tem reforçado o discurso de unidade à esquerda, mas deixa claro que essa unidade só pode ser construída a partir da liderança do PT. Em seus discursos e entrevistas, o ex-presidente vê as demais legendas do campo progressista – PCdoB, PDT, PSB, PSOL – como meros coadjuvantes petistas nas eleições de 2022.

Flávio Dino, por sua vez, faz movimentos rumo ao centro – e chega a flertar até com propostas mais liberais.

Cotado como presidenciável em 22, o comunista maranhense já buscou diálogo com lideranças do PSDB e do Novo, mantém forte relação com o comando do DEM e busca aproximar outro nome da oposição, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que anda ausente do debate.

O movimento de Dino tem gerado críticas do próprio PT, que defende radicalmente a dicotomia Esquerda X Direita como plataforma político-eleitoral no momento atual do país e do mundo.

Tanto o movimento de Lula quanto o de Flávio Dino têm um objetivo claro: frear as pretensões da extrema direita brasileira que chegou ao poder ancorada em propostas autoritárias, com viés de fascismo e flertando publicamente com o nazismo.

O tempo dirá se as duas propostas convergem para uma aliança mais radical ou se concentra ao centro, reunindo nomes e propostas de todos os espectros políticos.

As ideias já estão postas…

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Escola “sem partido” ou com partidos da Direita?!?

A pressão que fazem movimentos conservadores e reacionários para aprovação de projetos que impeçam a suposta doutrinação de alunos no ensino público revela que o interesse é apenas garantir espaço para suas próprias ideologias

 

Noticia-se em São Luís que o Movimento Brasil Livre, de extrema direita, vai pressionar a Câmara Municipal pela aprovação do projeto “Escola Sem Partido”.

Em todo o país, se vê ações de pensadores de direita, partidos de direita e movimentos de direita contra uma suposta doutrinação de esquerda nas escolas públicas.

Logo se vê que o tal projeto Escola Sem partido não é sem partido coisíssima nenhuma; ela é contra apenas os partidos de esquerda.

Está mais do que claro que setores do governo Jair Bolsonaro (PSL) querem impedir a todo custo qualquer resquício de ideologia de esquerda em todos o setores da vida nacional.

Querem implantar, sim, uma escola pública com ideais da direita extrema, com conceitos de ordem unida, moral e cívica, continência à bandeira,  “livro de ponto e manifestações de apreço ao diretor”, como já bem definia Manuel Bandeira, em poema modernista.

Escola sem partido é uma ideia utópica

Até porque as escolas deveriam ser de todos os partidos, todas as bandeiras, todos os ideais, debatidos e discutidos à exaustão, formando opinião e criando conceitos.

A Educação só prospera se for livre de amarras ideológicas – da esquerda ou da direita.

E o Brasil que se construiu até aqui conseguiu seguir em frente em meio a todas as ideologias.

E assim deve continuar seguindo.

Isso é liberdade…

Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas.

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador

Político

Raquítico

Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

O lirismo dos clowns de Shakespeare.

– Não quero saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974.
P.S.: a transcrição do poema manteve a forma de escrita usada, à época, pelo poeta, mantida na compilação de José Aguilar