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Bullying: quando a própria escola estimula o problema…

O fenômeno da dificuldade de convivência entre alunos é real e precisa ser combatido com engajamento de pais e, sobretudo, educadores; mas há diretores que preferem jogar tudo para debaixo do tapete “em nome da excelência”

FENÔMENO COMUM. O bullying na escola é responsabilidade da escola; não adianta fingir que não existe

Editorial

São duas filhas, ambas matriculadas desde cedo em escola dita de excelência em São Luís.

Uma concluiu todo o Ensino Fundamental e Médio, e hoje na faculdade, sequer cogita lembrar da opressão que sofreu na escola em nome dessa tal excelência.

A segunda optou, em consenso com os pais, de buscar nova escola, diante do bullying incessante, rotineiro e estimulado, de uma forma ou de outra, pela própria escola, que estabelece em reuniões de pais e mestres, e entre os alunos, de forma opressiva, discriminatória e preconceituosa o tripé Direito, Medicina e Engenharia como “os melhores cursos para seus filhos”.

É assim que uma escola estimula o bullying, correndo o risco de ser palco de eventos como o estarrecedor episódio da sexta-feira, 20, em Goiás, onde uma vítima de perseguição dos colegas se tornou algoz desses colegas.

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A escola que finge não ver o bullying, ou que minimiza esse fenômeno em nome de “padrões de educação, de comportamento e de costumes” está estimulando problemas de convivência entre seus alunos.

E não adianta tapar os ouvidos para a reclamação dos pais.

Nem todo mundo quer ser médico, nem todo mundo tem aptidão para ser advogado e há outras atividades além da engenharia, para muitos “muito melhor” que os padrões definidos como “melhores cursos”.

Após a covarde opressão escolar, a filha mais velha segue a vida, após temporada nos Estados Unidos; e feliz naquilo que escolheu para se profissionalizar.

A mais nova também segue seu rumo, brilhando nas artes – porque há muito mais que apenas Direito, Medicina e Engenharia.

E bem longe da opressão escolar…