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Brandão quer candidato a prefeito com “responsabilidade” e “harmonia” em seu grupo

Embora pressionado pelo ministro da Justiça Flávio Dino a apoiar logo o deputado federal Duarte Júnior, governador quer conversar primeiro com todos os membros e pré-candidatos da base, diz que não tem pressa para a definição de seu posicionamento, mas estabelece critérios que excluem nomes na base

 

Carlos Brandão estabeleceu critérios que excluem candidatos a prefeito em sua base aliada

Análise da Notícia

O governador Carlos Brandão (PSB) deu nesta terça-feira, 7, mais uma mostra de que ainda não está totalmente convencido do apoio do Palácio dos Leões à candidatura do deputado federal Duarte Júnior (PSB) a prefeito de São Luís.

Em entrevista à TV Mirante, Brandão admitiu que já acertou com o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) o apoio conjunto, não apenas em São Luís, mas em outros 40 maiores municípios; mas deixou claro não ter pressa para esta tomada de decisão.

– Eu não sou ditador, não tem pressa. Preciso de mais tempo para ouvir a liderança de cada um, vou conversar com eles para tomar uma decisão mais madura – revelou o governador.

Há duas semanas, Brandão chegou a cogitar participar da conferência do PSB que lançou oficialmente a pré-candidatura de Duarte, mas, como revelou em primeira mão este blog Marco Aurélio d’Eça, acabou ignorando o ato na última hora, alegando “ainda não ser o momento” para isso.

Aliados, amigos e excluídos

Nas conversas que pretende ter com “os aliados e amigos”, Brandão inclui nominalmente a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB) e o presidente da Câmara Municipal de São Luís, Paulo Victor (PSDB), além dos presidente do PP e do União Brasil, ministro dos Esportes André Fufuca e deputado federal Pedro Lucas, respectivamente.

Mas ignora os pré-candidatos Neto Evangelista (União Brasil), Wellington do Curso (PSC), Edivaldo Júnior (sem partido) e Dr. Yglésio (ainda PSB), também não cogitados pela cúpula da base.

– Eu preciso ouvir aliados e amigos antes de tomar qualquer decisão – disse o governador.

Critérios afastam pretendentes

O governador já tem definido um perfil para o candidato: além da melhor proposta, ele precisa ter “responsabilidade”, seja lá o que isso quer dizer. Dentro do governo, Duarte Júnior e Dr. Yglésio são vistos como pouco enquadrados neste perfil definido por Brandão.

Além do perfil de “responsabilidade e melhor proposta”, o candidato a prefeito em São Luís, na avaliação de Brandão, será aquele aquele que “reunir mais apoio no grupo e tiver mais harmonia”.

Ele disse que irá ouvir o PT, PCdoB, PV, União Brasil, PP, PSB e outros partidos da base antes de bater o martelo.

Mas não citou como aliado, por exemplo, o PDT, que Flávio Dino também quer enquadrado no seu projeto de hegemonia…

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Com imagem “anti-sistema”, Duarte suplanta Neto e Rubens no próprio sistema

Vinculado à mesma base política do governo Flávio Dino, o deputado do Republicanos conseguiu construir imagem de “outsider” – ajudado pela própria classe política, que o odeia – se afastando do desgaste de ser comunista e da chamada “fadiga de material” das sucessivas gestões pedetistas em São Luís

 

Desde que assumiu mandato, Duarte Júnior deu de ombros para a rejeição da classe política e se tornou popular nas redes sociais e nas ruas

A pesquisa do Instituto Prever divulgada neste sábado confirmou um fato que vinha se desenhando apenas de forma empírica: a capacidade do deputado Duarte Júnior (Republicanos), de se mostrar “anti-sistema” mesmo sendo membro do sistema político controlado pelo governador Flávio Dino (PCdoB).

Duarte ocupa a segunda posição na pesquisa e se mostra o adversário com mais chances de ir a um eventual segundo turno com o deputado federal Eduardo Braide (Podemos).

E nessa disputa, leva vantagem absurda contra os dois candidatos assumidamente do sistema, os também deputados Rubens Pereira Júnior (PCdoB) e Neto Evangelista (DEM).

Desde que assumiu mandato na Assembleia Legislativa, ainda no PCdoB, Duarte Júnior passou a enfrentar rejeição tanto do próprio grupo político, hegemônico na Casa. O equívoco dos colegas o transformou no que seria uma espécie de pária, alguém rejeitado na própria comunidade.

Este equívoco da classe política foi retratada no blog Marco Aurélio D’Eça ainda em 2019, no post “Classe política erra ao hostilizar Duarte Júnior…”

Ativo nas redes sociais, essa rejeição ele transformou em trunfo, e passou a tomar decisões mais independentes, inclusive com ações que contestavam posições pontuais do próprio governo Flávio Dino, o que irritava ainda mais seus pares.

Mas a irritação dos pares contrastava com uma crescente popularidade nas redes sociais, que só aplaudiam suas ações anti-sistema.

A saída estratégica do PCdoB foi a cartada final, que garantiu esse distanciamento do Palácio dos Leões, mesmo mantendo vínculos com o governo. 

Neto Evangelista – com Rubens Júnior lá atrás – optaram pelas estruturas governamentais, mas sofrem com o desgaste do sistema ou com “fadiga de material”

Ao contrário de Duarte, Rubens Júnior insiste, equivocadamente, na tutela do PCdoB, do Palácio e do próprio Flávio Dino, mas não consegue o apelo popular para deslanchar, ficando apenas com o ônus do desgaste comunista.

Neto Evangelista, por sua vez – mesmo sendo filiado ao DEM, não ao PDT –  carrega consigo apenas o fardo das longas e sucessivas gestões pedetistas, aquilo que o atual chefe da Casa Civil do governo, Marcelo Tavares, classificou um dia de “fadiga de material”.

Rejeitado pela classe política, odiado e invejado pelos próprios pares, Duarte Júnior vai construindo sua candidatura, ao contrário dos colegas, com o bônus de estar próximo do “dono” do governo, sem, no entanto, pagar o ônus de ser candidato do sistema.

E essa diferença pode significar a presença em um eventual segundo turno.

Para mais desespero ainda do sistema…