A repercussão negativa do pronunciamento de ontem mostrou que o presidente da República está só, sem interlocução com a própria equipe, refém dos filhos, e cada vez mais desequilibrado no comando do país
Editorial
Nenhum líder político na história do mundo tem tanta capacidade de auto-destruição quanto o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
E esta capacidade é inata à sua personalidade insana, tresloucada e sem a menor noção de modos e maneiras.
Bolsonaro assinou nesta terça-feira, 24, o seu próprio atestado de insanidade.
E encerrou naturalmente o ciclo que o levou ao poder em 2018 – ainda que venha continuar à frente do Brasil até 2022.
O presidente da República do Brasil é um ignorante, um boçal, capaz de levar o país à bancarrota.
Seu modelo de líder é o magnata americano Donald Trump, hoje à frente da maior economia do mundo. Mas é até um crime comparar o fracassado Bolsonaro ao bem-sucedido empresário americano.
Trump elegeu-se presidente em condições normais de temperatura e pressão, dentro de uma campanha corriqueira e de uma eleição tranqulla, ainda que com as turbulências naturais do período.
Bolsonaro só chegou ao poder no Brasil por um arroto da história.
Foi eleito em circunstância extremamente tensa e levado por extremistas, radicais, conservadores, militares e alienados de toda sorte, que se aproveitaram do momento para emplacá-lo, com apoio daqueles que não aturavam mais o ciclo petista iniciado em 2002.
Mas o presidente brasileiro é fracassado em todos os seus empreendimentos.
Fracassou no Exército, de onde saiu com a sanidade mental questionada. Fracassou na Câmara Federal, onde a única coisa que conseguiu fazer foi aparelhar o gabinete para criar um cabide de empregos que comprou mandatos sucessivos para ele e para o filhos, com apoio de rachadinhas e milicianos cariocas.
E fracassou também na presidência da República, fracasso coroado com o contundente discurso em cadeia nacional de rádio e TV, que parece ter sido elaborado ao redor dos filhos, hoje seus principais e – parece – únicos interlocutores.
Jair Bolsonaro pode conseguir chegar ao final do seu mandato, é bem provável.
Mas este será seu desafio a partir de agora…