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É um avanço, mas ainda não é um projeto de segurança

Por Roberto Kenard

O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, em entrevista à TV Mirante:

Nós vamos reforçar as ações. A população reclama da ausência da polícia nas ruas.

Não vou entrar na questão de só agora o secretário tomar conhecimento do reclamo das ruas. Espanta-me, isto sim, o cabeça do sistema de segurança do Maranhão não ter trabalhado até aqui com os números apresentados pelo Censo de 2010 (IBGE) e com a recomendação da ONU para o setor (número de policiais por habitantes).

O Maranhão, de acordo com o Censo 2010 do IBGE, tem 6.569.683 habitantes e um contingente policial de apenas 5.740 oficiais. Trata-se de dados alarmantes. Pelos números se observa o enorme déficit de policiais militares por habitantes. Trocado em miúdos, os números nos dizem que o Estado tem um PM para 1.145 habitantes. A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda que haja 1 policial para cada 250 habitantes.

Os dados encontram-se no post publicado no blog em 10 de novembro e podem ser lidos outra vez aqui.

O problema – e isso fica cada vez mais claro para mim – é que Aluísio Mendes demonstra total despreparo para o cargo. No mesmo post de 10 de novembro mostro que há a necessidade de mais policiais e melhor aparelhamento das polícias. Mas digo também que a segurança a isso não se resume. Cobrei, inclusive, um projeto de segurança, que passa por repressão e prevenção.

O Governo do Maranhão precisa entender de uma vez por todas que a segurança é algo sério demais para ficar entregue somente aos aparelhos de segurança. Basta atentar para o caso da prevenção. Nenhuma secretaria de segurança consegue, sozinha, pô-la em prática.

Como venho repetindo há anos, a prevenção passa praticamente por todas as secretarias de governo, ou pelo menos pelas mais importantes, como de Infraestrutura, de Esporte, de Trabalho, de Desenvolvimento Social etc. Aí que entra o que chamo de projeto para a segurança.

Sobre isso, nenhuma palavra. Fica a nítida impressão de que o sistema de segurança do Maranhão trabalha conforme é assustado pelos bandidos. Ou seja, as ações não seguem um projeto viável e racional, são fruto de meras contingências, embora muitas vezes de efeito trágico.

O que fica, para mim e para muitas pessoas da população: quem comanda o sistema de segurança do Maranhão tem uma vaga e rotineira ideia sobre ações de repressão, já de prevenção parece nunca ter ouvido falar.

E tome mais do mesmo.

PS: Hoje uma leitora, num comentário, chamou-me a atenção para algo importante (confesso que não havia atentado antes): Aluísio Mendes encontra problemas no comando do sistema de segurança por ser um mero agente da Polícia Federal. Ou seja, não é um delegado da PF. Num setor altamente hierarquizado, como o da segurança, isso gera atritos e problemas. Um caso a pensar. 

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