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Como a Justiça maranhense protelou ações contra Alessandro Martins…

As sentenças prolatadas pelo juiz José Ribamar Goulart Heluy Júnior em quatro processos envolvendo o empresário Alessandro Martins são um compêndio de como funciona – ou funcionou – os bastidores do Judiciário maranhense.

Martins foi claramente beneficiado pela Justiça – com protelações, contra-argumentações e até decisões judiciais flagrantemente “equivocadas” para dizer o mínimo – como conta Heluy Júnior em seus despachos.

O Processo nº 22212/2008 é um exemplo: Tratava-se de uma Ação de Despejo da Àurea Empreendimentos S/A, de propriedade do empresário Carlos Gaspar, contra a Euromar Automóveis e Peças LTDA. de propriedade de Martins.

A ação informava que havia se encerrado o prazo locatício do prédio da Euromar, e pedia a devolução do prédio, já que Martins não havia exercido o direito contratual de opção de prorrogação.

A princípio, a Ação foi distribuída para a 7ª Vara Civel, onde chegou a haver um despacho. Mas a Euromar pediu a remessa para a 3ª Vara Cível, alegando conexão com outro processo.

Era na 3ª Vara onde ocorriam os benefícios ao dono da Euromar. Sua defesa só não esperava que, naquela vara, estivesse despachando não o juiz titular, mas a auxiliar.

Exemplo: a juiza auxiliar da Vara, julgou procedente a ação de rescisão de contrato, decretando o despejo. Imediatamente Martins entrou com Embargo de Declaração e levou o processo da secretaria. Tinha prazo de 24 horas para devolvê-lo, mas, passados 5 dias, continuava com ele – oficiais de justiça não conseguiam intimar seus advogados.

A mesma juiza auxiliar julgou improcedente os embargos, mantendo a sentença.

O juiz titular da 3ª Vara Civel retornou à função, quando Martins entrou com novo Embargos de Declaração, com efeitos infringentes. Além de acolher os embargos, o juiz titular (a sentença de Heluy Júnior não cita o nome) determinou efeito modificativo, anulando a sentença prolatada pela juíza auxiliar (cujo nome também não é citado).

Entre outras coisas, acatou argumento de que a juíza cerceara o direito de defesa da Euromar e de Alessandro Martins.

A Áurea Empreendimentos interpôs Agravo de Instrumento. Segundo o juiz Joé Ribamar Heluy Júnior, o juiz da 3ª Vara apenas prestou esclarecimentos, sem registrar decisão nos autos.

Após a anulação da sentença, o tal juiz titular da 3ª Vara declarou-se suspeito para julgar o feito – isso dois anos depois de o processo estar tramitando – razão pela qual a ação foi redistribuída à 9ª Vara, onde, finalmente, recebeu sentença; e a Euromar foi condenada também por Litigância de Má-Fé.

– (…) Aproveito para externar a minha surpresa com este processo. Que de simples Resolução, acaba durando quase dois anos apenas em primeiro grau. (…) de tudo se faz para que uma situação permaneça indefinidamente, causando prejuízos a quem de direito. Um processo que teve sentença célere sem necessitar de qualquer meta estabelecida pelo CNJ foi anulada por embargos infringentes – diz o despacho de Heluy Júnior.

Ele também não vê motivos para a alegação de cerceamento de defesa por apte a juíza auxilair, que prolatou a primeira sentença.

– E mesmo a juzia auxiliar sentenciante tendo reconhecido a tempestividade da contestação (mesmo fora do prazo), ainda foi acusada de ter cerceado o direito a ampla defesa da requerida (Euormar). Cerceamento de Defesa é matéria a ser questionada em apelação – ensina o juiz.

E este é apenas um dos quatro processos julgados por Heluy Júnior entre junho e julho passados. Ainda há outros três.

Cujas historias também serão contadas aqui…

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Alessandro Martins terá que entregar prédio da Euromar; juiz que deu a sentença se surpreende com demora no caso

O juiz José Ribamar Goulart Heluy Júnior prolatou sentença em quatro processos envolvendo o empresário Alessandro Martins e a Áurea Empreendimentos S/A, proprietária do prédio onde funciona a Euromar.

Com as decisões, além de pagar indenização ao dono da Áurea – empresário Carlos Gaspar – Alessandro Martins terá que entregar o prédio, cujo contrato de aluguel venceu desde 2008.

As decisões de Heluy Júnior foram todas contra Martins e Euromar; e a sentença revela, inclusive, como funciona os bastidores de possíveis favorecimentos ao empresário no Judiciário.

Todos os processos estavam adormecidos há anos nas gavetas da 3ª Vara Cível da capital. Curiosamente, após este tempo inteiro – inclusive com decisões no caso, o titular da vara se declarou suspeito para julgar o feito. O processo foi transferido para a 9ª Vara, quando, finalmente, recebeu sentença.

Heluy Júnior chega a expor a surpresa com a demora no processo.

– Difícil mesmo para este juíz é entender como conseguiram amarrar este processo. Quase deram um nó para não ser desatado. Não há nestes autos qualquer motivo para que não seja de logo sentenciado – afirma Heluy Júnior.

No total, tramitavam quatro processos na 9ª Vara relacionados entre si – dois da Áurea Empreendimentos contra a Euromar e dois da Euromar contra a Áuréa empreendimentos.

No despacho, o juiz sentenciante mostrou não ter dúvidas de que as ações da Euromar tinham apenas o objetivo de protelar o processo para se manter indefinidamente no usufruto do prédio.

– É visível a litigância de má-fé (por parte de Alessadnro Martins). Reforça também minha convicção de que este processo durou tempo demais. Daqui a um mês completam dois anos que o contrato de locação expirou e a autora ainda não conseguiu reaver o seu imóvel – diz Heluy Júnior.

Histórico
A briga entre Carlos Gaspar e Alessandro Martins começou em 2006, três anos depois da assinatura do contrato de aluguel do prédio do Jaracaty. O contrato era de cinco anos, e expirava em agosto de 2008.

Em 2006, após descobrir que Martins estava sublocando o prédio – o que era proibido por contrato – Gaspar entrou na Justiça por quebra de contrato. Foi a deixa pra Martins.

Havia uma clásusula no contrato que garantia a prorrogação automática, desde que o interesse fosse manisfesado até um ano antes do vencimento.

Martins não usou esta prerrogativa e preferiu questionar a postura do locador na Justiça. Após o fim do contrato, entrou com ação contra a Áurea, confessando não ter exercido o direito de renovação, usando como argumento o primeiro processo.

Para o juíz Heluy Júnior, não há relação entre os casos. “A primeira ação não suspendeu ou interrompeu o prazo contratual para exercer o direito de opção de prorrogação de contrato”, afirma o juiz.

 Outros dois processos tramitaram na Justiça – Alessandro tentando protelar a permanência (contando com auxílio do sistema judiciário, segundo se supõe do despacho de Heluy Júnior) e Gaspar em busca de reaver seu imóvel.

Além dos R$ 2 milhões de indenização que Alessandro Martins terá que pagar, também será obrigado a deixar po prédio do Jaracaty, obrigado a fazer todos os pagamentos.

Texto alterado às 18 horas para correção de informações