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Isaac Dias Filho abre a porteira e rompe com Brandão em menos de um mês de governo

Liderança política na região da Baixada e Filho do lendário deputado estadual de mesmo nome, advogado diz que “Maranhão  não merece mais voltar a dias sombrios da história, onde apenas famílias  políticas tinham privilégios e a população ficava mais pobre e miserável”

 

Isaac Dias Filho acusou Brandão de promover benefícios a poucas famílias no poder, em detrimento da população

Menos de um mês depois de assumir, o governador-tampão Carlos Brandão (PSB) experimenta a primeira defecção pública em sua base no interior: o advogado Isaac Dias Filho, liderança de oposição em São Bento e na região da Baixada, anunciou rompimento com o governador.

– É impossível fazer parte de um projeto que se diz de todos e na verdade é só de poucos. O Maranhão não merece mais voltar a dias sombrios da história, onde apenas famílias políticas tinham privilégios e a população ficava mais pobre e miserável – afirmou Dias, em nota divulgada nesta sexta-feira, 29.

Isaac é filho do lendário deputado Isaac Dias, uma das mais respeitáveis figuras da histórica oposição maranhense e do PDT, que passou a vida ao lado de Jackson Lago e Neiva Moreira.

Para se afastar de Brandão, ele acusa o secretário de Articulação Política, Rubens Pereira, de estar usando a pasta para viabilizar a reeleição do filho, deputado federal Rubens Júnior (PT).

– Como pode um governador ser tão inábil ao ponto de indicar o pai de um candidato a deputado para uma Secretária de Articulação Política? – questionou o advogado. 

Isaac Dias Filho revelou em sua nota que, apenas neste primeiro mês de mandato, Carlos Brandão já deu mostras de que não tem compromisso nem mesmo com a própria reeleição, e quer usar o governo para beneficiar apenas seus amigos.

– Analisando os fatos atuais e como estão se desenrolando, percebe-se claramente que Brandão tem um único propósito que é eleger um deputado federal, e não ele mesmo, como governador, por que nunca na história do Maranhão se viu tanta inabilidade em um governante que pensava em tentar uma reeleição – frisou.

Ao anunciar seu rompimento, Isaac Dias Filho anunciou que atuará na oposição ao que chamou de desmandos.

– Por não aceitar esse tipo de politicagem,  saio com o dever de lutar e combater esses e outros desmandos que assolam o nosso Maranhão!!! – concluiu o líder baixadeiro.

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De como Flávio Dino se afastou da nova geração de políticos para ressuscitar as velhas elites tradicionais

Eleito em 2014 com uma forte base de jovens lideranças, o ex-governador – que prometeu modernizar o Maranhão e tirar seu povo da pobreza – foi, aos poucos se aproximando de velhas práticas, até entregar o governo a Carlos Brandão, que trouxe figuras já ultrapassadas de volta ao poder

 

Ao se eleger em 2014, Flávio Dino abriu espaços para a renovação da política maranhense, que ele mesmo agora tenta frear com a ressurreição de velhas elites políticas

Análise de conjuntura

O blog Marco Aurélio D’Eça já escreveu sobre o legado político do ex-governador Flávio Dino (PSB) que nem ele próprio soube reconhecer.

Esta análise está no post de fevereiro de 2022 intitulado “Eleições devem consolidar transição de gerações no poder no Maranhão”.

O atual momento político do Maranhão, no entanto, mostra que Dino preferiu obscurecer esse legado em troca da promoção pessoal; e para isso, precisou trazer de volta à cena, as velhas elites tradicionais da política maranhense, representadas pelo seu sucessor, o tampão Carlos Brandão (PSB).

Ao se eleger em 2014, Dino abriu espaço para um grupo de jovens políticos prontos para renovar o poder no estado.

Não há dúvidas de que, só a partir de sua vitória, nomes como Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (Cidadania), Edivaldo Júnior (PSD), Eduardo Braide (Sem partido), Duarte Junior (PSB) e tantas outras lideranças na casa dos 30, 40 anos, puderam sonhar com espaços de poder no Maranhão.

Esta história foi contada nos posts “Um ponto para Flávio Dino…”, de março de 2018, e em “O Maranhão das castas políticas”, de de fevereiro deste ano.

Mas o que levou Flávio Dino a se afastar de seu projeto inicial e se aproximar das velhas elites tradicionais que já estavam aposentadas?

A única explicação é a vaidade pessoal.

O ex-governador vive um sonho quase patológico de ser no Maranhão a nova versão do que foi o ex-presidente José Sarney (MDB), em todos os aspectos da vida, política, intelectual, pessoal; e para ser um novo Sarney, ele precisa ter o poder no estado por, pelo menos, 20 anos.

O blog Marco Aurélio D’Eça já havia revelado esta intenção em 2014, no post “O projeto de 20 anos de Holandinha e Flávio Dino…”

Foi a partir desta percepção que o ex-governador passou a se aproximar dos antigos adversários, sobretudo a partir de 2018; só que, àquelas alturas, Edivaldo já estava reeleito prefeito de São Luís, Eduardo Braide surgia como nova opção na capital maranhense e Weverton e Eliziane haviam chegado ao Senado, numa inédita vitória dos filhos do povo contra as elites tradicionais.

Aliás, esta vitória de Weverton e Eliziane fora analisada também no blog Marco Aurélio D’Eça, no post “confronto de gerações nas eleições maranhenses”.

Weverton e Eliziane são símbolos maior da renovação promovida a partir de Flávio Dino: ambos filhos do povo, se elegeram senador contra as velhas elites tradicionais

Para evitar dividir poder com esta turma nova, cheia de gás e com estrada aberta para décadas de embates políticos, só restava ao governador comunista apostar no seu vice, Carlos Brandão (PSB), último representante das velhas oligarquias e do coronelismo maranhenses.

Com Brandão, Dino sabe que tem espaço para retornar ao poder; e a junção com as velhas elites, hoje encasteladas no Palácio dos Leões – mas sem perspectivas futuras – ele pode recriar o caminho de volta em curto prazo.

O ex-governador só não esperava que o próprio povo maranhense – aquele mesmo que o elegeu tentando se livrar das velhas elites – também apostava na renovação de poder.

E essa sede de renovação fez surgir, além de Braide, Eliziane, Edivaldo e Weverton – também outras figuras, como Dr. Lahésio (PSC), por exemplo.

E agora é Flávio Dino quem precisa escolher de que lado quer ficar: ele pode passar para a história como o líder que renovou a política e o poder no Maranhão ou como aquele que ressuscitou as velhas elites tradicionais maranhenses.

A escolha é do próprio Dino…