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Agora todo mundo virou “liberal”…

Políticos, lideranças, jornalistas e intelectuais de todas as matizes ideológicas no Maranhão, de uma hora para outra, passaram a defender as políticas de Jair Bolsonaro, que prega desde a patrulha nas universidades até o fim, pura e simples, das ações de meio ambiente

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Editorial

Está todo mundo convertido.

Em qualquer roda de conversas – na imprensa, entre políticos, nos grupos de WhatsApp – o que mais se vê no país, e no Maranhão não é diferente, são defensores de políticas liberais, muitos dos quais sequer sabem o que isso signifique.

Tudo para justificar as políticas claramente orientadas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que pregam desde o controle ideológico das reitorias universitárias até o fim do Ministério do meio Ambiente e da Lei Rouanet.

Os primeiros movimentos de Bolsonaro mostram um presidente nitidamente tutelado pelo mercado, pelo segmento evangélico e pelo agronegócio, que têm pautado suas decisões em setores cruciais da vida brasileira.

Mas no Maranhão, para justificar as medidas esdrúxulas, como o fim do MMA, já há quem diga que as políticas de Meio Ambiente sempre serviram para atravancar o setor agrícola.

O que dizer da preservação das florestas, da manutenção das reservas indígenas e da proteção aos animais?

Quem cuidará destes setores em uma subsecretaria qualquer de um ministério voltado para agradar a bancada ruralista?

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A proposta de ensino à distância para crianças de 6 anos – pregada pelo seu guru econômico, Paulo Guedes, ele próprio empresário do setor de EAD – só se equipara em absurdo à tentativa de patrulhamento das reitorias de universidades, para evitar a ideologização do ensino superior.

Ora, se Bolsonaro quer controlar o setor educacional, de cima a baixo, para impedir doutrinação de esquerda, ele está, obviamente, fomentando a doutrinação de direita, o que acaba ideologizando o ensino, de uma forma ou de outra.

Mas há quem defenda a ordem unida nas escolas, com a volta da Educação Moral Cívica e a famigerada OSPB dos governos militares.

O Brasil elegeu Jair Bolsonaro presidente no último domingo; e já nos primeiros dias se deu conta do seu despreparo para o cargo.

A justificativa agora é a sentença: “não é o ideal, mas era necessário mudar”.

E, assim, o Brasil caminha para o inferno…