Ícone do site Marco Aurélio D'Eça

Beleza negra no Brasil?

Por Aline Alencar

Uma reflexão diferente neste dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Um dia feito para os brancos, pois estes têm consciência da beleza e importância por meio de um dia. O negro tem e deve ter todos os dias, porque não acordamos do nada em um dia especial e tomamos consciência da nossa história. A reflexão tem o título original de “Pretinho Básico”, escrita há um ano (com algumas adaptações) e agora compartilhada neste blog:

– Ele é até bonitinho, mas tem o nariz muito largo.

– Olha que negro lindo! Tem os olhos claros. Azuis, azuis…

– Deveriam ter escolhido o Rocco Pitanga ao invés do Lázaro Ramos. O Lázaro nem tem pinta de galã.

Com estas declarações começo este post com uma pergunta: afinal o que é a beleza negra no Brasil?

Pelo que vejo na mídia brasileira e constato mais ainda por comentários, como esses acima, proferidos por alguns amigos meus, a beleza negra se expande apenas até os limites dos traços brancos. Passando disso, é considerado feio. (Devo lembrar que aqui o foco do racismo no Brasil, se volta para a estética, estreitamente voltado para o assunto focado na mídia, em especial novelas. Se eu citar outras formas, virará um livro).

Não foi feita uma pesquisa profunda para inserir dados da história da TV brasileira, mas creio que desde a novela Xica da Silva (1996/1997), a participação do negro decididamente melhorou em relação a essa época comparada aos dias atuais. Deixamos para trás a cozinha dos patrões para ocupar o lugar das mocinhas e mocinhos em conflitos existenciais e amorosos.

Porém, reflita comigo: quantos que estão lendo este post não acham, de fato, o Rocco Pitanga mais bonito que o Lázaro Ramos. “Ah, o Lázaro não tem nenhum atrativo. Rocco tem os olhos verdes”, alguns devem argumentar. E eu acrescento mais alguns argumentos que vão um pouco além do que a razão percebe. Um tem a pele mais clara que a outra, um nariz mais afilado: traços brancos.

Agora pensem nas atrizes. Todas consideradas ícones da beleza negra (Sheron Menezes, Taís Araújo, Camila Pitanga), têm traços brancos. A única que se enquadrava no poder do gene dominante, Zezé Motta, foi durante algum tempo considerada símbolo sexual, contudo, rapidamente foi esquecida e nenhuma como ela voltou a ocupar tal patamar.

Posso parecer um tanto sociopata e até uma fã enrustida de teorias da conspiração. Não estou querendo interferir no modo de ver a beleza de cada um, todos os que eu citei considero belos em sua etnia e traços, sejam brancos ou negros, asiáticos ou indígenas. o objetivo é fazer ver se há preconceito existente na hora de dizer que esse ou aquele é ou não bonito.

Tudo o que disse foi baseado não só no que eu vejo, mas também na própria experiência. Posso estar errada , mas reflitam novamente: no fundo, não será isso mesmo?

Sair da versão mobile