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Yglesio Moyses e uma história de médico… e “mais médicos”

http://gilbertoleda.com.br/wp-content/uploads/2013/08/yglesio1.jpgQuando entrei no curso de Medicina, eram 35 vagas somente.

Desses 35 aprovados, 7 estudavam no Reino Infantil, 1 no Dom Bosco, 2 no Batista, 1 no Girassol e uns 2 no Marista. Os outros não lembro bem.

TODOS eram alunos de escola particular.

Tínhamos apenas 3 negros na turma, 2 deles com boas condições financeiras (todos de escolas particulares).

De 35, apenas 3 eram negros (8,5%) . Só pra constar, o Maranhão tem 74% de negros na sua população.

As cotas foram a maior resposta que os governantes puderam dar aos negros. Foi a chamada justiça imediata.

Eu sonho com o dia em que um negro de jaleco não seja chamado de enfermeiro ou técnico de enfermagem antes de se descobrir que ele é um “doutor” médico. Tenho total respeito à Enfermagem, mas esse preconceito acontece demais pelo Brasil.

Ser médico sempre foi ser “elite” no país.

A cor da Medicina sempre foi “branca”.

Hoje, também fico feliz por saber que o aluno da escola pública pode, mesmo com as adversidades, chegar aonde eu cheguei.

Fico feliz por saber que quem não passa numa universidade pública pode pagar uma particular com o FIES ou ter uma bolsa total com o PROUNI.

Tenho alunos brilhantes no CEUMA em que o governo federal banca 6000 reais de curso todo mês.

Com todas as dificuldades, hoje temos o quádruplo de vagas na UFMA espalhadas pelo Maranhão e ainda as particulares.

Quer saber a verdade? Já fui contra as cotas, já achei que a gente tinha que melhorar o ensino lá atrás pra dar condições de igualdade lá na frente.

Hoje eu vejo que é injusto você privar toda uma geração de excluídos, esperando um sistema que vem errado desde o ano 1500 entrar nos rumos.

A vida não espera tanto assim.

É inadmissível condenar toda uma geração à exclusão.

Hoje, qualquer aluno, branco, negro, rico, pobre, qualquer um pode chegar lá, desde que se esforce. Uns com mais esforço que os outros.

Igualdade não é você dar a mesma posição social a todos… Igualdade é você dar a chance das pessoas chegarem lá.

Problemas ainda existem, muitos, mas somos nós que ajudamos a construir o bom caminho.

Vamos pra frente!

Publicado no Facebook, com o título original “A Universidade de 16 anos atrás”

Marco Aurélio D'Eça

12 Comments

  1. Parabéns pelo texto. Eis o verdadeiro sentido da justiça. As injustiças sociais tem raízes históricas que precisam serem separadas por meio de politicas emancipadoras.

  2. Sou e serei, sempre, contra as cotas, pois, vindo lá debaixo, com muito esforço e determinação, consegui alcançar uma posição de destaque na sociedade.
    Basta querer.

    resp.: e sonhar, já diria a Xuxa

  3. SO FALTA O YGLESIO GOSTAR DE GENTE
    ABRAÇAR OS POBRES COM O CORAÇÃO
    REFLITA VC YGLESIO NUNCA GOSTOU DE POBRE
    TE CONHEÇO HÁ 20 ANOS

  4. A bem da verdade o curso de medicina pode ser considerado “de elite” porque exige do estudante dedicação exclusiva em tempo integral por, no mínimo, 09 (nove) anos, se não estou enganado, fora a especialização que de regra, é buscada em um centro mais avançado. Some-se a isto o fato da carestia dos seus livros e da necessidade de domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira, a escolher entre inglês; francês, ou alemão para leitura de obras médicas no texto original. O custo global do curso é que o torna elitista, e não somente a dificuldade de nele ingressarem alunos negros, ou pobres, vindos de escolas públicas.

  5. Parabéns pela matéria, não se pode ter um País democrático onde a educação seja privilégio de poucos, ainda mais, se tratando da Educação Superior. As politicas públicas fazem diferenças sim, na sociedade brasileira, eu e meu irmão, oriundos de escola pública, conseguimos bolsa do PROUNI, fomos os melhores alunos em coeficiente de notas, ele foi aprovado na OAB e eu já obtive aprovação em 3 concursos. Também minhas duas filhas, uma está se formando pela UFMA, através do ENEM e a outra, por meio FIES. As politicas públicas dão oportunidade para aqueles que querem realmente estudar, renegar essas politicas é tentar destruir o sonho daqueles que não têm culpa de não nascer em berço de ouro.

  6. o Doutor poderia escrever se sua opinião sobre o programa mais médico mudou também?

  7. PREFIRO DISCORDAR UM POUCO, PRIMEIRO PORQUE NÃO VEJO DIFERENÇA NAS RAÇAS, TODOS SÃO IGUAIS, SEGUNDO PORQUE ACHO DISCRIMINAÇÃO TRATAR A POPULAÇÃO NEGRA DIFERENTE DA BRANCA. O QUE TEMOS DE MELHORAR NO BRASIL SÃO AS ESCOLAS PÚBLICAS, O ENSINO CADA VEZ QUE INVENTAM UMA MUDANÇA É PRA PIOR. ANTIGAMENTE ERAM AS MELHORES ESCOLAS , DIGO COMO EXEMPLO O NOSSO LICEU MARANHENSE, ONDE GRANDES PERSONALIDADES PASSARAM POR LA. POR ISSO SOU CONTRA AS COTAS.

  8. Desde quando 74% da população maranhense é negra hein? Va estudar rapaz. E outra: Yglesio é muito é um oportunista. Daqui uns dias tá no governo de Flávio.

    resp: ?

  9. Concordo em gênero, número e grau. Como professor de escola pública, sei o quanto existem muitos bons alunos que, sem as cotas, nem se candidatariam às vagas das universidades públicas. Poderia acrescentar que as cotas constituem o reconhecimento pelo Estado brasileiro de uma dívida histórica com as camadas mais pobres da população, que não poderiam ficar eternamente excluídas do acesso ao ensino superior.
    Em período eleitoral, cabe afirmar: com o PSDB jamais as cotas seriam aprovadas

  10. Apesar de ser uma boa pessoa ele ainda é muito imaturo nas suas decisões precipitadas. Ainda tem muito o que aprender pra idade dele, ainda vive nos 18 anos

  11. Parabéns Dr. Iglesio pela matéria.
    Também já fui contra as cotas, mas hoje sou a favor.

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