Presidente brasileiro estimula campanha que se espalha nas redes sociais pela liberação da circulação de pessoas nas ruas do Brasil, mesmo diante da pandemia de coronavírus; o erro foi cometido no país europeu, que já supera os 8 mil mortos
Editorial
Desde que resolveu fazer campanha contra o isolamento social no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem levado uma horda de bolsomínions ensandecidos a também pressionar pela liberação da circulação normal de pessoas país a fora.
São empresários, religiosos, jornalistas e gente comum do povo – muitos sem a mínima informação sobre a Covid-19 – que resolveram emparedar governadores e prefeitos a afrouxar a quarentena.
É um erro, que já foi cometido também na Itália.
O país europeu, que virou epicentro da crise do coronavírus na Europa – e hoje já registra mais mortes do que na China – também minimizou os riscos da Covid-19, relativizando o isolamento social.
E pagou um preço altíssimo por isso.
No final de fevereiro, foi lançada em Milão a campanha “#Milãonãopára”, que ganhou as redes sociais e levou milhares a deixar o isolamento em nome da economia.
Na época, o país europeu tinha 17 casos registrados. Após o “liberou geral”, viu o número de novos casos chegar a 4,5 mil em apenas um dia. (Saiba mais aqui)
– Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título #MilãoNãoPara. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente errado – reconheceu o prefeito de Milão, Giuseppe Sala.
A pressão de empresários, jornalistas e até alguns médicos brasileiros tem levado governadores – incluindo o maranhense Flávio Dino (PCdoB) – a cogitar o afrouxamento do isolamento, numa tentativa de resposta mais política do que sanitária.
Os italianos ensinam a todo mundo:
– Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas – lamenta, hoje, o prefeito de Milão.
Esperar entendimento de Bolsonaro e bolsomínions é perda de tempo.
Mas as lições do mundo estão aí para quem quiser ver…