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Desembargador propõe aula prática no corredor do Socorrão para desenvolver sensibilidade em político…

Lourival Serejo teve “uma visão do inferno” ao visitar o hospital, segunda-feira de carnaval. E propôs a experiência a vereadores, deputados, prefeitos e governadores recém-eleitos, como forma de torná-los mais sensíveis para resolver o problema

 

Lourival Serejo; uma noite na “cloaca” da Saúde

O desembargador Lourival Serejo teve uma experiência crítica na segunda-feira de Carnaval, revelada em seu perfil no Facebook no artigo “Dignidade Zero”.

Ele conta que – há anos sem entrar no Socorrão – foi visitar um amigo na segunda-feira de carnaval e se impressionou com a visão que teve, ao ser obrigado a superar um corredor para chegar até o paciente que queria encontrar.

– A macas ficavam de um lado e de outro do corredor, todas enfileiradas, uma colada à outra. Contei mais de cinquenta. Doentes e acompanhantes se misturavam naquela algazarra deprimente – destacou o magistrado.

– E o cheiro? Cheiro, não, fedor. O fedor era nauseante. Fedor de suor, fedor de doença, fedor de sujeira, de remédio, de indignidade. Aquilo era mais uma cloaca do que um corredor – definiu.

A cena que o desembargador não lembrava que existia

No meio do caos, Lourival Serejo parece ter feito uma espécie de mea culpa, e lembrou que, na França, os magistrados tem como um das primeiras aulas práticas – “para desenvolver sensibilidade para o sofrimento humano” – passar uma noite nos hospitais de emergência da rede pública.

– O objetivo dessa medida é humanizar o futuros juízes […}para saberem o verdadeiro significado de sentir, de onde deriva a palavra sentença. Juízes insensíveis fazem mal à Justiça – desabafou, para refletir e propor:

– Ao sair daquele local infecto, imaginei que seria uma boa prática para ser usada entre nós, com vereadores, deputados, prefeitos e governadores recém-eleitos. Quem sabe se, passando por aquele corredor do Socorrão uma noite, ou mesmo um dia, de plantão, eles não desenvolveriam uma sensibilidade suficiente para resolver este problema com urgência? .

O desembargador do Tribunal de Justiça disse ter sentido a indignação de um cidadão que testemunhou uma cena aviltante à dignidade humana.

– Uma cena que se desenvolve perto de nós, banalizada pelo tempo e pela frequência. E ninguém reclama porque já se incorporou na rotina, no “é-assim-mesmo-porque-não-tem-jeito”. Quem são os responsáveis por aquilo? – concluiu o magistrado.

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