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A cultura do Futebol…

Todo domingo, o programa “Fantástico”, da Rede Globo, tem um quadro que homenageia o cancioneiro brasileiro por meio do jogadores de futebol profissional do país.

Quem faz três gols em uma partida tem direito a pedir música, que é tocada durante a sessão “Gols do Fantástico”, apresentado por Tadeu Schmidt.

O festival de canções também revela um pouco da cultura musical brasileira. Os jogadores representam, em certa medida, a capacidade musical que tem o povo que habita o país.

Em sua maioria, as músicas pedidas vão do Pseudo-forró eletrônico ao Pagode, passando pelo Sertanejo Universitário (?), pelo breguérrimo Arrocha, pelo Axé e pelas histriônicas canções religiosas – católicas ou evangélicas.

Nada se vê de um Chico Buarque, um Milton Nascimento, um Gonzaguinha; nada se vê de um pop-rock do Legião Urbana, dos Paralamas ou do Capital Inicial. Ou mesmo as  chatinhas MPB de Adriana Calcanhoto, Maria Gadú e companhia.

Pop internacional – como U2 e Radiohead – ou clássicos como Guns i’n Roses, Queen e outros, nem pensar!

O gosto musical também revela o nível cultural e social do indivíduo.

Ninguém vê, em praias nos fins de semana, em portas de bar ou postos de gasolina um indivíduo com seu carro abarrotado de auto-falantes tocando um… Caetano Veloso, por exemplo!

É só o batidão do funk, a deseducação do Aviões do Forró & Cia ou a poluição sonora do pagode paulista.

E o futebol reflete isso.

São, em sua maioria, garotos pobres, com muito talento para o esporte e nenhum cérebro.

Que convivem em comunidades pobres, em meio aos “rebolations” e “quero não, posso não” da vida. Que deixam de estudar para se dedicar ao que pode mudar sua vida, levando mundo a fora a carga cultural apreendida.

Quando vencem, estes garotos passam a formar a elite econômica do país.

Embora sem formação cultural básica, falam até três ou quatro idiomas, têm milhões de dólares na conta bancária, mansões nas metropóles e espaço nos programas com maior audiência.

Formadores de opinião, passam a exibir seu gosto pessoal nestes espaços.

E influenciam quanto ao jeito de vestir, de falar  e quanto ao gosto musical, abrindo espaços para estes tipos musicais e formando outras gerações de brasileiros.

E o círculo vicioso da música descartável continua.

Em horário nobre…

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