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Sobre apartidarismos e excesso de legendas

Se há um motivo forte para que a maioria dos brasileiros tivessem saído às ruas gritando por não partidarismo, foi a saturação de tantos destes partidos pelo país.

Ainda que seja radical e até anárquico querer a derrubada de todos os partidos, o excesso deles também prejudica a democracia.

Afinal, o eleitor já é confuso o suficiente para tantos cargos e tantos parlamentares.

Cria mais confusão ainda com tantos nomes de legendas surgindo, cada uma mais específica que o outro.

Provocando a segregação até mesmo ideológica…

Marco Aurélio D'Eça

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  1. ONDE SE UNEM E SE SEPARAM APARTIDÁRIOS E PARTIDÁRIOS

    “A história sempre se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”… de Karl Marx.

    Onde a maioria dos Apartidários se unem com a maioria dos Partidários; e onde a minoria dos Partidários tem acordo com os Apartidários e onde se separam Partidários e Apartidários entre si?

    Hoje me propus a escrever sobre os acontecimentos atuais. Sei que não é de fácil entendimento nem para o escritor e, é ainda, maior para o receptor. Essas dificuldades acontecem por vários motivos, mas eu apontaria dois básicos. Primeiro, na sociedade em que vivemos somos preparados para entender e viver o presente, nos preparar para o futuro e negar o passado. Segundo, as ideias contrárias entre si, que são captadas da realidade, diferente das coisas físicas, andam juntas por muito e, para muitos (pelo produto do primeiro argumento), parecem que são novas. Ademais, a coisa física que não serve mais para o momento presente eu posso guardar em um museu, já as ideias não.

    Por exemplo, a carruagem com rodas de ferro jamais voltará a conviver com os modernos automóveis e, se alguém deseja vê-la terá que recorrer ao museu. Mas, por exemplo, é comum as pessoas dizerem que todo homem é mal por natureza e outros discordam dizendo que não é, os homens nascem bom e a sociedade os transformam. Os dois acham que estão dizendo algo inédito e original, quando na verdade estão defendendo ideias já formulada no passado pelos filósofos Thomas Hobbes e Jacques Rousseau.

    No meio desta crise algo parecido está acontecendo. Veja o editorial do Jornal o Globo do dia 3 de abril de 1964, dois dias após o Golpe Militar que eliminou fisicamente vários brasileiros e brasileiras:

    Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem.

    Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.

    Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais.

    A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País. (Jornal o Globo, Edição de 3 de Abril de 1964)

    Como vemos, o Editorial no seu conteúdo exacerba o Apartidarismo, o Nacionalismo e a da defesa da Ordem e do Progresso expresso na Bandeira do Brasil. E os brasileiros que discordaram disso, ou foram mortos, expulsos do país, ou tiveram que ficar calados. Os que concordaram foram agraciados, a exemplo do dono do Jornal o Globo, Roberto Marinho, que ganhou um canal de televisão um ano depois: A REDE GLOBO.

    A partir de então, os Militares proibiram todos os partidos, verdadeiramente de esquerda, de levantarem suas bandeiras em qualquer espaço do território brasileiro. No entanto, permitiram aos partidos de direita continuarem a existir na sigla ARENA (DEM, PSDB, PPS) e, para disfarçar, aceitou uma pseudoposição com o nome de MDB (atual PMDB). No momento atual, vários elementos da época se repetem. A Rede Globo continua orientando a grande maioria como proceder nesse momento e estão restringindo a existência dos partidos verdadeiramente de esquerda.

    Outro elemento que se repete na atualidade é o debate entre Apartidários versus Partidários. Vou tentar esclarecer onde eles se unem e onde se separam, apesar de serem todos brasileiros, mesmo que alguns Apartidários tentem negar.

    Todos Apartidários (incluindo os honestos Anarquistas) e uma minoria dos Partidários (PSTU, PCO, PCB e PSOL) tem acordo que a saúde, a educação, o transporte, a moradia, etc, vão mal e dificultam a vida da maioria do povo brasileiro. Também, têm acordo que os poderes que sustentam a sociedade burguesa (Executivo, Legislativo e Judiciário) não atendem aos interesses da maioria do nosso povo. Enquanto, a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel) de conteúdo, não desaprova tal política.

    Por outro lado, a maior parte dos Apartidários (menos os Anarquistas) junto com a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel) tem acordo que as instituições da República devem ser mantidas e que precisa apenas ser REFORMADAS, o mesmo discurso de 1964, em que pese a maioria dos Partidários da época também serem defensores de Reformas, mas com outra visão.

    Outro elemento a considerar é que enquanto a maioria dos Apartidários defende a manutenção dos principais poderes da Republica e que os mesmos sejam apenas reformados, a minoria dos Apartidários (Anarquistas) defendem o fim desses poderes e inclusive, acham que devem ser destruídos fisicamente, por isso depredam os prédios aonde esses poderes existem e, assim, passam a ser chamados pela maioria dos Apartidários e Partidários de Vândalos.

    Já a minoria dos Partidários (PSTU, PCO, PCB e setores do PSOL) acha que os poderes não devem existir, mas entendem que a destruição dos seus prédios físicos de imediato não vai transformar a realidade e, além do mais esses prédios públicos podem ser usados no futuro como escolas, hospitais, etc.

    Ou seja, a grande maioria dos Apartidários e a minoria dos Partidários tem como principal divergência a maneira de se organizar, entretanto os fins são comuns, objetivam a melhoria da condição de vida da classe trabalhadora.

    Já a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel) e a minoria dos Partidários (PSTU, PSOL, PCB, PCO) possuem diferenças profundas, marcadas principalmente pelo conteúdo de classe, enquanto a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel), ainda que se difiram na tática, estão fazendo política para favorecer o Latifúndio, Banqueiros, os Empresários dos Transportes, etc, a minoria dos Partidários (PSTU, PSOL, PCB, PCO) está ao lado da Classe Trabalhadora e apontando para uma ruptura do capital e a construção do socialismo.

    Neste sentido, uma grande maioria dos Apartidários (menos os honestos Anarquistas) ao apontarem como inimigos os Partidários minoritários e os movimentos sociais, aponto de os agredirem, acabam sendo, mesmo que não queiram partidários da maioria (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel).

  2. O problema não é de falta ou excesso de partidos mas sim o sistema político que anula os partidos e privilegia o personalismo na política…

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