Entenda aqui a polêmica causada pelo livro…
Corajosa, sobretudo, por que, finalmente, enquadra os gramáticos ortodoxos radicais – aqueles para os quais as regras ortográficas, de sintaxe, morfológicas e de concordância valem mais que a própria vida.
Mas não valem.
Na verdade, a ortodoxia dos gramáticos esconde as relações de poder ocultas no idioma, como já denunciou o linguísta Marcos Bagno.
A serviço dos poderosos, a mídia usa expressões supostamente cultas de forma também ideológica – levando o povo a achar que são as únicas.
Trocam, por exemplo, “ocupações” por “invasões”, ao se referir ao MST. Ou “manifestações” e “protestos” por “distúrbios” quando fala dos palestinos contra Israel.
Tudo para construir ideologicamente a estrutura da língua.
Influenciados por estes conceitos linguísticos da época ditatorial do “Este é um País que vai Pra frente…”, os gramáticos se danam a impor regras, sufocando as expressões populares.
Para estes escravos gramaticais as regras oficiais do Português – o que chamam de norma culta – devem ser ensinadas a qualquer preço, como regra geral, sendo patrulhada qualquer outra forma de comunicação e expressão.
Erram num quesito básico: como exigir norma culta do Português se a língua de Camões, como todas as línguas latinas, derivam do Latin vulgar e não do erudito?
Aprisionados ao tecnicismo, não levam em conta nem os regionalismos. Pior: justificam a imposição das regras “cultas” como “únicas aceitas nos exames de avaliação”.
Desta forma, mostram apenas que a única utilidade de se saber, por exemplo, a aplicação do que seja “Oração Coordenada Adversativa Sindética ou Assindética” é uma prova de Vestibular ou de concurso público.
Que importa saber a correta aplicação dos “porquês” senão para responder uma prova?
No dia-dia, saber isso não tem a menor importância – até por que (olha ele aí?) todas as formas têm a mesma função básica: perguntar, questionar, buscar respostas.
Na comunicação, na vida cotidiana, o que importa é fazer-se entender.
E é isto que propõem os linguistas.
É isto que propõe o livro “Por Uma Vida Melhor”, quando mostra que a expressão do garoto pobre ou do trabalhador sem instrução formal pode ser usada no dia-dia, desde que complemente a compreensão.
Os concurseiros de plantão poderão continuar afiados nas normas cultas, prontos para o próximo vestibular ou aquele concurso público sempre indispensável – até que apareça outro mais indispensável ainda.
No dia-dia porém, a fala se sobrepõe à amarração da regra gramatical.
Fazer-se entender é o que importa…